sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Doenças da Erva-Mate



A ocorrência de doenças da erva-mate vem aumentando em função de sua domesticação, do aumento da área plantada e das práticas de manejo utilizadas. Estes problemas são mais graves nos viveiros de mudas, porque neste ambiente as condições são bastante favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

As principais doenças são: tombamento ou damping off, mancha-da-folha ou pinta-preta, antracnose. Consideradas de importância secundária, ocorrem podridão-das-raízes, cercosporiose, nematoides, além de outras como fumagina, fuligem, podridão-do-tronco, e queda-de-folhas.

Antracnose
Caracterização da doença e danos
Causada por Colletotrichum sp., é uma doença que ocorre principalmente nas brotações jovens, ápices, folhas e ramos jovens.

Nas sementeiras, geralmente, ocorre a queima do ápice das plântulas, impedindo seu crescimento e provocando seu perfilhamento. Os principais sintomas são manchas escuras, irregulares, incidindo principalmente nas bordas e causando deformações nas folhas jovens.

As condições favoráveis ao desenvolvimento dessa doença são o sombreamento excessivo e a umidade excessiva. Danos causados por insetos e geadas também favorecem a instalação do fungo.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção de plântulas sadias, desinfestação do substrato e dos recipientes e adubação nitrogenada adequada.

Cercosporiose
Caracterização da doença e danos
Causada por Cercospora sp., é considerada uma doença secundária por sua baixa incidência, sua disseminação bastante lenta e por causar poucos danos à cultura.
Os sintomas são o surgimento de manchas arredondadas, pequenas, bem delimitadas, acinzentadas, com halo escuro, apresentando pequenas pontuações. Essas manchas são mais frequentes em folhas adultas (Figura 1).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 1. Manchas foliares provocadas pelo fungo Cercospora sp.

A condição favorável para o seu aparecimento é o estresse da muda. É muito comum observar tais sintomas em plantas que passaram do ponto de plantio e em mudas pouco desenvolvidas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de seleção e descarte das mudas afetadas e do manejo adequado do viveiro.

Fuligem
Caracterização da doença e danos
Causada por Asterina mate, é uma doença de pouca importância econômica, pelos danos causados.
Os sintomas são observados na face ventral das folhas, onde ocorrem manchas superficiais escuras de forma circular que podem se justapor, cobrindo totalmente a folha (Figura 2).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 2. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fuligem.

Controle
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença e seu controle cultural são os mesmos da fumagina.

Fumagina
Caracterização da doença e danos
Causada por Meliola sp. e Capnodium sp., que colonizam superficialmente folhas e ramos, é uma doença que não apresenta grande importância econômica na cultura da erva-mate.
Caracteriza-se pela presença de uma crosta espessa e negra cobrindo total ou parcialmente a parte dorsal das folhas e ramos da erveira, prejudicando sua respiração, transpiração e fotossíntese, podendo levá-la à morte. Geralmente, formigas, cochonilhas e pulgões estão associados a esses sintomas (Figura 3).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 3. Folhas de erva-mate apresentando sintomas de fumagina.

As condições favoráveis para o seu aparecimento são ambientes de extrema umidade em ervais muito densos e/ou sombreados e plantas estressadas.

Controle
O controle cultural é feito por meio de melhoria na aeração e ventilação do erval, aumento do espaçamento de plantio, podas adequadas e limpeza da área.

Nematoide
Caracterização da doença e danos
Principalmente os do gênero Meloidogyne podem ocorrer em viveiros de erva-mate, onde não é utilizada a prática de desinfestação do substrato.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 4. Nematoides em canteiro de erva-mate.

Os sintomas iniciais são a paralisação do crescimento das mudas e o amarelecimento das folhas, ocorrendo, às vezes, murcha e secamento a partir do ápice da muda. Nas raízes, o aparecimento de galhas revela a presença de nematoides.
As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a utilização de substrato não desinfestado, a reutilização de substrato e o estresse da muda ocasionado por excesso de tempo no viveiro.

Controle
O controle cultural é feito por meio da desinfestação do substato e da eliminação de mudas atacadas.

Pinta-preta
Caracterização da doença e danos
É a principal doença da erva-mate, sendo causada pelo fungo Cylindrocladium spathulatum.

Os sintomas aparecem como lesões foliares escuras, arredondadas, às vezes concêntricas, no interior ou nas bordas do limbo. Essas manchas podem alcançar até 2 cm de diâmetro e apresentar abundante frutificação esbranquiçada na face ventral da folha (Figura 5). Ela ocorre basicamente em folhas adultas, provocando sua queda prematura.

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 5. Sintoma típico da pinta-preta na folha da erva-mate.

Os substratos e as instalações infestadas são responsáveis pelas infecções primárias. As plantações próximas e a produção contínua de mudas são as principais causas da disseminação e da multiplicação da doença ao longo do ano. Fatores como excesso de umidade e de sombreamento contribuem para o agravamento da doença. 

Controle
O controle cultural é feito por meio da seleção de plântulas sadias, descartando as mudas atacadas, por meio da desinfestação do substrato e dos recipientes, sempre que se inicia nova produção de mudas. A melhoria das condições de luminosidade e umidade e a manutenção da limpeza nas embalagens contribuem para o controle da doença. Todavia, a coleta das folhas caídas é uma prática muito eficiente para evitar a disseminação da doença no viveiro.

