terça-feira, 28 de novembro de 2017

Semeadura da Canola



Manejo da área antes da semeadura
Objetivo - Rápida emergência e crescimento da lavoura

  • Reduzir a infestação de plantas daninhas, dessecando-as antes da semeadura de canola e, se necessário, aplicar herbicidas de pré-emergência. Aumentado o número de dias entre a colheita da cultura anterior e a dessecação e semeadura de canola, oferece mais tempo e condições para emergência de plantas daninhas, e, assim, maior redução de competição das mesmas na cultura de canola através de uma só operação de dessecação.
  • Pulverizar as plantas daninhas em crescimento quando estão no estágio de 4 folhas, ou antes.
  • Se necessário, subsolar para facilitar a penetração de raízes de canola. Essa operação deve ser realizada no ano anterior à semeadura de canola.

Época de semeadura

No norte e noroeste do RS: 14 de abril a 20 de junho.
(Esta indicação é baseada em resultados de experimentos e experiências de lavoura e poderá ser ajustada em função de estudos para zoneamento agroclimático e novos experimentos em andamento).
• Verificar as previsões climáticas, pois geadas durante ou logo após a emergência podem matar ou debilitar as plântulas, especialmente em áreas com muita palha. Portanto, evitar a semeadura se existe probabilidade de ocorrência de geada nos dias que seguirão a emergência da canola.
A canola apresenta maior potencial de rendimento quando semeada em meados de abril, nas áreas relativamente quentes do noroeste do RS, como em Três de Maio(Latitude 27º47`02", Longitude 54º14`55", Altitude 333 m). O potencial de rendimento diminui a cada dia de atraso na semeadura após esta data. Hyola 60, híbrido de ciclo longo, sofre maior perda de rendimento a cada dia de atraso na semeadura que híbridos de ciclos intermediário ou curto, como Hyola 401. Destes híbridos, o último é o menos afetado pelo comprimento de dia. Isto é, a época de semeadura tem menos influência sobre o rendimento do que nos demais híbridos.
Na maioria dos locais avaliados, a extensão do ciclo dos híbridos foi decrescente, na seguinte ordem: Hyola 60 > Hyola 432 > Hyola 61 > Hyola 43 > Hyola 420 > Hyola 401. Portanto, esta deve ser a ordem de semeadura preferencial. Ao estarem avançados os dias dentro da época indicada, é preferível empregar híbridos de ciclo mais curto, pois estes sofrem menos redução de rendimento em função do atraso na época de semeadura.
No extremo norte do RS, na região de Vacaria, altitude acima de 800 m, o período de geada é mais longo e a temperatura mais baixa. Experiências de lavoura nesta região mais fria, desde 1994, sugerem que a semeadura deve ser realizada logo após a colheita das culturas de verão colhidas mais cedo. Os híbridos de ciclo e período de floração mais longo apresentam maior capacidade para compensar danos de geada.
Na região sul do RS: Informações da década de 1990 indicam que as melhores épocas de semeadura são entre 15/5 e 15/6 e entre 15/8 e 15/9 (DIAS, 1992).
Geada na floração tem menor efeito sobre o rendimento de grãos de canola do que sobre outras espécies cultivadas no inverno. Embora geada cause aborto de flores, o longo período de floração, típico da canola, que varia de 20 dias em híbridos precoces, até mais de 45 dias em híbridos de ciclo longo, permite compensar a perda de flores. Geada tardia pode causar prejuízo se a cultura recém terminou a floração e os grãos estão na fase leitosa.

Tecnologia de semeadura

Objetivo: obter 40 plantas/m2, uniformemente distribuídas.
  1. Empregar o menor espaçamento que a semeadora disponível permitir. Entretanto experiências com semeadoras com discos alveolados, equipadas com sulcadores (facões) utilizando espaçamento de até 45 cm, foram bem sucedidas.
  2. Usar semeadora que dispõem de um kit apropriado para canola (1.000 sementes pesam somente 3 a 6 gramas) para cada linha de semeadura. Kit com disco plástico alveolado, específico para canola, pode ser adquirido de fabricantes como a Socidisco (www.socidisco.com.br). Fotografias estão disponíveis em Tomm (2006). Para canola têm se empregado disco com uma linha de furos + um rolete interno com alça específica + anel corretor de folga "SEAJUSTE". Este anel corretor de folga, tem permitido ajustar a pressão sobre o disco alveolado, evitando vazamentos e desperdício de sementes, bem como facilita a regulagem da densidade de semeadura.
  3. Não misturar ou distribuir a semente no mesmo sulco, junto com o fertilizante, pois o contato, pode reduzir a população de plantas e, diminuir o rendimento da lavoura. Isto é devido ao efeito salino de determinados fertilizantes.
  4. Regular o distribuidor de fertilizante, lembrando que a canola requer solo fértil.
  5. Regular a semeadora para distribuir uniformemente 40 sementes aptas/m2(aproximadamente 3 kg de sementes/ha). Populações excessivas geram plantas com caules finos e suscetíveis ao acamamento e reduzem o rendimento de grãos. A canola tem grande capacidade de compensar baixas populações de plantas. Rendimentos de até 1.800 kg/ha foram obtidos em lavouras com apenas 15 plantas/m2, mas com distribuição uniforme. Entretanto, é recomendável 40 plantas/m2, a fim de assegurar um número adequado de plantas para permitir maior potencial de rendimento, compensar o dano de insetos e cobrir o solo rapidamente, diminuindo a presença de plantas daninhas.
  6. Ajustar a profundidade de semeadura para que as sementes sejam colocadas a 1-2 cm. É preferível que elas fiquem na superfície de solo úmido, do que muito profundamente.
  7. Empregar roda limitadora da profundidade de deposição de semente e também usar roda compactadora para assegurar bom contato solo-semente. A uniformidade da profundidade de deposição da semente e a compactação, aumentando o contato solo-semente e a absorção de umidade do solo, propiciam emergência mais uniforme, e assim, contribuem para uniformizar a maturação, reduzindo as perdas na colheita.
  8. Não semear canola em solo seco, a menos que haja previsão de chuva logo após.
É importante atentar aos detalhes da semeadura, pois é comum se observar lavouras com população insuficiente ou distribuição desuniforme de plantas, fatores que impedem a obtenção de elevado rendimento de grãos.


