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terça-feira, 8 de setembro de 2015

A Cultura do Arroz (Resumo)



Prezados amigos: Com esta publicação, damos por encerrados os trabalhos aqui neste blog sobre "A Cultura do Arroz", nosso objetivo é contribuir com uma página para Produtores, Profissionais da área, Estudantes, compilando, agregando, reunindo dados que possam facilitar o estudo e conhecimentos ora em questão, nossos agradecimentos à EMBRAPA, EPAMIG E AOS MESTRES DA HORTICULTURA.
Para melhor entendimento, publicaremos todos os slides disponíveis até o momento, procurando sempre que possível, atualizá-los e se quiserem aprofundar mais sobre algum assunto mais especifico, sugerimos no "Blog" procurar o marcador de "Arroz" e ao clicar, serás direcionados ao conjunto de publicaçôees refentes a esta cultura.
Com relação aos slideshares, para melhor visualização, clique na aba inferior do mesmo, naquele quadradinho com duas setas invertidas para visualizares em tela cheia, se por acaso tiveres interesse em fazer o download do mesmo, clique no titulo logo abaixo do slide, serás direcionado ao servidor, onde há a opção para baixar para seu o "PC".

MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR SUA VISITA, SALIENTADO QUE ESTE É UM TRABALHO DE CONTRIBUIÇÃO, SEM NENHUMA VANTAGEM ECONÔMICA, REALIZADO APENAS PELO PRAZER E AO ETERNO AMOR À AGRICULTURA.

ABRAÇOS.

Carlos Pena
Origem do Arroz
•A maioria dos autores acredita que ele seja originário da Ásia Sul-Oriental, região que inclui a China, a Índia e a Indochina. Evidências arqueológicas na China e na Índia atestam a existência do arroz há cerca de 7000 anos.
•As referências mais concretas, entretanto, remontam ao ano de 2822 a.C., cerimônias instituídas pelos imperadores da China, que consistia em semear, eles próprios, anualmente, as sementes de arroz.
•Na Europa, a introdução do arroz na cultura de seus povos se deu através dos mouros no século VIII, na Península Ibérica. A partir daí, difundiu-se nos demais países. Sete séculos depois, no final do Século XV, a cultura do arroz é introduzida, nas regiões da Lombardia, Veneto e Piemonte.
•Nos Estados Unidos informações datam a chegada do arroz em 1694, na Carolina, e em 1718, na Louisiana.
Cultura do arroz
•Arroz e sociedade
–Profunda influência cultural.
–Principal produto alimentar nas diversas culturas:
•Significado religioso e cultural.
•Culturas com lendas em que o arroz está ligado à sua própria origem.
•Cultura chinesa:
–“she fan” significa “comer” bem como “comer arroz”.
–“Fan Dian” significa “restaurante” bem como o “lugar onde o arroz é servido”.
•Cultivo do arroz
–Cultivado na actual Tailândia (7.0 anos a.C.) e mais tarde passou para a China (?) substituindo o milho.
–O cultivo molhado do arroz substituíu o cultivo seco, alterando a paisagem da Ásia das monções e exigindo esquemas de irrigação próprios e muito trabalho intensivo.
De onde vieram os alimentos?
• As culturas agrícolas originaram-se nas áreas onde viveram povos como os maias e os incas, na América, os sumerianos, na Mesopotâmia, e os chineses, no leste da Ásia. Na América do Sul, os indígenas cultivavam diversos tipos de batata. A origem desse alimento são as montanhas da atual Bolívia, onde se encontram mais de 300 tipos diferentes! Os sumerianos desenvolveram a agricultura do trigo, e os chineses, do arroz. A maior parte da população mundial, em nossos dias, tem como base alimentar pelo menos um dos produtos desenvolvidos por esses povos.
O Arroz no Brasil
•O arroz foi introduzido no Brasil pela frota de Pedro Alvares
Cabral, o arroz e presunto foram os últimos presentes deixados aos índios.
•1530 -Porém o cultivo do arroz para uso próprio só é relatado após 1530 na capitânia de São Vicente.
•Quanto ao Rio Grande do Sul, atual estado maior produtor de arroz, Auguste de Saint Hilaire, em sua viagem ao Estado, realizada nos anos de 1820/21, já fala da ocorrência de lavouras desse cereal. Outros autores citam os colonos alemães de Santa Cruz do Sul e Taquara como os introdutores da cultura no Estado, sempre em pequenas lavouras, em estilo colonial.
•Mas é, em 1904, no município de Pelotas, que surge a primeira lavoura empresarial, já então irrigada.
Arroz, o cereal mais consumido no mundo
•O arroz, cereal de maior importância alimentar no mundo.
•A China é o principal produtor mundialde arroz, com 184.070 mil toneladas, ou seja 29% do total produzido, seguida pela Índia com 21,5%.
•A produção brasileira corresponde a apenas 1,8% da produção mundial e tem se mantido próxima a 10 milhões de toneladas, alcançando em 2006 1.526.685 toneladas.
•De maneira geral, o arroz é IMPORTADO, devido ao grande volume que se destina, internamente, à alimentação humana.
•A importação de arroz, é proveniente, principalmente, do
Mercosul, sobretudo Argentina e Uruguai, cujos solos têm uma fertilidade maior, para esse produto, que o brasileiro, necessitando, portanto, de menos investimento em adubo.
Arroz, o cereal mais consumido no mundo
•Oarroz, uma gramínea do gênero Oryza, é um dos principais cereais do mundo, cultivado por cerca de 100 nações.
•Na maioria dos casos, quase toda a produção é destinada ao consumo interno destes países.
•Arroz cresce nas mais variadas condições: em altitudes inferiores ao nível do mar ou superiores a 3.0 metros.
•Existem pelo menos 9 variedades de arroz:
Vermelho; Parbolizado; Basmati; Tailandês; Selvagem; Japonês; Ráris; Agulha; Integral.
Fonte: IBGE -Produção Agrícola Minicipal Produção média de arroz do Brasil e