Podridão das raízes
Caracterização da doença e danos
Tanto pode ocorrer nas sementeiras como nas mudas repicadas. Os principais fungos associados são Fusarium sp., Rhizoctonia sp. e Phytium sp.
Os sintomas manifestam-se na parte aérea, na forma de manchas foliares, amarelecimento, queda de folhas, redução do crescimento, murcha e secamento das mudas. Esses sintomas podem ser confundidos com os provocados por repicagem inadequada das mudas ou pela falta de água nos canteiros (Figura 6).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 6. Seca das folhas causada pela podridão-das-raízes.

As condições favoráveis ao aparecimento dessa doença são umidade elevada, composição física do substrato e contaminação de recipientes das mudas e do próprio substrato.

Controle
O controle cultural é feito por meio do manejo correto da água, eliminação das plântulas com sintomas e desinfestação do substrato com água quente.

Podridão-do-tronco
Caracterização da doença e danos
A podridão do tronco da erva-mate é causada por fungos basidiomicetos.
Os ramos podados não emitem brotações, secam, apodrecem e, muitas vezes, matam a planta (Figura 7). Esses sintomas são causados pela dificuldade de cicatrização dos ferimentos causados pela poda, que facilita a penetração de fungos oportunistas. Geralmente, na base do tronco, aparecem frutificações típicas de basidiomicetos (cogumelos).

Foto: Albino Grigoletti Júnior
Figura 7. Podridão-do-tronco.

Essa doença também está associada ao sombreamento excessivo da planta com elevada umidade.
As condições favoráveis ao seu surgimento são as podas drásticas sucessivas e umidade elevada.

Controle
Faz-se o controle cultural evitando podas drásticas, que expõem o tronco aos raios solares, os quais causam rachaduras na casca, permitindo a entrada de patógenos.
Para o controle, aconselha-se pincelar a área cortada com produto impermeabilizante.

Queda-de-folhas
Caracterização da doença e danos
As causas da queda anormal de folhas ainda não estão totalmente esclarecidas.

Os sintomas são variados, podendo ocorrer o amarelecimento e posterior queda das folhas (Figura 8), das totalmente verdes e a das verdes manchadas. Neste caso, observa-se a presença de Cylindrocladium spathulatum, o mesmo que provoca a queda das folhas no viveiro.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 8. Queda-de-folhas em erva-mate.

As condições favoráveis ao surgimento dessa doença são a compactação do solo, as estiagens prolongadas e longos períodos de precipitação pluviométrica.
Há, todavia, situações em que não há explicação com base nos fatores citados.

Controle
O controle é feito com o emprego de cobertura morta e subsolagem dos solos compactados.

Tombamento
Caracterização da doença e danos
É o principal problema fitossanitário das sementeiras, podendo ocorrer na fase de pré ou pós-emergência das plântulas. Os principais fungos associados são: Botrytis sp, Cylindrocladium spathulatum, Rhizoctonia sp., Fusarium sp. e Pythium sp.
Quando o tombamento ocorre na pré-emergência das plântulas, a semente não germina ou até inicia a germinação, mas não chega a emergir. Na pós-emergência, ocorre o estrangulamento da plântula na região do colo, provocando seu tombamento, fato que dá origem ao nome da doença. Esses sintomas geralmente ocorrem em reboleiras, isto porque a doença se expande em todas as direções, formando áreas mais ou menos circulares (Figura 9).

Foto: Albino Grigoletti Júnior

Figura 9. Sintoma de tombamento de mudas de erva-mate em sementeira.

Os principais fatores que favorecem a ocorrência da doença são sementes e substrato contaminados, alta densidade de semeadura e excesso de umidade, de nitrogênio e de sombreamento às mudas.
A presença de restos da polpa dos frutos e outras impurezas na semente favorece o aparecimento de patógenos, inviabilizando-as ou provocando doença nas plântulas. Ocorre um agravamento da doença, quando esses fatores estão associados ao excesso d`água, ao estiolamento provocado pelo sombreamento demasiado e à excessiva adubação nitrogenada.

Controle
O controle cultural é feito por meio da melhoria das condições de semeadura, irrigação e drenagem. O viveiro deve contar, em qualquer fase, com um sistema de drenagem e um substrato que promovam o escoamento rápido do excesso de água. Deve-se evitar o sombreamento excessivo, começando com 70% de sombra na sementeira e, no viveiro, ir diminuindo a sombra para 50% e, gradativamente, até a muda ficar sob pleno sol, com cerca de um ano de idade. Com relação à adubação, o substrato deve ter baixo teor de matéria orgânica, evitando-se altas doses de nitrogênio no substrato e na sementeira. A desinfestação do substrato pode ser feita com produtos químicos ou com água fervente. Deve-se semear até 250 g de sementes por m², para que as plântulas não fiquem adensadas, favorecendo o aparecimento da doença. Deve-se erradicar as plântulas mortas e as sadias nas bordas da reboleira, após o aparecimento da doença.



domingo, 14 de outubro de 2018

Condução e poda na Erva-Mate



Condução e poda

A capacidade de produção do erval depende, dentre outros fatores, da densidade de plantio, da formação da copa e da altura das plantas, que estão sob o controle do produtor. 

Deve-se fazer a poda de formação no período em que a planta está desenvolvendo a sua estrutura de copa, com o objetivo de orientar o seu crescimento e obter um caule múltiplo. Isto é feito para garantir que, futuramente, a erveira ocupe o espaço que lhe for necessário, sem competir com as vizinhas, captando melhor a luz solar. A poda de produção é um pouco diferente da poda de frutificação, feita em macieiras e pessegueiros, que visa à distribuição e à renovação de ramos frutíferos, mediante raleio e encurtamento.

As podas de limpeza e as podas de renovação também são muito importantes.