sábado, 25 de novembro de 2017

Cultivares de Canola


Somente usar apenas sementes de híbridos registrados, as quais possuem elevado potencial produtivo, produzidas sob manejo e condições favoráveis, livres de doenças, para:
  1. evitar a introdução, na lavoura, de inóculo de doenças;
  2. evitar a necessidade de ressemeaduras e atrasar o próximo cultivo;
  3. garantir a emergência vigorosa e uniforme do cultivo, reduzindo as perdas causadas pela desuniformidade na maturação.
  • É extremamente importante evitar a introdução, na América do Sul, de sementes de canola transgênicas, com resistência a herbicidas, devido ao risco de gerar plantas voluntárias (“guachas”) ou plantas daninhas com resistência a diversos herbicidas, por cruzamento com outras brassicáceas, como o nabo forrageiro (Raphanus sativus L. var. oleiferus Metzg), a nabiça (Raphanus raphanistrum L.) e a “mostacilla” (Rapistrum rugosum L.,), muito disseminada na Argentina. No Canadá, Hall et al., (2002) observaram elevado fluxo de genes através do pólen de canola transgênica resistente a Glifosato e a Glufosinato (de uso predominante no Canadá). A elevada taxa de fecundação cruzada observada em canola, até 21,8%, facilita o fluxo de genes via pólen, o qual pode ocorrer até a distância de 2 km (RIEGER et al, 2002 citado por HALL et al, 2002). No Brasil, somente são liberadas para comércio, as sementes testadas e comprovadas como livres de OGM`s.
  • As sementes de híbridos importados têm apresentado elevada sanidade e têm sido tratadas com fungicida no país de origem, evitando a introdução e a disseminação de doenças como o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), as manchas de alternaria (Alternaria spp.) e a canela-preta.
  • Não semear grãos colhidos em lavouras de híbridos (geração F-2 ou Fn), pois, frequentemente, esses grãos estão contaminados com fungos, como Alternaria spp, e geram lavouras com baixo estande e com desenvolvimento de plantas e maturação desuniforme. O valor da perda de rendimento de grãos é superior ao custo das sementes que, além de alto valor genético e sanidade, apresentam custo por hectare inferior à maioria dos outros cultivos de inverno.
  • As variedades de polinização aberta de canola testadas no Brasil, como a PFB-2 e Global, apresentam ciclo mais longo que híbridos, como o Hyola 401 (SANTOS et al., 2000). A maturação das variedades é menos uniforme do que a maturação dos híbridos. Nenhuma das citadas variedades apresenta resistência à canela-preta, doença que causou grandes perdas em diversas lavouras do noroeste do RS, desde o ano 2000. No Estado do Paraná, o rendimento de grãos obtido com híbridos precoces geralmente supera o rendimento de outras cultivares (CARRARO & BALBINO, 1993; CARRARO & BALBINO, 1994).
  • Usar genótipos resistentes à canela-preta constitui a solução mais econômica para evitar os prejuízos causados por essa doença. Estudos permitiram a identificação de híbridos resistentes à raça do fungo existente no Sul do Brasil e no Paraguai (FERNANDO et al., 2003). Os híbridos desenvolvidos pela Pacific Seeds Pty. Ltd., Hyola 60 e Hyola 43, registrados no Brasil em dezembro de 2002, foram os primeiros genótipos, testados que comprovaram resistência à raça do patógeno que ocorre no sul do Brasil e no Paraguai. Os híbridos Hyola 61, Hyola 411, Hyola 433, Hyola 50, Hyola 76 e Hyola 571 distinguem-se de Hyola 43, Hyola 60 e Hyola 432 por possuírem resistência poligênica ao fungo causador da canela-preta. A soma das contribuições conferidas por um número maior de genes de resistência, presentes nos híbridos com resistência poligênica, tende a ser mais durável e mais estável que a resistência derivada de Brassica sylvestris, a qual, segundo o Dr. Greg Buzza1, provavelmente está associada a apenas três genes.
  • Genótipos com resistência à canela-preta têm aumentado a segurança de produção, viabilizando o cultivo de canola em áreas em que se verificaram perdas de até 100% devido à ocorrência dessa doença e ao emprego de genótipos suscetíveis.
  • Por outro lado, variedades e híbridos de canola considerados resistentes à canela-preta na Europa e América do Norte se mostraram altamente suscetíveis ao grupo de patogenicidade da canela-preta existente no Brasil e Paraguai (FERNANDO et al., 2003), sofrendo perdas totais em áreas com presença do fungo. Além disto, a maioria dos cultivares disponíveis mundialmente possuem ciclo e características agronômicas inadequadas para cultivo no RS, por serem canola “de inverno” ou por serem desenvolvidas para latitudes bem maiores que aquelas das regiões de produção brasileiras.