Arroz, o cereal mais consumido no mundo
•Oarroz é uma gramínea adaptada ao meio ambiente aquático. Esta adaptação é possível devido a presença de um tecido no colmo da planta, chamado arênquima.
•Ele possibilita a passagem do oxigênio do ar para a camada da rizosfera(sistema radicular). Graças a estas características é possível o plantio no ecossistema de várzeas (irrigado).
•Neste sistema predomina o cultivo com irrigação controlada, onde a cultura é realizada em várzeas sistematizadas, com semeadura feita em solo seco e a água aplicada na forma de banhos.
•Também pode ser realizado sob sistema de várzea úmida, sem controle de irrigação, o que normalmente é realizado por pequenos produtores.
Arroz em casca –Mundo Tabela . Produtividade nos dez principais países, 2002 a 2004 (em quilos por hectare)
Fonte dos dados: Faostat, 2006 Elaboração: Projeto Arroz Brasileiro
Arroz em casca –Mundo Área colhida nos dez principais países, 2002 a 2004 (em hectares)
Fonte dos dados: Faostat, 2006
Elaboração: Projeto Arroz Brasileiro
Arroz em casca –Mundo Produção nos dez principais países, 2002 a 2004 (em toneladas)
Fonte dos dados: Faostat, 2006 Elaboração: Projeto Arroz Brasileiro
Solos
• No Brasil, ele tem sido cultivado em áreas de pastagens degradadas pois, tem boa tolerância a solos ácidos, sendo usado como meio de recuperação desses solos.
• Historicamente, o arroz de sequeiro apresenta baixos níveis de produtividade e, sobretudo, qualidade dos grãos inferior aos produzidos pelo processo irrigado.
• Por isso, pesquisas recentes procuram produzir sementes para o cultivo de terras altas altamente produtivas e com qualidade de grão tão boa quanto a do arroz irrigado.
• Atualmente, 13% dos campos de arroz do mundo cultivam esse tipo de arroz entretanto, representam apenas 4-5% da produção total mundial. Cerca de 20% do arroz de sequeiro do mundo é cultivado na América Latina.
• No Brasil, esse tipo de cultura, concentra-se na Região de Cerrado e, apesar de ocupar cerca de 64% da área cultivada, responde por apenas 39% da produção nacional. Diferentemente do arroz irrigado que, ocupando apenas 40% da área cultivada é responsável por aproximadamente 60% da produção nacional.
Semeadura
•Semeadura direta em covas (manual) : Densidade de 5 a 8 sementes por cova.Espaçamento 30 centímetros entre fileiras e 20 centímetros entre covas. Quantidade de sementes : 50 a 60 quilos por hectare.
•Semeadura direta em linhas ( mecânica):Densidade de 90 a 100 sementes por metro linear de sulco.Espaçamento: 30 centímetros entre fileiras.Quantidade de sementes: 100 quilos por hectare.
•Semeadura a lanço ( sementes pré-germinadas):Recomendase distribuir de 100 a 120 quilos por hectare de sementes selecionadas.
•As sementes deverão ficar submersas em água entre 24 e 36horas.
Os principais sistemas de cultivo
Os principais sistemas de cultivo de arroz irrigado são:
•o sistema convencional,
•plantio direto
• pré-germinado
•e transplante de mudas.
Convencional
Neste sistema o solo precisa ser preparado em duas etapas.
a) O preparo primário consiste em operações mais profundas, normalmente realizadas com arado para o rompimento das camadas compactadas e eliminação e/ou enterro de cobertura vegetal.
b) No preparo secundário, utiliza-se grades ou plainas para nivelar, destorroar, destruir crostas superficiais, incorporar agroquímicos e eliminar plantas daninhas no inicio do seu desenvolvimento. Neste sistema, a semeadura é realizada a lanço ou em linha.
Um aspecto importante que deve ser considerado no preparo do solo é o ponto de umidade ideal.
a)Solo muito úmido sofre danos físicos na estrutura (compactação no lugar onde trafegam as rodas do trator) e tende a aderir (principalmente em solos argilosos) com maior força nos implementos agrícolas até o ponto de inviabilizar a operação desejada.
b)Solo muito seco, pode-se formar "torrões" difíceis de serem quebrados, aumentando o número de operações e, conseqüentemente, aumentará o consumo de combustível e tempo, o que encarece o processo.
Plantio Direto
Neste sistema o solo não precisa ser previamente preparado para receber a semente.
Abre-se um pequeno sulco (ou cova) de profundidade e largura suficientes para garantir uma boa cobertura e contato da semente com o solo sendo que, não mais que 25 ou 30% da superfície do solo são movimentados.
Neste sistema também deve-se realizar o entaipamento(construção da infra-estrutura de irrigação, drenagem e estradas)
Este sistema apresenta, menor custo de produção, racionalização do uso dos insumos, melhor uso do solo, menor necessidade de maquinário (menor custo).
Pré-Germinado
Este sistema caracteriza-se pela semeadura de sementes pré-germinadas em solo previamente inundado.
No preparo do solo, há necessidade de formação de lama e o nivelamento e alisamento são realizados, normalmente, com o solo inundado.
A primeira fase do preparo do solo visa trabalhar a camada superficial para a formação de lama, podendo ser realizada em solo seco com posterior inundação ou em solo já inundado.
As principais técnicas utilizadas nessa fase envolvem: · aração em solo úmido;
· aração seguida de destorroamentocom grade de disco ou enxada rotativa em solo seco, sendo a lama formada após a inundação utilizandose a enxada rotativa; · uso de enxada rotativa sem aração, preferencialmente em solo inundado, repetindo-se a operação, de modo a permitir a formação de lama sem deixar restos de plantas daninhas. Uma alternativa para a formação de lama é a utilização da roda de ferro tipo "gaiola", que oferece maior sustentação e deixa menos rastro das rodas do trator.
Pré-Germinado
A segunda fase compreende o renivelamento e o alisamento, após a formação da lama, utilizando-se pranchões de madeira, com o intuito de tornar a superfície lisa e nivelada, própria para receber a semente pré-germinada. As operações descritas nestas duas fases foram desenvolvidas principalmente para pequenas áreas. Em áreas mais extensas, vem se buscando um sistema próprio de preparo do solo, que consiste das seguintes operações: 1. Uma ou duas arações em solo seco; 2. Uma ou duas gradagens, para destorrar o solo, tendo-se o cuidado de não "pulverizá-lo", para que pequenos torrões impeçam o arraste de sementes pelo vento; 3. Aplainamento e entaipamento; 4. Inundação da área com uma lâmina de, no máximo, 10 cm, mantendo-a por, no mínimo, 15 dias antes da semeadura, para controlar o arroz vermelho; 5. Alisamento com pranchões de madeira; 6. Semeadura das sementes pré-germinadas.

Transplante de Mudas
Este método tem como principal objetivo a obtenção de sementes de alta qualidade, realizado em linhas.
Transplante de Mudas
· Produção de mudas: as mudas podem ser produzidas em caixas, com fundo perfurado, com as seguintes dimensões: 60 cm de comprimento x
30 cm de largura x 5 cm de altura (as medidas de largura e comprimento das caixas, poderão variar de acordo com o tipo de transplantadeira). O solo a ser utilizado deve ser, preferencialmente, de textura franco arenosa, baixo teor de matéria orgânica e livre de sementes nocivas.
Transplante de Mudas Após peneirado, em malha de 5 m, o solo é colocado nas caixas numa espessura de 2,5 cm. São semeadas em torno de 300 g de sementes pré-germinadas por caixa e cobertas com 1 cm de solo. Após a semeadura, as caixas são irrigadas abundantemente, empilhadas e cobertas com lona plástica por 2-4 dias, até a emergência das plântulas (esta fase é variável em função da temperatura).
Transplante de Mudas Quando as plântulas iniciam a emergência, as caixas espalhadas em um viveiro protegido contra o ataque de pássaros e ratos são irrigadas diariamente, até a fase de duas folhas (12-18 dias). Caso haja ocorrência de doenças nas plântulas, estas devem ser controladas com a aplicação de fungicidas específicos.
Transplantio:
O transplante é feito quando as mudas de 10 a 12 cm de altura (12 a 18 dias após a semeadura)
No momento de transplante, as caixas devem estar com umidade adequada, para facilitar o desempenho da transplantadeira.
Esta operação deve ser realizada com área previamente drenada.
Transplantio:
As transplantadeiras normalmente utilizadas, possuem um sistema de regulagem que permite o plantio de 3 a 10 mudas por cova, espassamento de 14 a 2 cm entre covas e 30 cm entre linhas.
O rendimento médio de uma transplantadeira com 6 linhas é em torno de 3.0 metros quadrados por hora de trabalho, sendo necessárias 110-130 caixas de mudas/ha (30- 40 kg de sementes/ha).
Transplantio:
A inundação permanente deve ser evitada por uns 2 ou 3 dias, até o pegamento das mudas.
O preparo do solo, manejo da água, controle de plantas daninhas, de pragas e doenças é idêntico ao recomendado para o sistema prégerminado.