Poda de formação

A poda de formação deve ser iniciada dois anos após o plantio e encerrada, no máximo, com três anos de idade. Em alguns casos, o início da poda poderá ser feito já no primeiro ano, mas apenas nas plantas que apresentarem bom desenvolvimento, com tecido marrom a 20 cm de altura do solo (Figura 1).

Recomenda-se, como época para a realização desta poda, os meses de agosto e setembro, podendo-se fazer um repasse nos meses de janeiro ou fevereiro. A poda de formação pode ser feita, inclusive, no viveiro, desde que o “desponte” seja efetuado 30 dias antes do plantio, cortando-se a parte aérea numa altura de 10 cm, e deixando de três a quatro folhas remanescentes.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Erveira com um ano de campo, apta para receber a poda de formação. Fazenda Vila Nova de Neiverth Filhos Ltda., Ivaí, PR.

Poda de limpeza 

A poda de limpeza, quando efetuada no início de abril, juntamente com a limpeza dos ramos verdes da parte mais baixa da planta e que estão dominados, poderá evitar a perda do baixeiro (Figura 2), devido à queda de folhas. Em plantas novas, pode-se fazer a poda de limpeza no período de julho a agosto.

Esta modalidade de poda é muito importante para evitar ramos doentes.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 2. Poda de limpeza e colheita do baixeiro. Fazenda Vila Nova, Ivaí, PR.

Poda de produção 

Poda tradicional 
O método tradicional de poda de ervais nativos, normalmente utilizando facão, quando aplicado aos ervais plantados, resultam em plantas muito altas, com ramos muito curtos e com poucas folhas (Figura 3a).

Mesmo as variações feitas para a melhoria da poda tradicional, deixando-se um pouco mais de folhas (Figura 3b), tem se mostrado ineficiente, principalmente pela dificuldade em se controlar a altura da planta. 

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 3a. Poda tradicional. Mato Leitão, RS.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 3b. Poda tradicional deixando-se mais folhas.

Poda tipo mesa 

É a poda de colheita feita por cortes sistemáticos dos ramos a serem colhidos, anual ou bienalmente, a uma distância de 10 cm a 15 cm do ponto de inserção (na primeira poda de colheita) e do último corte (nas podas subsequentes), sem a preocupação em abrir o centro da planta. Desta forma, na parte central, situam-se a maioria dos ramos que crescem retos e para cima.

Assim, a altura da planta tende a aumentar cerca de 10 cm a 15 cm a cada poda e a manter o crescimento totalmente reto (Figura 4).

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 4. Poda tipo mesa. Fazenda Vila Nova, Ivaí, PR.

Poda tipo vaso 

Neste tipo, faz-se a poda de desponte a 20 cm do solo, normalmente aos dois anos de idade, para que essa ramifique e forme os ramos mestres. No terceiro ano, cada ramo mestre fica com uma estrutura formada por um eixo e galhos laterais crescendo para fora.

Entre os meses de abril e maio, deve-se proceder à retirada manual de ramos finos existentes no interior da copa, com a limpeza de ramos verdes excedentes e, ao final do inverno, retirar os ramos remanescentes.

Durante a poda de colheita, deve-se remover, além dos ramos maduros, aqueles que crescerem voltados para o interior da copa e as forquilhas fechadas.

Apesar da prática de alguns produtores, não se recomenda a condução dos ramos mestres, forçando a abertura em cerca de 45 graus com o tronco principal (líder), amarrando os ramos com fitas de náilon ou barbante a estacas fincadas no chão, ou à própria planta, como se faz na poda de frutíferas. Todavia, é fundamental selecionar os ramos mestres muito bem, a fim de formarem ângulos abertos e ficarem bem posicionados no plano horizontal.

Com este tipo de poda, a copa terá o topo mais largo do que a base, assumindo a forma de um sino invertido.

Deve-se limitar o crescimento em altura e diâmetro das plantas para que não haja concorrência entre elas. O volume e a forma da copa devem ser controlados, cortando-se os ramos mestres e os submestres, quando necessário, sempre acima de ramificações que se dirijam para fora do centro da planta, visando à orientação da direção do crescimento das futuras brotações de tais ramos. 

A planta deve ser manejada para chegar a 1,70 m de altura com 2,5 m de largura de copa, a 1,3 m do solo.

Poda de renovação

No Brasil, a quantidade de ervais degradados é muito grande, em decorrência de sucessivas colheitas, de envelhecimento natural, de podas mal feitas que expõem a planta ao sol em demasia, e devido à ocorrência de pragas e doenças. Nestes ervais, recomenda-se a retirada dos ramos piores ou até mesmo a renovação total das erveiras.

Esta poda também é recomendada para plantas em que a altura já chegou a um ponto que dificulta a colheita, podendo ocasionar acidentes, além do encarecimento da colheita.

O período mais indicado compreende os meses de julho a agosto, quando a atividade fisiológica da planta é baixa. Deve-se proceder de acordo com a situação das plantas, realizando-se a poda de forma gradual ou sistemática. 

Renovação gradual

Neste caso, selecionam-se ramos que deverão ser podados a uma altura de 15 cm a 20 cm do solo, deixando os demais para os anos posteriores. A programação de poda deve ser feita de forma que, em três ou quatro anos, toda planta tenha sido renovada.

Renovação sistemática

Neste tipo de poda, dependendo da situação, pode-se efetuar a recepa a 10 cm do solo, em bizel, com a parte mais alta voltada para leste.



quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Plantas Daninhas na Erva-Mate



É normal pensar que a erva-mate, por ser uma espécie nativa, suporta bem a concorrência com as plantas espontâneas. Mas isto não é verdade, pois a erva-mate é uma das culturas mais suscetíveis à competição com essas plantas. 