Cultivares (de polinização aberta) x híbridos de canola

As pesquisas e o cultivo de canola no Brasil tiveram início em 1974, empregando cultivares de polinização aberta. As antigas cultivares foram substituídas por híbridos de canola, os quais apresentam maturação mais uniforme e ciclo menor. Os produtores preferiram empregar sementes híbridas apesar dos esforços realizados pela Embrapa Trigo, na década de 1990, para manter o uso de cultivares de polinização aberta com menor custo das sementes. Com a posterior ocorrência da canela-preta de forma epidêmica, o uso das cultivares antigas se tornou ainda menos viável.
O emprego de híbridos adequados, em substituição às cultivares de polinização aberta, permite obter rendimentos de grãos mais elevados, provenientes dos benefícios do vigor híbrido e do maior potencial genético de materiais desenvolvidos recentemente. O potencial de rendimento de grãos dos híbridos de canola modernos é até 32% superior ao de cultivares de polinização aberta (GOODWIN, 2006). Além disto, como no caso de milho híbrido, o vigor híbrido das sementes de canola híbrida proporciona um estabelecimento de plantas mais rápido e uniforme. Os híbridos de canola apresentam ainda a vantagem adicional da maturação mais uniforme que a das cultivares de polinização aberta, característica de importância fundamental para a redução de perdas por debulha natural.
A substituição das antigas cultivares de polinização aberta ocorreu em função, principalmente, da maturação desuniforme, característica que dificulta o manejo de colheita, a qual causava elevadas perdas na colheita, que facilmente podiam superar 30% da produção. A maioria das cultivares de polinização aberta também apresentam ciclo longo, causando atrasos na semeadura de soja e milho, comprometendo, assim, o potencial de rendimento destas culturas.
A canela-preta, doença causada pelo fungo Leptosphaeriamaculans (Desm.) Ces. et de Not./Phomalingam (Tode:Fr.) Desm., tem causado prejuízos no Rio Grande do Sul e no Paraguai, desde o ano 2000 (TOMM, 2005), e na Argentina, desde o ano 2004 (GAETÁN, 2005).
O grupo de patogenicidade da canela-preta presente no Brasil e no Paraguai é o mesmo que ocorre na Austrália. Os cultivares considerados resistentes à canela-preta no Canadá e na Europa se mostraram altamente suscetíveis e com grande risco de perdas no Sul do Brasil, no Paraguai e em determinadas áreas da Argentina. A alta capacidade de evolução deste fungo constitui desafio ao melhoramento genético para disponibilizar cultivares com resistência durável. Em outras palavras, são necessários esforços contínuos para gerar e disponibilizar novos genótipos resistentes às populações do agente causal que se desenvolvem pela pressão de seleção sobre os genes de resistência presentes nas cultivares em uso nas lavouras (HOWLETT, 2004).
No início da década de 1990, uma nova fonte de resistência à canela-preta foi descoberta (CROUCH et al., 1994) em Brassica rapa ssp sylvestris. Esta resistência conferiu uma resposta praticamente imune à canela-preta e foi usada pela Pacific Seeds no desenvolvimento de híbridos como Hyola 43, Hyola 60 e Hyola 432. Pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul permitiram iniciar, em 2003, o emprego de híbridos, como Hyola 43 e Hyola 60, que além de produtivos, possuem resistência à canela-preta, derivada de Brassica rapa ssp. sylvestris, alicerçando a retomada e aumentando a segurança no cultivo de canola no Brasil e Paraguai. Entretanto, no sul da Austrália (Peninsula Eyre), grandes prejuízos começaram a ocorrer em 2003 em variedades com a resistência de sylvestris. Antecipando-se a este tipo de situação, após extensiva experimentação coordenada pelo pesquisador Gilberto Omar Tomm, no Brasil e no Paraguai, se iniciou, em 2006, o emprego de Hyola 61, híbrido que apresenta resistência poligênica, com menor risco de quebra de resistência ao fungo causador da canela-preta.  A partir de 2008, estão disponíveis para cultivo os novos híbridos Hyola 433 e Hyola 411, que também possuem resistência poligênica e foram indicados para cultivo comercial após avaliação em uma rede com dezenas de experimentos em diversos locais e épocas de semeadura. As principais características observadas nestes experimentos estão resumidas no Quadro 1. O emprego de híbridos de canola com resistência ao grupo de patogenicidade da canela-preta existente no Brasil e no Paraguai, comprovado, tanto em experimentos de vários locais e anos, como nos anos de cultivo comercial, traz mais segurança aos investimentos pela redução de riscos causados pela canela-preta. Os custos associados à aplicação de fungicidas também são evitados.
Todos os cálculos baseados em avaliações de lavouras realizados pelo primeiro autor junto com técnicos de fomento nos últimos seis anos, indicaram que os benefícios do emprego de sementes híbridas com adequada resistência às doenças que ocorrem na América do Sul, invariavelmente foram muito superiores ao custo das sementes híbridas.
A seguir são apresentadas, em ordem cronológica de registro no Brasil, as principais características dos híbridos (Quadro 1) observadas, desde 2002, em uma rede de experimentos conduzidos por diversos técnicos, empresas e instituições em diversos locais e condições, relacionadas na base do Quadro 1. De maneira geral, o menor número de dias entre a emergência e a floração e menor altura de planta apresentados no quadro, foram observados em locais que apresentam menor altitude e temperatura mais elevadas do que nos locais que correspondem aos demais dados apresentados.