Cultivares
As cultivares de arroz irrigado normalmente são classificadas em três tipos, conforme as características fenotípicas da planta.
Cultivares
Tipo Tradicional: as plantas pertencentes a este grupo apresentam características como porte alto, folhas longas e decumbentes, além de serem menos exigentes em relação ao seu cultivo (maior rusticidade). Os grãos podem ser curtos, médios ou longos (com casca pilosa ou não)
Cultivares
Tipo Intermediário: As plantas deste grupo apresentam porte médio, com folhas curtas, estreitas, semi-eretas e lisas. Os grãos são longos, finos e cilíndricos, apresentando excelente qualidade culinária e grande aceitação no mercado nacional e internacional.
Cultivares
Tipo Moderno: são plantas de porte baixo, folhas curtas e eretas, pilosas ou lisas.
Apresentam colmos curtos e fortes, alta capacidade de perfilhamento e elevado potencial produtivo.
Quanto ao ciclo:
•Em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul e nos demais estados produtores, o ciclo é definido como precoce (< 120 dias), médio (121-135 dias) , semi tardio (136-150 dias) e tardio (+ que 150 dias)
De que se trata?
Nos métodos de irrigação por escoamento sobre a superfície, a água é trazida por canais ou tubos até a parte mais alta da área de cultivo e daí é distribuída, escoando diretamente sobre o solo.
MODALIDADES: • Sulcos;
FAIXAS:

• Retenção em bacias de inundação.
Zonas de bacias hidrográficas onde há água abundante, solo argiloso e relevo plano.






sábado, 15 de agosto de 2015

Colheita, Pós-Colheita e Comercialização do arroz de Sequeiro



COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO ARROZ DE SEQUEIRO


As operações de colheita e pós-colheita constituem etapas importantes do processo de produção e, quando malconduzidas, acarretam perdas elevadas de grãos, comprometendo os esforços e os investimentos dedicados à cultura. A colheita pode ser realizada por três métodos: o manual, o semi-mecanizado e o mecanizado. No primeiro, as operações de corte, enleiramento, recolhimento e trilhamento são feitas manualmente; no semi-mecanizado, o corte, o enleiramento e o recolhimento das plantas são, geralmente, manuais, e o trilhamento, mecanizado; no método mecanizado, todas as operações são feitas à máquina. Qualquer que seja o método utilizado, quando o arroz é colhido muito úmido ou tardiamente, com baixo teor de umidade, a produtividade e a qualidade dos grãos são prejudicadas. Para a maioria das cultivares, o ideal é colher o arroz entre 18 a 23% de umidade. No caso da colheita manual, para evitar perdas desnecessárias, recomenda-se, adicionalmente, que o arroz cortado não permaneça enleirado por tempo desnecessário no campo e que se evite o manuseio de feixes muito volumosos de cada vez, para facilitar a operação de trilhamento. Na colheita mecânica, além da regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da colhedora, deve-se atentar para a velocidade do molinete, que deve ser suficiente apenas para puxar as plantas para dentro da máquina.



Nas operações de pós-colheita, a secagem pode ser feita por dois processos: o natural e o artificial. O natural, consiste em utilizar o calor e o vento para a secagem; o artificial, com a utilização de equipamentos (secadores) especialmente projetados para esse fim. Para evitar danos ao arroz, quando se destina ao plantio, a temperatura de secagem deve se situar entre 42º C e 45º C. Na secagem de grãos para consumo, a temperatura do ar não deve ultrapassar a 70ºC. No armazenamento, o arroz para ser melhor conservado deve estar limpo e com teor de umidade entre 13% e 14%. Nesta umidade, para a maioria das cultivares, a maturação pós-colheita, isto é, o arroz envelhecido, melhora sua qualidade culinária, ficando seus grãos mais secos e soltos após o cozimento.


MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO


Iniciou-se em meados da década de 80 um processo mundial de abertura econômica ao comércio internacional, que desencadeou transformações no modo de produção, comercialização e consumo dos bens e serviços. Na orizicultura nacional as transformações foram mais acentuadas porque, além desses elementos, ocorreram mudanças relacionadas à consolidação da preferência do consumidor pelo arroz tipo "agulhinha", e o retorno, de forma competitiva, quanto a qualidade e preço do arroz conhecido como de terras altas, produzido na região central do país. 



Para melhor entender os reflexos da nova conjuntura sobre a comercialização do arroz fez-se um breve retrospecto das mudanças tecnológicas e nos hábitos de consumo, e traçou-se um rápido perfil da cultura no país tratando, especificamente, dos atuais instrumentos de comercialização utilizados pelo governo e das estratégias adotadas pelos segmentos da cadeia produtiva. 



A produção brasileira de arroz encontra-se dispersa em todo o território nacional. Existem dois tipos principais de sistemas básicos de produção, o arroz de "terras altas" e o irrigado, permitindo, ainda, a divisão em três pólos produtivos. O primeiro é na região Sul, produzindo arroz irrigado com alta tecnologia, destacando os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; o segundo abrange as regiões Sudeste e Centro-Oeste, envolvendo São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. 



Observa-se, ainda, uma concentração em pólos de produção, de beneficiamento e de empacotamento em torno de grandes agroindústrias, que estão instaladas nas regiões produtoras, em especial no Rio Grande do Sul, principal fornecedor de arroz para os grandes centros consumidores localizados nas Regiões Sudeste e Nordeste do país mas, diante do constante crescimento da produção e qualidade do arroz produzido no Mato Grosso, aliados aos incentivos fiscais nesse estado, percebe-se uma migração das indústrias do Sul para o Centro-Oeste.



As transações no mercado do arroz são basicamente do tipo "spot". No entanto, nota-se uma preocupação em buscar mecanismos de comercialização complementares que ofereçam maior segurança na negociação do produto. Esta constatação foi baseou-se no crescente número de produtores e indústrias que estão buscando processos alternativos de comercialização, cujos resultados são de pequenos vultos, mas demonstram que há interesse em solucionar os pontos de estrangulamento da cadeia produtiva.