As erveiras devem estar protegidas da concorrência com o mato, no período de outubro a abril. Para isso, recomenda-se o uso de cobertura morta na projeção da copa da erveira.

Métodos de controle mecânicos
O uso de roçadeiras com pequenos tratores é recomendável ao controle de plantas espontâneas desde que bem conduzidos. Caso contrário, eles podem provocar grandes perdas de solo. O uso indiscriminado de grades tracionadas por tratores pesados e em épocas inapropriadas, por exemplo, logo após as chuvas, tem sido um dos maiores fatores que causam a diminuição da produtividade dos ervais plantados.

Métodos de controle culturais
Deve-se utilizar a cobertura verde (no inverno: aveia, ervilhaca, nabo forrageiro; no verão: soja comum, feijão-de-porco), rotações de cultivo (trigo/soja – aveia- preta/soja; trigo/soja – aveia preta + ervilhaca/soja; aveia preta + ervilhaca/soja – aveia preta + ervilhaca/milho) nas entrelinhas e cobertura morta (restos de mato das entrelinhas; restos de palha de milho e de feijão; bagaços e palha de cana-de-açúcar; podas de ramos de timbó – Ateleia glazioveana; capim-elefante cortado e fenado).

Métodos de controle químicos
O uso de produtos químicos para o controle de plantas espontâneas não é permitido. Esta prática é proibida por lei, pois não há registros de produtos para utilização em plantas espontâneas nos ervais.





sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Recuperação de ervais degradados (Erva-Mate)



Recuperação de ervais degradados

A recuperação de um erval degradado tem que ser analisada de forma conjuntural. 

A idade não pode ser o fator único limitante, pois há ervais com 20 anos produzindo ainda muito bem, e há ervais com 14 anos em pleno declínio. Da mesma forma, densidade e rendimento são fatores que não podem ser analisados isoladamente. Há ervais apresentando bom estado fitossanitário, mas que não produzem quase nada. Pode-se encontrar ervais com 3% a 5% de matéria orgânica no solo e que não apresentam bom desempenho. Até mesmo o número de falhas não define, por si só, um erval degradado, pois há ervais com 10% de falhas e que não produzem bem, enquanto há outros com 50% de falhas e que produzem muito bem. 

Não se deve concluir que um erval com produção inferior a 2.200 kg por hectare ao ano deva ser eliminado só por esse fato, pois ele poderá ser recuperado vantajosamente, no aspecto econômico. Da mesma forma, não se pode concluir que um erval produzindo 20 mil kg por hectare ao ano não possa ser melhorado.

 Há produtores que não acham interessante recuperar ervais antigos, preferindo plantar outro, devido ao custo de recuperação ser maior que o de implantação. 

 Outro problema que faz com que os produtores relutem em recuperar ervais é a necessidade de adotar um manejo diferenciado entre as plantas adultas que estão se recuperando e as plantas que estão sendo implantadas. Neste caso, necessita-se de mais mão de obra. Muitas vezes, recuperar uma planta pode ter um custo quatro vezes maior que aquele de plantá-la novamente. Todavia, se não houver solos disponíveis na propriedade para plantar um erval novo, a única opção é renovar.

 O capim-elefante deve ser utilizado sempre que se estiver recuperando um erval sobre solo já bastante degradado, uma vez que o mesmo retira potássio das camadas inferiores, aumenta o teor de magnésio e de cálcio, aumenta a matéria orgânica para 4% a 5% e aumenta o N pela associação com fixadores livres de N.

Esta gramínea pode servir, também, como produtora de biomassa que, após cortada, pode servir como cobertura morta para as erveiras.

O capim elefante deve ser mantido sempre roçado, pois, se deixá-lo produzir e disseminar suas sementes, ele se tornará uma planta daninha potencial. Outro problema é o alto custo de sua implantação e manejo.

Outra atividade envolvida na recuperação de ervais é a poda de renovação que pode ser do tipo rebaixamento total ou gradual. 

Normalmente, a planta gasta muita energia para se recuperar do rebaixamento total e, por isso, no primeiro ano, reage bem, mas depois sofre uma queda na sua produção. É necessário, antes do rebaixamento, manter a erveira livre de plantas daninhas e adubada, de acordo com as recomendações da assistência técnica.

Cobertura do solo

O uso de cobertura de solo é de fundamental importância para o plantio de erva-mate. Ele exerce várias funções no sistema de plantio: proteção do solo, adubação verde e controle de plantas daninhas.

O solo pode receber coberturas vivas ou coberturas mortas. Ao longo do ano, utilizam-se coberturas vivas de inverno e coberturas vivas de verão. Para o inverno, recomenda-se a aveia-preta ou a ervilhaca-comum, dependendo da cultura a ser semeada no verão. Quando não se planeja produzir culturas comerciais para o verão, a semeadura de soja comum ou feijão-de-porco poderá ser uma opção como cobertura para essa estação.

Coberturas vivas do solo

As coberturas vivas podem ser de inverno ou de verão. Alguns técnicos têm indicado coberturas mistas de aveia-preta e ervilhaca para o inverno. De todos os benefícios trazidos pela cobertura viva, talvez o maior seja a produção de matéria orgânica para incorporação ao solo, melhorando as condições físicas e estimulando processos químicos e biológicos, além de melhorar a estrutura e a capacidade de retenção da umidade dos solos. A utilização racional de coberturas vivas, para recobrir e proteger o solo contra erosão, com suas raízes, deve sempre ser levada em conta no planejamento da produção de uma propriedade agrícola.