HYOLA 401
  • Híbrido utilizado com sucesso em países da América do Norte, Oriente Médio, Ásia e América do Sul, devido à elevada estabilidade de rendimento em grande amplitude de ambientes.
  • Um dos híbridos mais precoces cultivado no Brasil. Indicado para semeadura em regiões com latitudes menores que 24 graus (região norte do Paraná) onde tende a ocorrer escassez de chuvas a partir de junho.
  • Evitar seu cultivo em regiões com risco de geadas, pois seu curto período de floração implica em uma menor capacidade de compensação dos danos de geada, quando comparado com híbridos que apresentam período de floração e ciclo mais longo.
  • A altura menor de plantas deste híbrido, aliada a sua arquitetura compacta, confere grande resistência ao acamamento, permite colheita rápida e proporciona a passagem de menor quantidade de palha através da colhedora (possui elevado índice de colheita).
  • Suscetível à canela-preta.
HYOLA 420
  • Híbrido com período de floração e ciclo mais longo que Hyola 401.
  • Híbrido com ampla adaptação e excepcional estabilidade.
  • Observou-se após a colheita, em determinados anos com elevada umidade, elevado rebrote de plantas de Hyola 420, sendo necessárias duas dessecações para a implantação de lavoura de soja.
  • Suscetível à canela-preta.
HYOLA 43
  • Híbrido com resistência à canela-preta proveniente de Brassica rapa ssp sylvestris.
  • Apresenta período de floração e ciclo da emergência a maturação pouco mais longo do que Hyola 420.
  • Altura de plantas: dependendo da combinação de temperatura e umidade no início do ciclo, podem ocorrer algumas plantas mais altas, sem efeito significativo no rendimento de grãos.
HYOLA 60
  • Híbrido com resistência à canela-preta proveniente de Brassica rapa ssp sylvestris. Possui período de floração e ciclo mais longos entre todos os híbridos recomendados.
  • Seu amplo período de floração (de 37 até 82 dias) mostrou eficácia para manter elevado rendimento de grãos, quando ocorrerem geadas durante a floração, pois outras camadas de flores compensam aquelas que são abortadas pela ação do frio intenso.
  • Especialmente indicado para áreas com risco de ocorrência de geadas.
  • Dos híbridos em cultivo comercial é o mais sensível ao fotoperíodo. Portanto, para que possa expressar seu potencial de rendimento de grãos superior aos mais precoces, semear este híbrido o mais cedo possível após a colheita das lavouras mais precoces de soja ou milho. Em regiões relativamente quentes do RS, como Três de Maio, maior produtividade tem sido obtida quando semeado em meados de abril (TOMM et al., 2004).
  • É altamente sensível a resíduos de herbicidas usados em soja e em milho.
HYOLA 432
  • Híbrido com duração do ciclo bastante influenciado pela época de semeadura.
  • Quando semeado no início do período recomendado apresenta ciclo mais longo que Hyola 61 e apresenta ciclo mais curto quando semeado no fim do período recomendado (interação genótipo x ambiente).
  • Híbrido com resistência à canela-preta proveniente de Brassica rapa ssp sylvestris.
HYOLA 61
  • Híbrido com elevada estabilidade de rendimento de grãos e ampla adaptação: excelente desempenho tanto sob deficiência hídrica como sob frio intenso.
  • Híbrido mais empregado na América do Sul.
  • Este genótipo apresentou grande estabilidade de rendimento de grãos quando cultivado em condições variadas, como aquelas observadas na safra 2006 sob baixa precipitação e altas temperaturas no Mato Grosso do Sul (TOMM et al., 2007), como em condições de elevada umidade e geadas, no RS.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta, que tende a ser mais duradoura que aquela proveniente de Brassica rapa ssp sylvestris, por estar associada ao somatório da contribuição de diversos genes.
HYOLA 433
  • Híbrido de ciclo curto indicado para solos de elevada fertilidade.
  • Para expressar seu elevado potencial, este genótipo exige condições ambientais favoráveis, especialmente solos de alta fertilidade.
  • Evitar a semeadura em ambientes com limitações de umidade e de fertilidade de solo.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta.
HYOLA 411
  • Híbrido de ciclo curto indicado para solos de elevada fertilidade.
  • Evitar a semeadura em ambientes com limitações de umidade e de fertilidade de solo.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta.
HYOLA 50
  • Híbrido de ciclo médio.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta.
HYOLA 76
  • Híbrido de ciclo longo, e em função do longo período de floração, apresente maior capacidade de recuperação, após estresses causados por geada ou estiagem.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta.
HYOLA 571
  • Híbrido de ciclo médio.
  • Apresenta resistência poligênica à canela-preta.
Na maioria dos ambientes, o ciclo dos híbridos se apresenta na ordem, do mais precoce para o mais tardio, como segue:
Hyola 401, Hyola 420, Hyola 411, Hyola 433, Hyola 432, Hyola 43, Hyola 571, Hyola 61, Hyola 50, Hyola 76, Hyola 60. O ciclo de Hyola 571 varia em relação ao ciclo dos demais híbridos em função do local e da época de semeadura. O ciclo de Hyola 432 em relação aos demais híbridos varia em função da época de semeadura (apresenta interação genótipo X ambiente).