Atualmente o Governo Federal procura adotar uma intervenção mínima que garanta o abastecimento de arroz em quantidade suficiente para o abastecimento interno e, ao mesmo tempo, preços compatíveis com a realidade do setor.



Além dos problemas referentes à tecnologia e condução das culturas, os produtores apontam como principais entraves à comercialização do arroz de terras altas: a) a enorme variação qualitativa dos grãos, tornando o armazenamento dispendioso por requerer o acondicionamento em sacos. Isso ocorre porque os lotes que entram no armazém possuem características e classificações diferentes; b) o baixo grau de confiabilidade nas relações comerciais entre produtores e atacadistas; c) a dificuldade de acesso e/ou indisponibilidade de estrutura própria para a secagem e armazenagem do grão imediatamente após a colheita. 



O segmento atacadista reporta que a constante intervenção governamental se constitui numa dificuldade para a comercialização do arroz. No entanto, ficou claro que o mercado ainda não está preparado para funcionar sem ação governamental. 



Os produtores ainda não dispõem de tecnologias e cultivares que sejam capazes de, a curto prazo, atender as exigências do mercado, verificadas por grãos longos finos, uniformes, inteiros, de pequena pegajosidade e rapidez no cozimento. Algumas metas e ajustes tornam-se fundamentais para que se estabeleça uma maior coordenação entre o produtor e a agroindústria, a exemplo do que ocorre com a soja e outros produtos, cujos sistemas de comercialização são mais desenvolvidos. 



Como conclusões adicionais citam-se: a) o sistema de comercialização do arroz ainda é pouco desenvolvido, encontrando-se vários problemas, como o baixo entrosamento e relacionamento entre o setor atacadista/beneficiador e produtor; b) a produção das regiões produtoras mudam de destino, ou seja os mercados são volúveis; c) os fluxos são bastante variáveis; d) a maior parte do arroz de terras altas é comercializada logo após a colheita.



Manejo de Plantas Daninhas, Pragas e Doenças no Arroz de Sequeiro



MANEJO DAS PLANTAS DANINHAS


As estratégias para o manejo de plantas daninhas no arroz de terras altas, já permitem, ao orizicultor, a implantação e a condução da cultura de forma segura e eficiente. A população das plantas daninhas pode ser dividida em três componentes: as sementes ativas; as sementes inativas ou latentes; e as plantas daninhas propriamente ditas. As sementes ativas, prontas para germinar, e as inativas, ou latentes, podem vir de fontes comuns: produção das plantas e de sistemas externos. As ativas, por sua vez, podem originar sementes inativas. O manejo de plantas daninhas pode ser direto ou indireto. No direto, as atividades são direcionadas à eliminação direta das plantas daninhas por métodos químicos, mecânicos, manuais e biológicos. No manejo indireto, as atividades são direcionadas ao sistema solo/cultura e se trabalha com a relação sementes ativas/inativas. Neste caso, aumenta-se a emergência das plantas daninhas para depois controlá-las, com o uso de técnicas, como por exemplo, a aplicação antecipada de dessecantes.

A capacidade competitiva do arroz em relação às plantas daninhas dependem de fatores como emergência mais rápida da cultura em relação às invasoras e a maior taxa de crescimento inicial. Tais fatores de competição estão ligados ao manejo de solo (cultivo mínimo e plantio direto) e manejo cultural (uso de sementes, de variedades adaptadas, plantio sem falhas, espaçamento e densidades adequados, fertilidade e condições físicas do solo propícias ao arroz). Outra estratégia seria a eliminação e/ou redução do crescimento das plantas daninhas por métodos químicos, mecânicos e manuais. A aplicação de herbicidas exige o conhecimento da seletividade do produto para cada variedade de arroz e a eficiência no controle sobre as populações infestantes predominantes.


DOENÇAS E MÉTODOS DE CONTROLE

A cultura do arroz de terras altas, é afetada por doenças durante todo seu ciclo, que reduzem a produtividade e a qualidade dos grãos. A incidência e a severidade das doenças dependem da ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da suscetibilidade da cultivar. As doenças que causam prejuízos significativos na produção e qualidade dos grãos em ordem decrescente de importância são: brusone (Pyricularia grisea), mancha de grãos (Phoma sorghina e Bipolaris oryzae) e escaldadura (Monographella albescens). Os prejuízos direto e indiretos ocasionados pela brusone, nas folhas e nas panículas, são maiores em arroz de terras altas, na região Centro-Oeste, onde, pelas condições favoráveis à doença, as perdas podem chegar em até 100%. Em plantio direto, a incidência e a severidade da brusone nas folhas e nas panículas foram significativamente menores do que no plantio convencional, contudo, este sistema de plantio apresentou maior produtividade. A queima das glumelas é um dos principais componentes das mancha de grãos e pode ocasionar perdas de 12 a 30% no peso, e de 18 a 22%, no número de grãos cheios por panícula, dependendo do grau de suscetibilidade da cultivar, assim como reduzindo a qualidade após o beneficiamento, os grãos totalmente manchados apresentam gessamento e coloração escura. A escaldadura é uma enfermidade comum, principalmente em locais com temperaturas elevadas acompanhadas por períodos prolongados de orvalho ou chuvas contínuas. As perdas resultam da redução da fotossíntese e da paralisação do crescimento da plantas ocasionadas geralmente em plantios de arroz de primeiro ano em solos de cerrado e na Amazônia e região pré-amazônica, a doença é endêmica. Dentre os métodos de controle dessas doenças, a resistência genética é o principal componente do manejo integrado. A utilização de cultivares resistentes além de ser a prática mais econômica, permite racionalizar o seu uso e de outros insumos como adubação e tratamento com fungicidas. Medidas de controle integrado das doenças do arroz de terras altas, aumentam a produtividade levando em consideração os custos de produção e redução dos impactos ambientais das medidas adotadas.

PRAGAS E MÉTODOS DE CONTROLE


No Brasil, a perda anual de produção de arroz devido ao ataque de insetos em nível de lavoura é estimada em 10%. O agroecossistema arroz de terras altas no Brasil, abriga, por períodos variáveis, grande número de pequenos animais, principalmente artrópodes, que comportam-se como fitófagos ou zoófagos. 



Dentre os artrópodes fitófagos encontrados em arroz de terras altas destacam-se aqueles de grande poder daninho ocorrendo com maior freqüência e abundância nas regiões de produção e que são responsabilizados pela maior parte da perda anual, causada por esse ramo à produção de arroz. Existem vários outros fitófagos do arroz que, de forma localizada no país, podem prejudicar a produção das culturas, como por exemplo Rhammatocerus schistocercoidesNeobaridia amplitarsis no estado de Mato Grosso e Oediopalpa spp.no estado do Maranhão.