Uma boa cobertura verde deve ser constituída de espécies com as seguintes características:

vegetem bem nas condições locais de clima e solo;
tenham sistema radicular eficiente para a sua fixação ao solo;
tenham sistema foliar significativamente denso e de porte baixo;
não sejam competitivas com a erva-mate;
sejam aproveitáveis como adubo verde;
ressemeiem;
sejam fixadoras de nitrogênio;
tenham um custo de implantação acessível aos pequenos produtores.
É bom salientar, todavia, que a prática de cobertura vegetal viva pode ser contraindicada se o custo das sementes for muito elevado, requerendo também precauções contra a disseminação de pragas ou doenças. Em regiões secas, elas podem competir por água com a erva-mate. Portanto, às vezes, é melhor enfatizar o uso de coberturas espontâneas, que devem ser invernais, com semeadura natural e competitivas com as plantas daninhas. A gradagem realizada no mês de março favorece a germinação das espécies espontâneas.

Coberturas vivas de inverno
Recomenda-se, como as melhores coberturas de inverno a aveia (Avena sativa) e a ervilhaca comum (Vicia villosa). Coberturas mistas de inverno usando-se a aveia e a ervilhaca são bastante interessantes.

Coberturas mistas de inverno
No inverno, o ideal seria trabalhar com coberturas mistas, utilizando uma mistura de uma parte de aveia e uma parte de ervilhaca, semeadas na primeira quinzena de abril.

Deve-se atentar para o fato de que, se a cobertura estiver muito próxima da erva-mate e secar de repente, ela poderá fazer com que as plantas de erva-mate sejam prejudicadas pela ação intensa do sol.

Em algumas situações, pode-se adicionar o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) que possui um crescimento inicial rápido e elevada capacidade de reciclar nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Outra característica muito interessante é agir como subsolador natural.

Coberturas vivas de verão
O feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) pode ser plantado no espaçamento de 0,5 m x 0,5 m, ou em dois sulcos separados de 1,0 m, com 0,5 cm de espaçamento entre as plantas, nas linhas, isto em ervais plantados com espaçamento de 3,5 m x 1,5 m.

O uso do caupi, da mucuna-anã e da soja comum (Glycine max) também são recomendados. O caupi, por sua vez, deve ser de crescimento determinado e ereto e a mucuna-anã deverá possuir uma boa procedência da sementes, para garantir uma boa germinação e cobertura do solo.

Alguns produtores têm utilizado o amendoim-forrageiro (Arachis pintoi). Vale salientar que o plantio dessa espécie requer cuidados especiais quanto ao seu controle na linha de plantio da erva-mate, uma vez que ela, nas épocas de “veranico”, exerce uma forte concorrência com a erva-mate. Recomenda-se a roçagem do amendoim–forrageiro, periodicamente, usando-se a matéria verde proveniente da sua roçagem para a cobertura da linha da erva-mate. Assim, com o transcorrer do tempo, o erval terá a cobertura morta na linha e a cobertura viva de amendoim-forrageiro na entrelinha.

Coberturas mortas do solo
Moacir José Sales Medrado; Renato Antônio Dedecek; Gabriel Correa

A cobertura morta objetiva manter a umidade do solo, controlar o mato, evitar a erosão e aumentar a atividade microbiológica do solo.

O uso de sobras de palitos de indústrias ervateiras ou de palhada obtida com a roçada das entrelinhas tem apresentado excelentes resultados.

Palha de feijão e de soja têm mostrado bons resultados para esse objetivo. Outra forma muito interessante de se obter cobertura morta, para evitar a concorrência com plantas daninhas nos períodos críticos do verão, é com o plantio de aveia, durante o inverno, e sua rolagem com rolo-faca tracionado por animal (Figura 1).

Com as mudanças climáticas, a região produtora de erva-mate tem sido castigada com intensos períodos de estiagem e veranicos, o que ressalta uma maior importância da cobertura morta aos ervais.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Cobertura morta com aveia-preta obtida pela rolagem com rolo-faca tracionado por animal, na propriedade do Sr. Lauro Popieviski, em Áurea, RS.

Controle de plantas espontâneas

É normal pensar que a erva-mate, por ser uma espécie nativa, suporta bem a concorrência com as plantas espontâneas. Mas isto não é verdade, pois a erva-mate é uma das culturas mais suscetíveis à competição com essas plantas. 

As erveiras devem estar protegidas da concorrência com o mato, no período de outubro a abril. Para isso, recomenda-se o uso de cobertura morta na projeção da copa da erveira.

Métodos de controle mecânicos
O uso de roçadeiras com pequenos tratores é recomendável ao controle de plantas espontâneas desde que bem conduzidos. Caso contrário, eles podem provocar grandes perdas de solo. O uso indiscriminado de grades tracionadas por tratores pesados e em épocas inapropriadas, por exemplo, logo após as chuvas, tem sido um dos maiores fatores que causam a diminuição da produtividade dos ervais plantados.

Métodos de controle culturais
Deve-se utilizar a cobertura verde (no inverno: aveia, ervilhaca, nabo forrageiro; no verão: soja comum, feijão-de-porco), rotações de cultivo (trigo/soja – aveia- preta/soja; trigo/soja – aveia preta + ervilhaca/soja; aveia preta + ervilhaca/soja – aveia preta + ervilhaca/milho) nas entrelinhas e cobertura morta (restos de mato das entrelinhas; restos de palha de milho e de feijão; bagaços e palha de cana-de-açúcar; podas de ramos de timbó – Ateleia glazioveana; capim-elefante cortado e fenado).

