segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Cultivo da Canola



A canola (Brassica napus L. var oleífera) é uma espécie oleaginosa, da família das crucíferas, passível de incorporação nos sistemas de produção de grãos do Sul do Brasil. Destaca-se como uma excelente alternativa econômica para uso em esquemas de rotação de culturas, particularmente com trigo, diminuindo os problemas de doenças que afetam esse cereal e possibilitando a produção de óleos vegetais no período do inverno, quando uma grande área de cultivo no país fica ociosa. Também traz benefícios para o sistema de rotação de culturas das propriedades agrícolas, envolvendo tanto as leguminosas, como soja e feijão, como gramíneas, caso do milho, cultivadas em sucessão aos cultivos de inverno, na safra de verão.
Além de produção de óleo para consumo humano, a canola também pode ser utilizada para a produção de biodiesel e, do farelo resultante (34 a 38 % de proteínas), para uso da alimentação animal, na formulação de rações.
No Brasil, hoje, se cultiva apenas canola de primavera, da espécie Brassica napus L. var. oleifera, que foi desenvolvida por melhoramento genético convencional da colza, grão que apresentava teores mais elevados de ácido erúcico e de glucosinolatos. Na Embrapa Trigo, as pesquisas e experiências com a produção e uso de óleo de colza como combustível, iniciadas nos anos 1980, foram interrompidas na década de 1990 após o abrandamento da crise do petróleo e consequente alteração de prioridades governamentais. No final dos ano 1990, retomou-se a pesquisa com essa cultura, exclusivamente com o padrão canola. Atualmente, com a demanda pelos biocombustíveis, essa cultura conta com um novo incentivo na pesquisa e na produção.
Este “Sistema de Produção” é mais um resultado do esforço que a Embrapa Trigo e sua equipe de pesquisadores vêm realizando em favor do desenvolvimento da cultura de canola no País. Seguindo a política editorial desta série, contempla informações geradas tanto no âmbito da Embrapa quanto por outras instituições de pesquisa do País e do exterior. É um guia com informações valiosas e consistentes, contendo orientações para os mais diferentes segmentos da cadeia produtiva desta oleaginosa no Brasil.

Introdução

A canola (Brassica napus L. var oleífera) é uma oleaginosa pertencente à família das brassicaceas (como o repolho e a couve), e ao gênero Brassica. Os grãos de canola atualmente produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteína e, em média, 38% de óleo.
Canola é um termo genérico internacional, não uma marca registrada industrial - como antes de 1986 - cuja descrição oficial é: um óleo com menos de 2% de ácido erúcico e menos de 30 micromoles de glucosinolatos por grama de matéria seca da semente (CANOLA COUNCIL OF CANADA, 1999).
O óleo de canola é considerado um alimento saudável, pois apresenta elevada quantidade de ômega-3 (reduz triglicerídios e controla arteriosclerose), vitamina E (antioxidante que reduz radicais livres), gorduras monoinsaturadas (que reduzem as gorduras de baixa densidade) e o menor teor de gordura saturada de todos os óleos vegetais (atua no controle do colesterol de baixa densidade). Médicos e nutricionistas indicam o óleo de canola como o de melhor composição de ácidos graxos. 
O óleo de canola é o mais utilizado na Europa para produção de biodiesel, e constitui padrão de referência naquele mercado. O farelo de canola possui 34 a 38% de proteína, sendo um excelente suplemento proteico na formulação de rações para bovinos, suínos, ovinos e aves, e tem sido comercializado sem dificuldades.
O cultivo de canola possui grande valor socioeconômico por possibilitar a produção de óleos vegetais no inverno, vindo se somar à produção de soja no verão, e, assim, contribui para otimizar os meios de produção disponíveis (terra, equipamentos e pessoas). A grande disponibilidade de área de terra adequada ao cultivo de canola no Estado do Rio Grande do Sul (RS), é ilustrada pelo fato de que o estado cultiva, atualmente, uma área bem inferior aos 2 milhões de hectares de trigo, que já cultivou no passado. Portanto, a produção de canola nestas áreas poderá permitir a expansão da produção de óleo para utilização como biodiesel, além de expandir o emprego desse óleo para consumo humano e contribuir decisivamente para tornar o Brasil em um importante exportador desse produto (TOMM, 2005).
No Brasil, cultiva-se apenas canola de primavera, da espécie Brassica napus L. var. oleifera, que foi desenvolvida por melhoramento genético convencional de colza. O cultivo de canola se encaixa bem nos sistemas de produção de grãos, constituindo excelente opção de cultivo de inverno na região Sul, por reduzir problemas fitossanitários de leguminosas, como a soja e o feijão, e das gramíneas, como o milho, trigo e outros cereais. Dessa forma, a canola pode contribuir com a estabilidade e a qualidade da produção de grãos.
A pesquisa e o cultivo de canola em escala comercial iniciaram em 1974 no Rio Grande do Sul (RS). Em 2000, a doença canela-preta começou a ocasionar prejuízos em lavouras do RS. Os híbridos Hyola 43 e Hyola 60, com resistência (“vertical”) ao grupo de patogenicidade desse fungo que ocorre no estado, proveniente de Brassica sylvestris, viabilizaram o início da presente expansão da área de cultivo de canola no Brasil. Cumpre ressaltar que, na Austrália, o fungo causador da canela-preta já desenvolveu variantes que conseguem infectar os híbridos com resistência proveniente de B. sylvestris, e é provável que o mesmo ocorra no Brasil. Antecipando soluções, após extensiva experimentação, já em 2006, foi iniciado o cultivo comercial de Hyola 61, híbrido com resistência poligênica (mais ampla e estável), e, atualmente todos os novos híbridos em avaliação possuem esta característica.
No Brasil, ainda existem dificuldades tecnológicas para a expansão do cultivo dessa oleaginosa em nosso país, a saber: a necessidade de identificar épocas de semeadura para regiões com maior altitude e o ajuste de outras tecnologias de manejo. São necessários resultados de experimentos para aperfeiçoar o uso de fertilizantes. O desenvolvimento de tecnologia visando à redução de perdas na colheita de canola também poderá contribuir decisivamente para o aumento da rentabilidade do cultivo.
A presente publicação foi baseada em dados experimentais gerados em experiências de lavouras conduzidas no sul do Brasil e em informações de literatura internacional, sob coordenação de Gilberto Omar Tomm, pesquisador da Embrapa Trigo, com a colaboração de diversos profissionais e instituições de pesquisa. Dessa forma, as indicações técnicas são preliminares, e visam auxiliar produtores a aumentar a probabilidade de sucesso na produção de canola.


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