As espécies comumente envolvidas em arroz de terras altas são as seguintes: cupim-rizófagos, Procornitermes spp; percevejo-castanho, Scaptocoris castanea (Perty, 1830); percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal; percevejo-das-panículas, Oebalus poecilus (Dalas); cigarrinha-das-pastagens,Deois flavopicta Stal; pulgão-da-raiz, Rhopalosiphum rufiabdominaleSasaki; lagarta-dos-arrozais, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith); lagarta-dos-capinzais, Mocis latipes (Guenée); lagarta-dos-cereais, Pseudaletia adultera (Schaus, 1894) e P. sequax Franclemont; 1951 broca-do-colo, Elasmopalpus lignosellus (Zeller); broca-do-colmo, Diatraea saccharalis(Fabricius); pulga-da-folha, Chaetocnema sp.; cascudo-preto (bicho-bolo),Euetheola humilis, Burmeister; formigas cortadeiras,Acromyrmex spp. eAtta spp. 

Dentre as medidas de controle para o manejo adequado dessas espécies na cultura incluem práticas culturais, preservação de inimigos naturais e produtos químicos.


NORMAS GERAIS PARA O USO DE AGROTÔXICOS


As normas gerais para o uso de agrotóxicos compreendem assuntos que abrangem desde aspectos conceituais, de formulação e de preparo, até suas características fitotóxicas, toxicológicas e de risco ao meio ambiente e ao homem. 



Tais normas fornecem também a classificação dos fungicidas, herbicidas e inseticidas e a relação destes defensivos comercializados para o arroz em 2002. Adicionalmente, são descritas as medidas gerais para manuseio e uso desses produtos bem como os procedimentos a serem seguidos em caso de acidente, enfatizando as devidas precauções com o destino final das embalagens por parte do usuário e as responsabilidades do revendedor e do fabricante ao fornecer as informações juntamente com o produto.



Uso da Irrigação no Arroz de Sequeiro




Grande parte das lavouras de arroz de terras altas está localizada na Região dos Cerrados. Durante a estação chuvosa, quando é feito o cultivo, a distribuição das chuvas é irregular, sendo comum, nas áreas classificadas como de médio a alto risco climático, a ocorrência de estiagens de duas a três semanas, denominadas regionalmente "veranicos". A baixa capacidade de retenção de água dos solos, aliada à alta demanda evapotranspirativa da atmosfera durante esses períodos, faz com que os veranicos causem sérios decréscimos na produtividade do arroz. Uma das alternativas para cultivar com sucesso arroz nessas áreas é a irrigação suplementar por aspersão, utilizando o equipamento para irrigar outros cultivos na entressafra.


Um aspecto importante a ser considerado é o intervalo entre as irrigações. Existem trabalhos estabelecendo a freqüência de irrigação com base no consumo de 30% a 40% da água disponível do solo (AD). Entretanto, como a curva de retenção de água tem formas distintas para os diferentes solos, uma dada porcentagem de AD pode corresponder a diferentes tensões de água do solo. Consequentemente, os resultados expressos em porcentagem de água disponível só podem ser considerados em solos com características semelhantes. Se, por outro lado, forem expressos em tensão de água do solo, podem ser mais facilmente aplicados em outro tipo de solo. Stone et al. (1986), em trabalho conduzido em Goiânia (GO), concluíram que, aliando-se produtividade e economicidade, a irrigação do arroz por aspersão deve ser conduzida de maneira que a tensão de água do solo, medida a 15 cm de profundidade, não ultrapasse o valor de 25 kPa.

É difícil quantificar com exatidão o volume total de água necessário para irrigação quando se utiliza irrigação suplementar, uma vez que este volume depende da quantidade e distribuição das chuvas. A necessidade total de água para o cultivo do arroz de terras altas varia de 600 a 700 mm. O requerimento de água do arroz irrigado por aspersão pode ser estimado a partir de tanques evaporimétricos, com base na relação existente entre a evaporação da água medida no tanque USWB Classe A (ECA) e a evapotranspiração da cultura (ETc). A relação é obtida utilizando-se o coeficiente do tanque (Kp) e o coeficiente da cultura (Kc), de modo que: ETc = ECA x Kp x Kc.

Com os dados de evaporação do tanque de um local (média de vários anos) e com os coeficientes, pode-se estimar a demanda de água de maneira mais precisa que a simples medição do consumo de água em um local e num dado ano. 

Outra maneira de calcular a quantidade de água a ser aplicada no solo plantado com arroz é utilizando-se tensiômetro e a curva de retenção de água deste solo. Os tensiômetros são aparelhos que medem a tensão da água do solo. A curva de retenção relaciona o teor ou o conteúdo de água do solo com a força com que ela está retida por ele. É uma propriedade físico-hídrica do solo, determinada em laboratório. Os tensiômetros devem ser instalados em duas profundidades no solo, 15 cm e 30 cm, em pelo menos três locais da área plantada, quando se trata de irrigação com pivô central. Estes pontos devem corresponder a 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô, em linha reta a partir da base. O tensiômetro de 15 cm é chamado "de decisão", porque indica o momento da irrigação, enquanto o de 30 cm é chamado "de controle", porque indica se a irrigação está sendo bem-feita, sem excesso ou falta de água. A irrigação deve ser efetuada quando a média das leituras dos tensiômetros de decisão estiver em torno de 25 kPa.

O procedimento para determinação da quantidade de água a ser aplicada é o seguinte: de posse da curva de retenção de umidade, verifica-se a quanto 25 kPa correspondem em conteúdo de água no solo, dado em cm3 de água/cm3 de solo. Em seguida, calcula-se a diferença entre o conteúdo de umidade a 10 kPa (capacidade de campo) e a 25 kPa. Esta diferença, multiplicada pela profundidade de 30 cm, indicará a lâmina líquida de irrigação. Isto se deve ao fato de que a camada de solo de 0-30 cm de profundidade engloba a quase totalidade das raízes do arroz irrigado por aspersão e de que a leitura do tensiômetro de decisão representa a tensão média da água do solo nesta camada.