Métodos de controle químicos
O uso de produtos químicos para o controle de plantas espontâneas não é permitido. Esta prática é proibida por lei, pois não há registros de produtos para utilização em plantas espontâneas nos ervais.



domingo, 16 de setembro de 2018

Adubação na Cultura da Erva-Mate



Adubação
A maior disponibilidade de elementos nutritivos no solo se apresenta entre os meses de setembro e dezembro, coincidindo com o período de maior eficiência da planta. Nitrogênio e potássio participam com a maior porcentagem na composição nutricional da planta de erva-mate. 

Deve-se distinguir a adubação nas diferentes situações: adubação de sementeira, adubação de viveiro, adubação de pré-plantio e adubação de produção.

O uso de calagem não tem sido comumente adotado em função das diferentes e contrastantes respostas obtidas pelos produtores.

Adubação de plântulas nas sementeiras
Não é recomendável a adubação de plântulas nas sementeiras, pois os problemas referentes às sementeiras parecem depender mais da natureza e qualidade do substrato do que da adição de nutrientes aos mesmos.

Adubação de pré-plantio
Antes da instalação do erval, preferencialmente a lanço, aplicam-se fertilizantes fosfatados e potássicos, de acordo com os resultados da análise do solo. 

Se o produtor tiver interesse em plantar uma outra cultura entre as linhas da erva-mate, a aplicação dos adubos deve ser feita na área total e na formulação e dosagem indicadas para a cultura intercalar.

Caso não haja interesse em intercalar uma outra cultura, o produtor poderá adubar somente uma faixa de 1,5 m, ao longo da linha de plantio da erva-mate, com 50 kg a 100 kg por hectare do adubo com fórmula (NPK) 10-20-10. Esta prática tem obtido sucesso por alguns produtores. Nos anos posteriores, de acordo com o crescimento das plantas, pode-se ampliar o domínio dessa faixa. 

Para as adubações de cova, recomenda-se 2,5 g de superfosfato simples ou yoorin, 0,5 g de cloreto de potássio, 50 mg de bórax e 100 mg de sulfato de zinco por litro de terra retirada da cova. Como condicionador de solo, sempre que possível, deve-se usar adubos orgânicos curtidos, ao redor de um quinto do volume da cova.

Adubação de produção
Do terceiro ano em diante, quando as plantas entram em produção comercial, recomenda-se fazer a análise do solo e recorrer aos agrônomos ou engenheiros florestais do serviço de extensão rural. Para cada tipo de solo, há uma adubação específica e, em muitos casos, é necessária apenas uma adubação de reposição dos nutrientes que são levados com as folhas para as indústrias de processamento. 

As adubações devem ser feitas em duas aplicações, sendo uma em setembro e a outra em dezembro, preferencialmente. Deve-se avaliar a possibilidade de, pelo menos, a primeira aplicação de adubos fosfatados e potássicos ser feita no início da brotação. A primeira aplicação de nitrogênio deve ser feita, se possível, no inchamento das gemas.

Independente do teor na folha, não se recomenda aplicar potássio, se a sua quantidade no solo for maior que 100 ppm (partes por milhão), na camada de 0-20 cm e maior que 50 ppm, na camada de 20 cm a 40 cm do solo.
Os adubos devem ser distribuídos ao redor das plantas de erva-mate, na projeção da copa e distanciados 30 cm do tronco.

Sempre que houver possibilidade, deve-se usar o adubo orgânico. Para tanto, deve-se considerar o teor de nitrogênio e de potássio do adubo orgânico e a necessidade de aplicação desses nutrientes. 

Adubação de viveiro
Tal como na sementeira, a adubação de viveiro depende muito da fertilidade natural do substrato utilizado. Naqueles substratos de baixa fertilidade, podem ser adicionados os adubos na fórmula (NPK): 4-14-8; 4-30-10 e 10-20-10 à base de 2 kg a 3 kg por m³ de terra.

Calagem
Os trabalhos sobre o efeito da calagem do solo no comportamento do erval têm sido poucos até o momento e os resultados dessa pesquisa têm sido contrastantes, em termos de correlação positiva da calagem com o crescimento das plantas. Isso demonstra, portanto, a necessidade de aprofundar os estudos nessa área, de forma a averiguar melhor o efeito dessa prática. A erva-mate é uma cultura que absorve grandes quantidades de cálcio e magnésio, porém cresce com maior vigor em solos ácidos (baixo pH), tolerando altos teores de alumínio.

Solos
Consideram-se solos aptos para o plantio da erva-mate aqueles que apresentam boa profundidade, boa drenagem e fertilidade natural de média a alta. 

Solos com menos de um metro de profundidade ocasionam queda no desenvolvimento e rendimento da erva-mate, acentuados em períodos de deficiência hídrica, reduzindo a vida útil das plantas. A cultura não suporta solos compactados e/ou encharcados.



domingo, 9 de setembro de 2018

Implantação da Cultura da Erva-Mate



A implantação de um erval ideal exige dedicação do produtor até nos quatro primeiros anos, pois, caso contrário, não se obterá boa produtividade. 

É importante que se faça a correta escolha da área e, depois, o preparo adequado do solo, para o bom desenvolvimento das mudas. Uma vez preparado o solo, deve-se, dependendo do tipo de produtor (pequeno, médio ou grande) e do sistema de plantio, puro ou em sistemas agroflorestais, escolher o espaçamento.

O plantio do erval deve ser feito a partir do mês de abril, podendo estender-se até setembro. A partir de outubro, na maioria dos locais, as chuvas em excesso podem ocasionar problemas, limitando ou diminuindo, acentuadamente, o ritmo de crescimento das plantas. 

Deve-se destinar ao plantio apenas mudas de boa qualidade, que podem ter sido produzidas em viveiro convencional ou viveiro de tubetes, pois o mais importante é que o produtor de mudas tenha a fiscalização do Ministério da Agricultura e tenha assistência técnica apropriada.