Genótipos de canola com características diferenciadas (nicho de mercado)

Aparentemente, existe um crescente interesse na produção de canola com alto conteudo de ácido oleico e baixo conteúdo de ácido linolênico (High Oleic Low Linolenic - HOLL or Monola), para uso nas empresas e grupos de "fast food companies/groups" no mercado Australiano. A bonificação paga pelo produto destas cultivares, acima do produto das cultivares normais, garantiria uma crescente produção no futuro. Segundo Andrew Easton, mesmo na Austrália, o mercado é pequeno, e empresas como a Cargill entendem que é necessário que a produção seja realizada de acordo com a demanda, para evitar que se perca o preço diferenciado. No Canadá, o mercado para este tipo de produto tem sido estável por muitos anos, em aproximadamente 8% do total consumido. Este especialista entende que no Brasil se deve primeiro aumentar a produção de canola com o prefil tradicional de ácidos graxos até que a produção de canola seja maior do que a atual, para posteriormente investir neste nicho de mercado.

Armazenamento, transporte, manuseio de sementes até a semeadura

As sementes híbridas têm elevado valor genético e econômico. Como as sementes são organismos vivos, temperatura e umidade elevadas, durante o seu armazenamento ou transporte, aceleraram o envelhecimento causando perda de vigor. O emprego de sementes com baixo vigor, pode gerar lavouras com estabelecimento deficiente, principalmente quando ocorrem condições adversas (temperaturas baixas, solo seco ou encharcado) durante a emergência.
  • Manusear e transportar as sementes de forma seca, limpa e coberta, visando manter o potencial genético e tecnológico das mesmas.
  • Evitar a exposição de sementes a vapores de produtos químicos, particularmente herbicidas do grupo Fenoxi (2,4-D, Banvel, Tordon ou Picloran), durante o transporte e armazenamento, antes da semeadura.


sábado, 18 de novembro de 2017

Épocas de plantio da Canola

O ambiente de cultivo da canola

A definição de locais e épocas de semeadura para canola no Brasil foi resultante de dois critérios: necessidades da espécie e disponibilidade de recursos do ambiente. Com base nesse confronto de informações, foram quantificados os riscos climáticos associados à cultura, posicionando-a nos locais com aptidão e em épocas de semeadura mais favoráveis para o cultivo dessa oleaginosa. Ou seja, com essa estratégia, buscou-se a minimização dos riscos de perdas no rendimento de grãos em canola em função de adversidades meteorológicas e/ou ambientais.
A canola é uma espécie de clima temperado/frio que se desenvolve melhor em locais com temperaturas do ar amenas, entre 13,0 e 22,0 ºC, no período vegetativo, e, ao redor de 20,0 ºC, considerando-se todo o ciclo. A temperatura base, abaixo da qual, teoricamente, o crescimento é mínimo ou não ocorre, é de 5,0 ºC.
A geada é o fenômeno meteorológico mais prejudicial à canola no estádio de plântula, podendo também causar prejuízos se ocorrer durante o florescimento, com comprometimento parcial ou total da produção da lavoura. No estádio de plântula, os danos acontecem quando a temperatura do ar, no abrigo meteorológico, atinge 0,0 ºC, que pode corresponder a uma temperatura de -3,0 ºC a -4,0 ºC, na superfície do solo. O dano é mais severo, com morte de plantas, quando a geada ocorre sem um período de frio(pelo menos três dias) anterior a mesma, que é chamado de aclimatação. A aclimatação torna as plantas de canola mais tolerantes à geada, reduzindo ou até evitando os danos, dependendo da intensidade da geada.
Evitar a geada na floração é outra estratégia importante, que deve ser levada em conta na definição da época de semeadura e na escolha de áreas preferenciais para cultivo da canola, tanto em escala de propriedade rural como regionalmente. Na floração da canola, a geada causa abortamento de flores e de síliquas em inicio de desenvolvimento. Sendo que os prejuízos são maiores quando a geada ocorre no fim da floração e no inicio de enchimento dos grãos, pois é menor a chance das plantas emitirem novas hastes laterais com vistas à compensação da perda causada. No entanto, a emissão de novas hastes para compensar perdas tem como consequência maior desuniformidade na maturação das síliquas na colheita, aumentando as chances de perdas diretas no campo, pelas síliquas que maturaram primeiro, e perdas indiretas na qualidade dos grãos colhidos, devido a mistura de grãos maduros e verdes.
Para reduzir danos causados por geada em qualquer estádio do ciclo da cultura, deve-se evitar a semeadura de canola em locais propensos ao acúmulo de massas de ar frio, como áreas de baixada, áreas com fluxo preferencial de ar frio e/ou com estruturas que represem o escoamento de ar, bem como na proximidade de matas fechadas. Deve-se priorizar áreas que permitam o escoamento natural do ar frio (não acumulam ar frio) e aquelas com exposição Norte (maior incidência de radiação solar).
Durante a floração da canola, a temperatura do ar acima de 27,0 ºC pode causar abortamento de flores e síliquas em início de formação. Por isso é conveniente que se evite semeaduras em épocas tardias e locais que com temperatura do ar elevada nesse período do ciclo da cultura.
Com relação à necessidade hídrica, as melhores áreas e épocas preferenciais de semeadura da canola são aquelas com disponibilidade de água entre 312 mm a 500 mm, durante o ciclo. Locais e épocas de semeadura sujeitos a déficit hídrico durante o florescimento devem ser evitados, em função de perdas severas de rendimento de grãos e no conteúdo percentual de óleo nos grãos. Especialmente, se o déficit hídrico ocorrer em conjunto com temperatura do ar elevada (acima de 27,0 ºC). Por outro lado, o excesso hídrico diminui o rendimento de grãos pela redução no número de síliquas por planta e no número de grãos por síliqua. Cabe destacar, que excesso hídrico é condição normal durante grande parte do período que se cultiva canola na região Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul (RS).
No Sul do Brasil, os solos com grande probabilidade de encharcamento durante o ciclo de cultivo da canola, como é o caso de áreas de baixada e de várzeas, devem ser evitados. Nas áreas de acúmulo de umidade (“bacias”), frequentemente encontradas na metade sul do RS, mesmo em áreas de coxilha, as perdas baixam o rendimento médio de grãos das lavouras. A canola não tolera solo encharcado, como é comum acontecer no Sul do País, durante a estação de crescimento da safra de inverno, por períodos prolongados. Portanto, a semeadura desse tipo de área deve ser evitada.
Outros fatores adversos à cultura da canola, como precipitações pluviais intensas e ventos fortes quando as síliquas estão fisiologicamente maduras, também podem causar redução do rendimento de grãos, devido a debulha das síliquas, que, em geral, possuem elevada deiscência natural. Para reduzir esse tipo de prejuízo, existem estratégias de manejo, como a antecipação de colheita direta, aplicação de substâncias que diminuem a deiscência das síliquas ou a tecnologia do corte-enleiramento, que visam à minimização de perdas na colheita.