Introdução


O arroz constitui fonte importante de calorias e de proteínas na dieta alimentar do povo brasileiro. Entretanto, a produção deste cereal tem oscilado de ano para ano, e eventualmente não tem sido suficiente para atender o consumo interno, resultando na necessidade de importação do produto. Uma das alternativas para atender a demanda de consumo interno é o aumento da produtividade da cultura, o que pode ser alcançado com a utilização da irrigação por aspersão. A estabilidade de produção proporcionada pelo uso da irrigação por aspersão estimula o uso de práticas de maior nível tecnológico, com conseqüente aumento na produtividade.
No que se refere ao consumo de água pela cultura do arroz, de acordo com Brunini et al. (1981) e Carvalho Júnior (1987), 30% é consumido durante a fase vegetativa, 55% durante a fase reprodutiva, e 15%, na fase de maturação. Deficiências hídricas simuladas pela supressão da irrigação, em casa de vegetação, no início da emissão das panículas, com duração de quatro a oito dias, provocaram reduções da ordem de 60 a 87%, respectivamente, na produtividade de grãos (Stone et al., 1986).
O aumento da produtividade, pelo uso da irrigação por aspersão, além de ser influenciado pela precipitação pluvial no período de cultivo, varia com a cultivar utilizada. Assim, Santos (1990) e Oliveira (1994) obtiveram maiores incrementos na produtividade do arroz com a utilização da irrigação suplementar por aspersão, em comparação com o cultivo no sistema de sequeiro.
Estudos desenvolvidos por Crusciol (1995) no Município de Selvíria, MS, mostraram que a deficiência hídrica na fase vegetativa prolonga o ciclo do arroz; o uso da irrigação por aspersão até a tensão de água no solo, de 0,035 MPa, provocou acamamento de aproximadamente 15% das plantas; a densidade de 100 sementes viáveis por metro quadrado é a mais indicada para a cultivar de arroz IAC 201, quando cultivada em condições de sequeiro e de irrigação por aspersão até a tensão de água no solo de -0,035 MPa; e o espaçamento de 30 cm entre fileiras da cultivar IAC 201 proporcionou melhor produtividade de grãos, em cultivo irrigado por aspersão na tensão de água no solo até -0,035 MPa, ou em condições de sequeiro sob alta precipitação pluvial.
Nakao (1995), também no Município de Selvíria, MS, verificou que o aumento na lâmina de água causa aumento na altura das plantas e no grau de acamamento; a cultivar Carajás apresenta maior produtividade que a IAC 201, sendo de 3.992 e 3.474 kg ha-1, respectivamente; a irrigação incrementa a produção de grãos das duas cultivares utilizadas, ficando mais evidente na IAC 201.
A produção das culturas depende do fornecimento de quantidades adequadas de água. O armazenamento temporário da água no solo é importante porque permite menor freqüência de irrigação. Naturalmente, não se deve esperar que solos sob cultivo mantenham as características físicas e químicas originais, mas deve-se procurar manejá-los de modo a alterar o mínimo possível estas características, especialmente as que afetam a infiltração e retenção de água, como a porosidade e a agregação (Castro et al., 1987).
De acordo com Pedroso & Corsini (1983), no preparo convencional do solo as operações são realizadas continuamente numa mesma profundidade, podendo ocasionar em alguns tipos de solo uma camada compactada resultante da pressão do arado como também da grade sobre o solo, conhecidas como pé-de-arado e pé-de-grade. O efeito imediato da compactação é a redução do volume de macroporos, que afeta a difusão da água e dos gases e dificulta o desenvolvimento das raízes das plantas.
Estudando vários métodos de preparo de solo, Seguy et al. (1985), citados por Kluthcouski et al. (1988), verificaram que o enraizamento do arroz de sequeiro aumentou em 26% no perfil de 0 a 60 cm, quando o solo sofreu descompactação nos primeiros 30 cm. Observaram, ainda, que no preparo superficial contínuo, ou seja, compactado, 85% das raízes encontravam-se nos primeiros 10 cm, enquanto no solo descompactado foram observados apenas 51% do total.
De acordo com Oliveira et al. (1996), um período de deficiência hídrica moderada ocasionou decréscimos de 13,7% na produção de grãos e de 14,7% na de matéria seca do arroz de sequeiro. O preparo profundo do solo com arado de aiveca minimizou o efeito da deficiência hídrica, ocasionando aumentos de 28,4% na produção de grãos e de 23,9% na produção de matéria seca. Este resultado indica que, em situação de deficiência hídrica moderada (10 a 15 dias de estiagem), um preparo do solo bem feito é capaz de substituir com vantagens a irrigação suplementar.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento das cultivares de arroz de sequeiro IAC 201, Carajás e Guarani, cultivadas em diferentes modalidades de preparo de solo e lâminas de água aplicadas por aspersão, no Município de Selvíria, MS.