Independentemente se as mudas forem adquiridas de terceiros ou se forem de produção própria, é necessário realizar antes do plantio uma verificação das condições radiculares. Isto poderá ser feito usando-se o “teste do balde”. As mudas para o plantio devem ter o tamanho equivalente ao recipiente e ter passado por um período de rustificação.

Imediatamente antes do plantio, deve-se realizar o preparo das mudas, que consiste do corte da parte basal do recipiente, com o propósito de podar possíveis raízes com cachimbamento e a retirada de eventuais raízes enroladas.

Escolha da área 
Quanto às condições físicas do solo, a erva-mate é uma cultura muito exigente. Em função disso, deve-se dar preferência às áreas de solos profundos e bem arejados e não sujeitos aos encharcamentos. Em caso de solo compactado, deve-se proceder à subsolagem.

Outra preocupação na instalação do erval é quanto à declividade do terreno. Se for acentuada, deve-se efetuar o plantio em nível e melhorar as práticas de conservação e controle da erosão. A erva-mate vegeta bem em solos ácidos, aqueles em que, para plantar as principais culturas agrícolas, precisa de aplicação de calcário, mesmo naqueles com pH muito baixo e próximos de quatro.

Preparo do solo para plantio
Deve-se proceder o preparo do solo por meio de aração e gradagem, para o plantio das mudas. A época do preparo do solo vai depender do período em que o produtor pretende fazer o plantio, que normalmente ocorre de abril a setembro, com exceção dos plantios de adensamento, ou seja, erva-mate plantada em sub-bosque de ervais nativos, cujo plantio pode ser feito durante o ano todo.

Quase sempre é necessário realizar a recuperação do solo antes do plantio, por meio de um controle de plantas invasoras e descompactação, com a utilização de um subsolador. Caso não seja possível preparar o terreno, as covas para o plantio das mudas devem ter 30 cm de largura, por 30 cm de profundidade, colocando-se terra solta no fundo das covas, para que a parte superior do recipiente fique no nível do terreno.

Definição de espaçamento
Inúmeros testes de espaçamentos demonstraram melhores resultados para linhas simples. Os espaçamentos em linhas duplas implicam em menores rendimentos por hectare, maior dificuldade no plantio e maiores custos com limpeza. Desta forma, orienta-se o uso dos seguintes espaçamentos:

Pequenos produtores familiares
Em sistemas de plantio solteiro
a)100% da área com 4,50 m x 1,50 m (1.480 plantas por ha).
b)100% da área com 3,50 m x 1,50 m (1.900 plantas por ha).
c)80% da área com 4,50 m x 1,50 m e 20% da área com 2,25 m x 1,5 m.
d)80% da área com 3,50 m x 1,50 m e 20% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Em sistemas agroflorestais (erva-mate x culturas agrícolas de ciclo curto) 
100% da área com 4,50 m x 1,50 m (1.480 plantas por ha).

Em sistemas sombreados
100% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Médios e grandes produtores
Em sistemas de plantio solteiro
a) 2,50 m x 1,50 m (2.660 plantas por ha).
b) 2,25 m x 1,50 m (2.960 plantas por ha).

Em sistemas agroflorestais (erva-mate x culturas agrícolas de ciclo curto) 
a) 1,50 m na linha e espaçamento da entrelinha a depender do maquinário para plantio da cultura agrícola.

Em sistemas sombreados
a) 100% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Assistência técnica 
Sempre que ocorrer dúvidas sobre a condução do erval, deve-se procurar um extensionista rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de seu município, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Para o Estado de Santa Catarina, deve-se recorrer à Epagri.

Endereços dos Escritórios Centrais das Empresas Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural:

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502
Florianópolis, SC, Brasil, CEP 88034-901
Fone: (48) 3239-5500, Fax: (48) 3239-5597 

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)
Rua da Bandeira, 570, Bairro Ahu, Curitiba, PR, CEP 800035-270
Fone: PABX (41) 3250-2100, SAC (41) 3250-2166

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio Grande do Sul (Ascar)
Rua Botafogo, 1051, 2º andar, Bairro Menino de Deus, Porto Alegre, RS, CEP: 90150-053
Fone: (51) 2125-3144

Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer)
Av. Desembargador José Nunes da Cunha, Bloco 12
Parque dos Poderes, Campo Grande, MS, CEP 79031-310
Fone: PABX (67) 3318-5100

Plantio das mudas 
As mudas devem ser plantadas na época em que as temperaturas não sejam extremas e também haja disponibilidade de água suficiente para o seu desenvolvimento normal. O momento em que a muda está apta para ser levada ao campo é quando ela apresenta a parte aérea no mesmo comprimento da embalagem (Figura 1). 

Antes do plantio, as mudas devem ser preparadas para evitar o cachimbamento, cortando-se o fundo do recipiente de plástico (Figuras 2 e 3). Em seguida, a lateral do recipiente deve ser cortada (Figura 4) e o recipiente retirado e guardado para não poluir o ambiente. Imediatamente antes do plantio, as raízes laterais, quando estiverem enrolando o torrão, devem ser aparadas com canivete amolado. Feito isto, a muda estará pronta para ir à cova (Figura 5). Após a colocação da muda na cova, já adequadamente adubada, procede-se o fechamento da mesma (Figura 6).

Após o plantio, as mudas devem ser protegidas do sol.

Foto: Ivar Wendling
Figura 1. Muda no ponto ideal de ir a campo.

Foto: Ivar Wendling

Figura 2. Corte do fundo do recipiente.

Foto: Ivar Wendling
Figura 3. Fundo do recipiente destacado.