Locais e épocas indicadas para semeadura da canola

A escolha de locais e épocas para semeadura da canola, como estratégia de manejo de cultivo, deve seguir os indicativos do Zoneamento Agrícola de Risco Climático, cujas portarias são anualmente publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Adicionalmente, outros pontos podem ser considerados para definir os melhores locais e épocas para semear canola, especialmente no Rio Grande do Sul, que é o principal estado produtor e conta com avanços significativos em pesquisa com essa cultura. Não há impedimento que esses e outros pontos sejam analisados por profissionais responsáveis pela prestação de assistência técnica aos agricultores, com o objetivo de subsidiar a tomada de decisão.
Há redução da área indicada para cultivo de canola no Rio Grande do Sul, a partir de 15 de abril até 25 de junho, independente do ciclo do genótipo utilizado. A limitação de área é maior para os genótipos de ciclo mais longo, comparado aos de ciclo precoce. A canola apresenta maior potencial de rendimento de grãos quando semeada no início da época indicada, ocorrendo redução de rendimento de grãos com o atraso da semeadura a partir de meados de abril (TOMM et al., 2004).
Para as regiões de maior altitude, especialmente aquelas do extremo nordeste do Rio Grande do Sul, caso dos Campos de Cima da Serra, a semeadura da canola é limitada pelo aumento progressivo do risco de geada. Em outras regiões, como no extremo oeste do estado, a limitação de cultivo, a partir do segundo ou terceiro decêndios de maio é pela ocorrência de deficiência hídrica e de temperaturas do ar elevadas na floração, principalmente a partir de agosto. Nesse caso, a limitação é maior para os solos com baixa retenção de água do que para os solos mais profundos, uma vez que a interação entre déficit hídrico e temperatura do ar elevada pode amplificar o dano causado.
Considerando-se o Rio Grande do Sul como referência, observa-se que as regiões leste e sudeste possuem os períodos de indicação de cultivo mais longo, devido a temperatura do ar ser mais amena do que nas outras regiões, que ameniza o déficit hídrico, além de serem, regiões com precipitação pluvial elevadas. Entretanto, parte dessa área, principalmente na região Serrana, apresenta solos pouco profundos, podendo dificultar o cultivo de canola, uma vez que a espécie se desenvolve melhor em solos sem limitações de profundidade.
De acordo com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o Rio Grande do Sul, os híbridos de ciclo precoce apresentam períodos mais longos para a semeadura, enquanto que híbridos de ciclo tardio têm os períodos mais curtos. Por isto, aqueles de ciclos mais longos devem ser semeados primeiro, seguidos pelos híbridos de ciclo mais precoce, pois os tardios apresentam desenvolvimento mais lento do que os precoces, facilitando a emissão de novas flores caso atingidos por geada na floração. Como os híbridos de ciclo precoce apresentam menor tempo de duração da floração, em caso de geada nesse período do ciclo, a semeadura tardia faz com que a floração ocorra em época com menor risco de ocorrência de frio intenso e abortamento de flores.
Para os demais estados do País em que a canola pode ser cultivada, segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático do MAPA, particularmente naqueles que a temperatura baixa do ar não é problema (não há ocorrência de geadas), a deficiência hídrica no solo e a temperatura do ar elevada são os principais problemas de natureza ambiental/meteorológica para a cultura da canola. No entanto, a dimensão de impactos destes fatores, especialmente em regiões de clima tipicamente subtropical e tropical, ainda carece de estudos adicionais.

Período indicado para semeadura de canola por município

Atualmente, seis estados brasileiros possuem Zoneamento Agrícola de Risco Climático, em escala municipal, para a cultura da canola (Tabela 1), definidos em portarias publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2012a, 2012b, 2012c, 2012d, 2012e, 2012f). Os períodos de semeadura apresentados na Tabela 1 devem ser interpretados como meras indicações dos períodos de semeadura da canola nesses estados, uma vez que não estão especificados os ciclos de híbridos/cultivar e os tipo de solo. Há necessidade que, em cada local, esses dois fatores sejam considerados, conforme as indicações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o cultivo de canola em cada município, disponível online: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/arquivosislegis/anexos/arquivos/DO1_2012_12_13%281%29.pdf(BRASIL, 2012a, 2012b, 2012c, 2012d, 2012e, 2012f).
De maneira geral, os meses de abril e maio são indicados, pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático do MAPA, como propícios para semeadura da canola em praticamente,todos os seis estados que atualmente são contemplados pro esse instrumento de política agrícola do Governo Federal. A exceção é o Estado de Goiás, cuja semeadura é indicada de primeiro de fevereiro a 10 de março (Tabela 1), sendo o estado com menor período de semeadura da canola, em relação aos demais. Por outro lado, Santa Catarina é o estado com o maior período indicado de semeadura da canola, que vai de 21 de março a 30 de setembro. Para os demais estados os períodos de semeadura variam de: 11 de abril a 30 de junho, no Rio Grande do Sul; 01 de março a 31 de maio, no Paraná; 01 de fevereiro a 30 de abril, no Mato Grosso do Sul; e 01 de março a 20 de maio, em São Paulo.

Considerações gerais sobre época de semeadura para canola

Verificar as previsões meteorológicas, pois geadas durante ou logo após a emergência podem matar ou debilitar as plântulas, especialmente em áreas com muita palha. Portanto, sugere-se que seja evitada a semeadura se existe probabilidade de ocorrência de geada nos dias que seguirão a emergência da canola.
A canola apresenta maior potencial de rendimento de grãos quando semeada em meados de abril, nas áreas relativamente quentes do noroeste do RS, como em Três de Maio (Latitude 27o47`02", Longitude 54o14`55", Altitude 333 m). O potencial de rendimento diminui a cada dia de atraso na semeadura após esta data (TOMM et al., 2004). Hyola 60, híbrido de ciclo longo, sofre maior perda de rendimento a cada dia de atraso na semeadura que híbridos de ciclos intermediário ou curto, como Hyola 401. Destes híbridos, o último é o menos afetado pelo comprimento de dia. Isto é, a época de semeadura tem menos influência sobre o rendimento do que nos demais híbridos.
Na maioria dos locais avaliados, a extensão do ciclo dos híbridos foi decrescente, na seguinte ordem: Hyola 60 > Hyola 432 > Hyola 61 > Hyola 43 > Hyola 420 > Hyola 401. Portanto, esta deve ser a ordem de semeadura preferencial. Ao estarem avançados os dias dentro da época indicada, é preferível empregar híbridos de ciclo mais curto, pois estes sofrem menos redução de rendimento em função do atraso na época de semeadura.
Para o extremo norte do RS, região de Vacaria, altitude acima de 800 m, e outras áreas com períodos de geada mais longos e frio mais intenso, deve se dar preferência ao emprego de híbridos de ciclo e período de floração mais longos, como Hyola 60, os quais apresentam maior capacidade para compensar danos de geada do que híbridos com ciclo mais precoce.
Geada na floração, em geral, tem menor efeito sobre o rendimento de grãos de canola do que sobre outras espécies cultivadas no inverno. Embora geada cause aborto de flores, o longo período de floração, típico da canola, que varia de 20 dias, em híbridos precoces, até mais de 45 dias em híbridos de ciclo longo, permite compensar a perda de flores. Geada tardia pode causar prejuízo se a cultura recém terminou a floração e os grãos estão na fase leitosa.