Material e Métodos
O trabalho foi conduzido nos anos agrícolas de 1997/98 e 1998/99, em área experimental da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP, no Município de Selvíria, MS, situado a 51º22' de longitude Oeste e 20º22' de latitude Sul, com altitude de 335 m. O solo do local é do tipo Latossolo Vermelho-Escuro, epi-eutrófico álico, textura argilosa. A precipitação média anual é de 1.370 mm, a temperatura média anual é de 23,5ºC, e a umidade relativa do ar média anual entre 70% e 80%.
Antes da instalação do experimento foram coletadas amostras de solo da área experimental na profundidade de 0,0 a 0,20 m e realizada a análise química para fins de fertilidade, de acordo com o método proposto por Raij & Quaggio (1983), apresentando os seguintes resultados: pH (CaCl2) 5,8; 22 g kg-1 de M.O.; 15 mg dm-3 de P (resina); 1, 34, 12 e 20 mmolc dm-3 de K, Ca, Mg e H+Al, respectivamente, e 70% de saturação por bases.
A capacidade de retenção de água no solo foi determinada utilizando-se uma unidade de sucção segundo Grohmann (1960) na faixa de 0,002 a 0,01 MPa, aparelhos de pressão de placa porosa recomendados por Richards & Fireman (1943), na faixa de 0,033 a 0,101 MPa, e a membrana de Richards (1947), na faixa de 0,101 a 1,52 MPa.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com um esquema fatorial 3x3x3, totalizando 27 tratamentos constituídos pela combinação de três cultivares de arroz de sequeiro (IAC 201, Carajás e Guarani), com três sistemas de preparo do solo (escarificador + grade niveladora, arado de aiveca + grade niveladora e grade pesada + grade niveladora) e três níveis de irrigação por aspersão (não-irrigado, lâmina 1 e lâmina 2), com quatro repetições.
As parcelas foram constituídas por sete linhas de 6 m de comprimento, com espaços de 0,40 m entre si, totalizando uma área de 16,8 m2, sendo a área útil constituída pelas cinco linhas centrais, desprezando-se 0,5 m em ambas as extremidades de cada linha. Deixou-se um espaço livre de 6 m entre as parcelas.
As cultivares IAC 201, Carajás e Guarani apresentam ciclo curto e são recomendadas para cultivo de sequeiro no Estado de Mato Grosso do Sul (Bazoni et al., 1995). Nas condições edafoclimáticas do Município de Selvíria, MS, as cultivares tem apresentado praticamente o mesmo número de dias da emergência ao florescimento e da emergência à colheita (Oliveira, 1994; Nakao, 1995; Arf et al., 2000). As cultivares IAC 201 e Carajás apresentam comportamento contrastante quanto à resposta à irrigação por aspersão (Oliveira, 1994).
Nos tratamentos irrigados, o fornecimento de água foi realizado por meio de um sistema fixo de irrigação convencional por aspersão com precipitação de 3,3 mm hora-1 nos aspersores. A precipitação pluvial foi determinada em um pluviômetro Ville de Paris, instalado na área experimental.
A evaporação de água (ECA) foi obtida diariamente do tanque classe A instalado no posto agrometeorológico da área experimental. O coeficiente do tanque classe A (Kp) utilizado foi o proposto por Doorenbos & Pruitt (1976), sendo que este é função da área circundante, velocidade do vento e umidade relativa do ar.
Quanto aos coeficientes da cultura (Kc), estes foram diferentes para os períodos que sucederam a emergência, levando-se em consideração o valor máximo do Kc = 1,0, referente ao período total de crescimento (Doorenbos & Kassan, 1979). A lâmina 1 de água consistiu na utilização de três coeficientes de cultura (Kc), distribuídos em quatro períodos compreendidos entre a emergência e a colheita. Na fase vegetativa, foi utilizado um valor de 0,2, na fase reprodutiva dois coeficientes de cultura (Kc), o inicial de 0,35, e o final, de 0,50 e na fase de maturação, os mesmos coeficientes, invertendo os valores. A lâmina 2 de água foi caracterizada por utilizar o dobro dos valores de Kc nos mesmos períodos da lâmina 1, e o cultivo sem irrigação contou somente com a água proveniente da chuva. O controle da irrigação foi feito inicialmente com a capacidade de armazenamento de água disponível máxima (16,8 mm), subtraindo-se sucessivamente o valor da evapotranspiração máxima até que o total de água atingia o valor da água disponível do solo (10 mm).
O preparo do solo, dependendo do tratamento, foi realizado por meio de escarificador, arado de aiveca ou grade aradora e duas gradagens niveladoras, sendo a segunda gradagem niveladora realizada às vésperas da semeadura.
Após a abertura mecanizada dos sulcos realizou-se manualmente a adubação básica com 250 kg ha-1 da fórmula 8-28-16 + 0,5% Zn + 0,3% de B. No cálculo da quantidade de fertilizante, foram levadas em consideração as características químicas do solo, a produtividade esperada, e as recomendações de Raij et al. (1996). Aplicou-se o inseticida granulado carbofuran (1.500 g ha-1 de i.a.) no sulco, fazendo-se, então, a semeadura manual (7/11/97 e 5/11/98), com o número de sementes necessário para obter um estande ao redor de 120 plantas m-2. Após a cobertura das sementes com uma camada de 4 a 5 cm de terra, aplicou-se o herbicida em pré-emergência oxadiazon (1.000 g ha-1 de i.a.). Aos 39 dias após a emergência das plantas, realizou-se a adubação de cobertura com 30 kg ha-1 de N, na forma de sulfato de amônio.
Quando aproximadamente 90% das panículas apresentavam grãos com coloração típica de maduros, realizou-se a colheita das linhas centrais, manualmente. Em seguida, foi realizada a secagem ao sol, durante um a dois dias, e posteriormente, a trilha mecânica em trilhadeira de parcela.
No presente trabalho foram realizadas as seguintes avaliações: emergência das plântulas; número de dias transcorridos entre a semeadura e a emergência da maioria das plântulas (ponto de agulhamento); floração e ciclo: número de dias transcorridos entre a emergência e a floração de 50% das plantas das parcelas, e o número de dias transcorridos entre a emergência e a maturação de 90% das panículas da parcela; altura das plantas: distância média (cm) compreendida desde a superfície do solo até a extremidade superior da panícula mais alta, determinada em 10 plantas ao acaso, na área de cada parcela, durante o estádio de grãos até a forma pastosa; grau de acamamento: obtido através de observações visuais na fase de maturação, utilizando-se a seguinte escala de notas: 0: sem acamamento; 1: até 5%; 2: 5 a 25%; 3: 25 a 50%; 4: 50 a 75%; 5: 75 a 100% de plantas acamadas; número de panículas por metro quadrado: número de panículas contidas em 1,0 m de fileira de plantas na área útil das parcelas, posteriormente convertido a número de panículas m-2; massa de 100 grãos: pesagem de duas amostras coletadas ao acaso de 100 grãos de cada parcela (13% base úmida); produção de grãos: pesagem dos grãos em casca, provenientes da área útil das parcelas, corrigindo-se a umidade para 13% e convertendo em kg ha-1; peso hectolítrico: determinado em balança especial para peso hectolítrico com teor de água dos grãos corrigidos para 13% (base úmida), utilizando-se duas amostras por parcela.

Resultados e Discussão
No ano agrícola 1997/98 houve menor precipitação mensal, a partir do mês de dezembro, do que no ano agrícola 1998/99 (Figura 1). O período de florescimento no primeiro ano de cultivo ocorreu de 22 a 31 de janeiro nos tratamentos irrigados, e de 2 a 6 de fevereiro no tratamento de sequeiro, período esse de baixa precipitação e também agravado pela falta de água no período de 3 a 11 dias antes do florescimento, onde a planta apresenta maior suscetibilidade à falta de água. O florescimento no segundo ano de cultivo ocorreu de 21 a 26 de janeiro em todos os tratamentos, e no período de maior sensibilidade, antes do florescimento, houve boa disponibilidade de água para a cultura.


Cultivares IAC 201, Carajás e Guarani apresentaram, dentro de cada parâmetro estudado (preparo do solo ou lâmina de água), número de dias para florescimento e ciclo muito próximos, concordando com Oliveira (1994), Nakao (1995) e Arf et al. (2000) (Tabela 1). A variação no número de dias para florescimento e colheita ocorreu principalmente em função das lâminas de água. Onde não foi utilizada a irrigação, os tratamentos apresentaram maior número de dias para florescimento e colheita, principalmente no primeiro ano de cultivo (1997/98), em razão da quantidade e distribuição de chuvas, que foi inferior ao segundo ano de cultivo (1998/99). Os resultados concordam com os obtidos por Crusciol (1995), que verificou que a deficiência hídrica na fase vegetativa prolonga o ciclo do arroz.


Quanto à altura das plantas, observa-se que houve efeito significativo para cultivares, preparo do solo e lâminas de água no primeiro ano de cultivo (1997/98) (Tabela 2). Já no segundo ano (1998/99), houve efeito significativo apenas para cultivares. A cultivar Guarani se destacou das demais, apresentando altura das plantas superior a 110 cm, nos dois anos de experimentação. No primeiro ano de cultivo, o preparo do solo com grade aradora propiciou a obtenção de plantas mais baixas do que o preparo realizado com arado de aiveca e escarificador. O tratamento sem irrigação apresentou a menor altura de plantas, e a lâmina 2 apresentou o maior desenvolvimento das plantas, concordando com Nakao (1995), que também obteve aumento na altura das plantas com o aumento nas lâminas de água.