Foto: Ivar Wendling
Figura 4. Corte da lateral do recipiente.

Foto: Ivar Wendling
Figura 5. Colocação da muda na cova.

Foto: Ivar Wendling
Figura 6. Muda plantada.

Época de plantio 
O plantio de mudas produzidas em sacos plásticos deve ser feito no período de abril a setembro. Plantios que ultrapassam este período prejudicam o desenvolvimento do erval e, às vezes, chegam a sofrer graves perdas em função de ocorrência de veranicos. Isto tem ficado mais evidente com as mudanças climáticas ocorridas no Sul do Brasil.

Proteção das mudas 
As mudas, além de previamente adaptadas ao sol ainda nos viveiros, devem ser protegidas quando plantadas em épocas de muita insolação. A proteção, quando necessária, pode ser feita com o uso de tabuinhas ou restos de capim, para evitar que os raios solares atinjam diretamente o colo da planta (Figura 7).

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 7. Sistema de proteção de mudas com restos de madeira.

Verificação das condições
As mudas para o plantio devem ser selecionadas quanto à sanidade e desenvolvimento, evitando-se aquelas com alturas superiores a 20 cm, quando em embalagens de 7,5 cm x 18 cm, para diminuir os riscos de cachimbamento das raízes. Na prática, deve-se escolher mudas com a parte aérea do tamanho próximo da altura da embalagem e realizar o “teste do balde”, preconizado pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Este teste consiste em separar dez mudas ao acaso, retirando-as da embalagem e deixando-as dentro d’água até destorroar, observando-se, em seguida, quantas mudas têm raiz com cachimbamento (Figura 8). No máximo, deve-se tolerar uma muda com raiz defeituosa em cada dez mudas analisadas.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 8. Muda com cachimbamento das raízes.

Teste do balde
Consiste em separar dez mudas ao acaso, retirar a embalagem e deixá-las dentro d’água até destorroar, observando em seguida quantas mudas têm raiz com cachimbamento. No máximo, deve-se tolerar uma muda com raiz defeituosa em cada dez mudas.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 9. Teste do balde feito no viveiro em Inácio Martins, PR.




sábado, 25 de agosto de 2018

Produção de Mudas de Erva Mate

Um dos principais pontos do sistema de produção da erva-mate é a produção de mudas de qualidade. A maioria dos viveiros é convencional, que ainda utilizam sacolas plásticas como recipientes. No entanto, cada vez mais a produção de mudas em tubetes tem sido adotada em viveiros comerciais.
A propagação vegetativa da erva-mate ainda é pouco utilizada, embora já se tenha protocolos para a produção de mudas por estaquia, miniestaquia e por enxertia em garfagem.
As mudas após produzidas devem passar por um período de rustificação.

Viveiros convencionais

Viveiros convencionais são aqueles nos quais as mudas ainda são produzidas por meio de sacolas plásticas, que são preeenchidas com substrato composto por mistura de terra, adubo orgânico, areia média e adubos químicos em diferentes proporções. Neles, ainda são utilizadas sementeiras para a germinação das sementes. Das sementeiras, as plântulas são repicadas para os recipientes contendo o substrato. 
Os viveiros convencionais são construídos das mais diferentes formas, desde aqueles em que se usa madeira roliça e palha até aqueles que utilizam madeira serrada e sombrite. O local adequado para a sua construção deve ser seco, bem ventilado e com boa insolação. 
As mudas repicadas para os recipientes ficam em canteiros até atingirem o estágio ideal para serem levadas ao campo.

Viveiros para produção de mudas em tubetes

O uso de tubetes tem apresentado ótimos resultados. Podem ser utilizados tubetes nso tamanhos 30 mm x 126 mm e 40 mm x 140 mm. O uso de tubetes exige a utilização de um suporte em bandeja de tela de arame, com malhas de 30 mm ou 40 mm, e altura mínima de 40 cm do chão ou bandejas de plástico. A composição do substrato deve ter no mínimo, 50% de matéria orgânica (húmus de minhoca, turfa, etc.), que vai possibilitar uma boa formação das raízes. A permanência no viveiro não deve ultrapassar o período de 12 meses. A seguir, viveiro comercial de grande porte (Figura 1) e viveiro para produção de mudas em pequena escala (Figura 2).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Produção de mudas em tubete. Cooperativa Tritícola Erechim Ltda. (Cotrel).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 2. Tubetes em casa de plástico. Ervateira Barão, Barão de Cotegipe.

Estaquia e miniestaquia

A estaquia é um processo de reprodução vegetativa, realizada pela coleta de ramos verdes de plantas pré-selecionadas, que passam por um processo de desinfestação, aplicação de hormônio e nebulização, para o seu enraizamento e brotação. Para a miniestaquia, brotações de mudas mantidas no viveiro são coletadas e colocadas para enraizar. Estas técnicas de produção de mudas possibilitam a reprodução de plantas selecionadas com base nas características de interesse, como produtividade, resistência às pragas e doenças, sabor, entre outras, sendo as mudas formadas por este processo geneticamente idênticas entre si. A grande variação no sucesso do enraizamento entre estacas de plantas diferentes tem sido um dos grandes problemas deste tipo de propagação. 
No entanto, estudos iniciais demonstram o grande potencial desta técnica para o estabelecimento de plantios clonais de alta produtividade e uniformidade, além de pomares clonais para produção de sementes.

Rustificação

Quando as mudas estiverem bem enraizadas nos recipientes, deve-se iniciar o processo de rustificação, que consiste em colocá-la gradativamente a pleno sol, com a redução das regas, porém, evitando-se expô-las por tempo excessivo, no início, evitando o seu murchamento.


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