sábado, 11 de novembro de 2017

Solos para a Canola


A inserção da canola em sistemas de produção no Brasil

A canola é passível de incorporação nos sistemas de produção de grãos do Sul do Brasil. Destaca-se como uma excelente alternativa econômica (não exige ativos específicos, valendo-se da mesma estrutura de máquinas e equipamentos disponíveis nas propriedades) para uso em esquemas de rotação de culturas, particularmente com trigo, diminuindo os problemas de doenças que afetam esse cereal (redução de inóculo de fungos necrotróficos que comprometem o rendimento e qualidade de trigo, a exemplo do Fusarium graminearum e Septoria nodorum).
A cultura de canola pode se enquadrar nas rotações dos sistemas de produção de grãos na região Sul, constituindo excelente opção de cultivo de inverno na região, por reduzir problemas fitossanitários de leguminosas, como a soja e o feijão, e das gramíneas, como o milho, trigo e outros cereais. Dessa forma, a canola pode contribuir com a estabilidade e a qualidade da produção de grãos.
O cultivo da canola tem evidenciado respostas similar àquelas obtidas nas pesquisas com colza, realizadas de 1974 a 1984, quanto ao espaçamento, ao ciclo vegetativo, porte da planta e às exigências climáticas e de solo. No Rio Grande do Sul (RS), a canola constitui-se numa adequada alternativa como cultura de inverno, ao lado do trigo, para anteceder culturas de verão como a soja, o milho, o sorgo, o feijão, entre outras, em sistemas de rotação e de sucessão de cultivos.

Exigências edáficas da cultura da canola

A canola é uma planta que demanda elevada quantidade de nutrientes, de maneira geral, requer mais nitrogênio (N) que a maioria das culturas; porém, com uma eficiente utilização de fósforo (P) do solo e do aplicado. A deficiência de N reduz a produtividade da canola, no entanto doses excessivas alongam a fase vegetativa, podendo aumentar a susceptibilidade a patógenos, diminuir o teor de óleo e promover a queima das folhas. Responde à fertilização nitrogenada e fosfatada em grau superior a qualquer outro cultivo, sendo que o aproveitamento do N aplicado está relacionado, diretamente com a umidade acumulada no solo e com precipitação pluvial durante o ciclo vegetativo. A resposta à fertilização fosfatada é influenciada pelo desenvolvimento radicular da planta, método de aplicação, nível de P no solo, tipo de solo, seu conteúdo de umidade e sua temperatura.
Em relação ao enxofre (S), a canola é muito exigente no nutriente visando à obtenção de altos rendimentos, devido ao seu elevado teor de óleo e de proteína nos grãos. A canola necessita absorver aproximadamente 20 kg/ha de S para produzir uma tonelada de grãos, dessa forma, o teor de enxofre verificado pela análise de solo, deverá ser maior que 10 mg/dm3. Assim, quando o solo contiver teor menor, sugere-se aplicar, na semeadura, a dose de 20 kg/ha de S. As sementes de canola contêm, em geral, maior teor de S, exportando 40% do total absorvido. Além de aumentar a produção, o S pode aumentar o teor de óleo das sementes.
Em relação ao potássio (K), é uma cultura que extrai grande quantidade, mas transloca muito pouco às sementes, requerendo menor dose de fertilizante potássico do que as demais culturas. Os rendimentos da canola também podem ser afetados pela deficiência de micronutrientes, e incrementos poderão ser obtidos em determinadas condições, com a aplicação de boro (B), zinco (Zn) e cobre (C)u. O B é um dos micronutrientes mais requeridos pela canola, sendo importante para assegurar a formação das sementes.
A planta de canola desenvolve-se adequadamente em uma ampla variação de umidade do solo, mas em geral ela supera as leguminosas e os demais cereais de inverno em solos arenosos, quimicamente pobres e em condições de seca, requerendo 30% menos água, por unidade de matéria seca, do que a planta de trigo.
Ao escolher uma gleba destinada ao cultivo de canola deve-se buscar: solos devem ser bem drenados, com poucos sinais de erosão severa ou moderados, bem estruturados, pouco ácidos, e com elevada disponibilidade de macro e micronutrientes. Evitar áreas com erosão severa, camadas compactadas; com reduzido teor de matéria orgânica (têm baixa disponibilidade de N e S) e com pouca disponibilidade de nutrientes.