Quanto ao acamamento das plantas, no primeiro ano de cultivo houve efeito significativo para cultivar, preparo do solo, lâminas de água e das interações cultivar x preparo do solo, cultivar x lâminas de água e preparo do solo x lâminas de água, enquanto no segundo ano (1998/99) houve apenas efeito significativo para cultivares, onde a cultivar Guarani apresentou maior grau de acamamento (50 a 75% de plantas acamadas) seguida pela IAC 201 e Carajás (1 a 5% de plantas acamadas) (Tabela 2). Os desdobramentos das interações significativas da análise de variância referente ao primeiro ano de cultivo (1997/98) estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. A cultivar Carajás apresentou o menor grau de acamamento nas diferentes modalidades de preparo do solo e as cultivares IAC 201 e Guarani, apresentaram o menor grau de acamamento no preparo realizado com grade aradora (Tabela 3). Na ausência de irrigação, a cultivar Carajás e a IAC 201 apresentaram o menor grau de acamamento, e a cultivar Carajás praticamente nenhum acamamento nas diferentes lâminas de água utilizadas (Tabela 4). A cultivar IAC 201 apresentou menor acamamento no tratamento sem irrigação, comparativamente aos tratamentos irrigados. Já a cultivar Guarani, apresentou acamamento crescente do tratamento não-irrigado ao tratamento lâmina 2. Arf (1993) também observou que a cultivar Guarani em cultivo irrigado por aspersão apresentou alto índice de acamamento, comparativamente às cultivares Carajás, Rio Paranaíba e Araguaia. Não houve diferenças entre as modalidades de preparo de solo na ausência de irrigação, já nos tratamentos irrigados o preparo com grade propiciou a obtenção dos menores índices de acamamento (Tabela 4). Quanto às lâminas de água dentro de preparo do solo, a lâmina 2 propiciou os maiores índices de acamamento, no preparo com grade.


Em relação ao número de panículas por metro quadrado, observa-se que as cultivares Carajás e Guarani apresentaram maiores valores do que a cultivar IAC 201, nos dois anos de experimentação (Tabela 2). Além disso, no ano agrícola 1997/98, em que houve a ocorrência de veranico, o tratamento sem irrigação propiciou a obtenção de menor número de panículas em relação ao tratamento irrigado com a lâmina 2.
Quanto à massa de 100 grãos, verifica-se que a cultivar Guarani apresentou o maior valor, seguida pela Carajás e IAC 201, que apresentaram o menor valor nos dois anos agrícolas (Tabela 5). Esse comportamento era esperado, já que a IAC 201 apresenta grãos longos e finos, do tipo agulhinha. Os resultados obtidos são concordantes com Arf et al. (2000). No que se refere ao preparo de solo, observa-se que no segundo ano de cultivo o preparo realizado com arado de aiveca propiciou a obtenção de menor valor para a massa de 100 grãos, comparativamente ao realizado com grade aradora. Talvez a explicação possa ser dada pelo número de grãos cheios por panícula em que teve o maior valor no preparo com arado de aiveca. Quanto às lâminas de água, o efeito foi marcante no primeiro ano de cultivo, no qual houve veranico na fase de florescimento e início do enchimento dos grãos. A maior massa de 100 grãos foi obtida na lâmina 2, seguida pela lâmina 1 e sem irrigação. Apesar de a massa de 100 grãos se constituir em caráter varietal bastante estável (Yoshida, 1981), houve influência do preparo do solo e das lâminas de água utilizadas.



Quanto ao peso hectolítrico, verifica-se que a cultivar Carajás apresentou maior peso hectolítrico, e as cultivares Guarani e IAC 201 apresentaram valores semelhantes nos dois anos de cultivo, concordando com Arf et al. (2000) (Tabela 5). Em relação ao preparo do solo, houve efeito significativo apenas no primeiro ano de cultivo, onde o escarificador propiciou a obtenção do maior valor de peso hectolítrico. No que se refere às lâminas de água, o resultado obtido nos dois anos de cultivo mostra que houve destaque para o tratamento em que se utilizou a lâmina 2.
A cultivar Carajás destacou-se nos dois anos de cultivo, em relação à produção de grãos (Tabela 5). Os resultados obtidos são concordantes com Nakao (1995) e Arf et al. (2000), que obtiveram maior produtividade na cultivar Carajás do que na IAC 201. Quanto ao preparo do solo, houve destaque no primeiro ano de cultivo para o arado de aiveca e escarificador, o que pode ser explicado pelo revolvimento mais profundo do solo nesses sistemas de preparo, permitindo que as plantas obtivessem água em camadas mais profundas uma vez que houve veranico durante a fase de florescimento e início de enchimento de grãos. Já no segundo ano de cultivo, como houve boa distribuição de chuvas, não houve diferenças significativas entre as modalidades de preparo utilizadas.
Quanto às lâminas de água, o efeito dos tratamentos foi bem marcante no primeiro ano de cultivo, pelas razões acima mencionadas (Tabela 5). As lâminas 1 e 2 propiciaram incrementos de produção de 113 e 177%, respectivamente, em relação ao tratamento que recebeu água somente das chuvas. Oliveira (1994), também no Município de Selvíria, MS, obteve incrementos significativos na produção de grãos, porém variáveis entre as cultivares estudadas, sendo de 38, 75, 79 e 133% nas cultivares Carajás, Araguaia, Caiapó e IAC 201, respectivamente. Santos (1990) obteve incremento de 90 e 35%, respectivamente, para as cultivares Araguaia e Guarani, quando na presença de irrigação por aspersão em comparação com o sistema de sequeiro.
O desdobramento da interação preparo do solo x lâmina de água referente à produção de grãos no primeiro ano de cultivo (1997/98) está apresentado na Tabela 6. Pelos dados de preparo de solo dentro de lâminas de água, verifica-se que no tratamento sem irrigação houve destaque do preparo realizado com escarificador. Já nas lâminas 1 e 2 o destaque foi para o preparo realizado com arado de aiveca e escarificador, que na média apresentaram produtividade de aproximadamente 19% superior ao preparo realizado com grade aradora. Talvez a explicação para o fato seja o maior volume de solo explorado pelo sistema radicular das plantas, no preparo realizado com arado de aiveca e escarificador em relação à grade aradora. Seguy et al. (1985), citados por Kluthcouski et al. (1988), verificaram que o enraizamento do arroz de sequeiro aumentou em 26% no perfil de 0 a 60 cm, quando o solo sofreu descompactação nos primeiros 30 cm. Observaram, ainda, que no preparo superficial contínuo, ou seja, compactado, que 85% das raízes encontravam-se nos primeiros 10 cm, enquanto no solo descompactado foram observados apenas 51% do total. Quanto às lâminas de água dentro de preparo de solo, pode-se observar que em todas as modalidades de preparo do solo a produção de grãos é crescente, do tratamento de sequeiro ao tratamento onde se utilizou a lâmina 2.


Conclusões
1. O uso da irrigação suplementar por aspersão reduz o número de dias para florescimento e o ciclo da cultura em ano com ocorrência de veranico.
2. A cultivar Carajás apresenta maior produtividade de grãos e praticamente ausência de acamamento em relação às cultivares IAC 201 e Guarani, sob condições de irrigação por aspersão.
3. O preparo do solo com arado de aiveca ou escarificador propiciam a obtenção de maior produtividade de grãos em relação ao preparo com grade aradora em ano com presença de veranico.
4. A irrigação suplementar por aspersão propicia incremento de até 177% na produção de grãos de arroz, em ano com ocorrência de veranico.



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