Propriedades e características de solo considerados ideais para cultivo de espécies de inverno

As seguintes propriedades e características de solo foram obtidas a partir de perfis de solos considerados ideais para cultivo de espécies de inverno, por Baier (1994); Hernani et al. (1995); Canola... (2005); Spera & Nascimento Jr. (2006), Potter et al. (2010), e que podem ser consideradas as desejáveis para o cultivo de canola:
Químicas
  • Capacidade de troca catiônica acima de 5 cmolc dm-3.
  • Teor de alumínio trocável inferior a 4 cmolc dm-3.
  • Nível de matéria orgânica do solo entre 2,5 e 5 %.
  • Saturação por alumínio abaixo de 5%.
  • Saturação por sódio abaixo de 4%.
  • Condutividade elétrica do extrato de saturação menor que 400 mS m-1.
  • Saturação por bases acima de 35%.
  • Teor de fósforo acima de 2,0 mg dm-3.
  • pHágua entre 5,5 e 7,0, mas cresce em solos calcários com pHágua até 8,5.
Físicas
  • Solos minerais não hidromórficos.
  • Teor de argila acima de 20%.
  • Densidade do solo entre 1,10 e 1,25 g cm-3.
  • Porosidade total acima de 50%.
  • Água disponível acima de 10%.
  • Ausência de encharcamento.
Morfológicas
  • Profundidade efetiva maior que 100 cm.
  • Ausência de camadas adensadas ou compactadas.
  • Pouca quantidade de argilas expansivas.
  • Drenagem de boa a forte.
  • Ausência de petroplintita, pedregosidade e rochosidade.

Outros fatores de solo que afetam a produtividade da canola

A cultura da canola está se expandindo largamente pelas regiões agrícolas do Brasil, o que indica que é adaptada a uma diversidade enorme de tipos de solos. De modo geral, os solos para canola são os mesmos aptos para o cultivo de cereais de inverno, mas incluindo alguns solos arenosos. Entretanto, os solos argilosos, vermelhos, corrigidos quanto à acidez, são considerados os melhores (EMATER/RS, 2003). Entretanto, outros tipos de solo têm sido cultivados com canola com sucesso.
Os déficits de umidade de solo após a floração podem reduzir os rendimentos de canola em 50%, isto é quando grãos são mais propensos a abortar e o número de síliquas por planta é reduzido. Tal déficit é comum no Brasil acima do paralelo 24°S devido ao clima altamente variável, daí a ênfase na adaptação genotípica e emprego de práticas agronômicas que permitam o aprofundamento do sistema radicular (como o uso facão/guilhotina na semeadura em solos compactados). As culturas são semeadas de modo que o florescimento ocorra num momento quando não é provável a ocorrência de severo estresse de umidade. A canola é também uma cultura relativamente sensível ao encharcamento e, em área inundada pode sofrer redução de até 50% no rendimento de grãos, devido à restrição do desenvolvimento radicular. Por esse motivo, devem ser evitadas àreas da lavoura propensas à inundação.
As camadas de solo compactadas pelo tráfego ou os “pés-de-arado” observados em determinados solos, impedem o alongamento das raizes e podem determinar estresse de umidade no final do ciclo vegetativo. A escarificação mecânica profunda da camada compactada aumenta o rendimento da canola em 12-15% (POTTER et al., 2010). A canola possuia a reputação de ter um forte enraizamento, capaz de atravessar camadas de solo compactadas, no entanto, na prática, a raiz da canola frequentemente “entorta” na presença de camada de compactação. Em solos arenosos, a canola deve ser semeada em lavoura com cobertura de palha, preferencialmente de gramíneas de decomposição lenta, com a aveia.
Entre as restrições edáficas à cultura, tem sido relatado que a canola é sensível ao encharcamento e à inundação. Solos sódicos (elevado teor de Na) e com selamento superficial por dispersão (solódicos) reduzem significativamente a emergência das plântulas de canola. Em solos arenosos, a canola é vulnerável à deficiência hídrica. Solos muito ácidos afetam a produção da canola, bem como solos com elevados teores de alumínio e manganês. Para contornar a deficiência de enxofre tem sido recomendada a aplicação de gesso (CANOLA..., 2005; POTTER et al., 2010).
Os solos considerados ideais para a cultura de canola não irrigada devem mostrar os seguintes atributos: ausência de impedimentos de natureza química, ausência de impedimentos físicos, ausência de impedimentos à mecanização e pouca suscetibilidade à erosão. Monegat (1991) relata que as Brassica napus, apesar de se desenvolver em condições de baixa fertilidade, responde satisfatoriamente e produz maiores rendimentos quando adubadas adequadamente e com o pH do solo corrigido até a faixa entre 5,6 e 7,0. Hernani et al. (1995) reportam que canola possui exigência hídrica menor que as demais cereais de inverno.
No Brasil Central, no início do cultivo de canola (enquanto os ajustes tecnológicos específicos para cada condição são limitados) devese dar preferência às áreas com altitudes superiores a 600 m, solos profundos, com relevo suave-ondulado a plano para favorecer a mecanização. A cultura não tolera solos mal drenados e compactados, pois são prejudiciais às raízes, dificultando a penetração e favorecendo o encharcamento, condição esta que favorece o surgimento de doenças. (ZIMMERMANN, 2005).

Amostragem do solo

Em áreas manejadas com SPD é recomendável coletar amostras compostas em duas camadas: 0 a 10 cm e 10 a 20 cm. Em áreas sob preparo convencional de solo, coletar as amostras de 0 a 20 cm. A análise de solo de 10 a 20 cm é importante para se conhecer o pH do solo, que para a canola deve situar-se entre 5,5 e 6,0, já que este atributo é relevante para o desenvolvimento da canola (MANUAL, 2004).

Solos disponíveis para o cultivo da canola

No Brasil, a canola é cultivada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás (TOMM, 2005). Já existe zoneamento para a cultura em alguns estados do Brasil (MAPA, 2009). O zoneamento para a cultura de canola divide os solos, quanto à textura (teor de argila), e indiretamente, quanto à disponibilidade de água para as plantas, em três classes, de acordo com proposto por Hamakawa et al. (1994):
  • Tipo 1: solos de textura arenosa, com 7% de água disponível na região radicular.
  • Tipo 2: solos de textura média, com 10% de água disponível.
  • Tipo 3: solos de textura argilosa, com 12% de água disponível.

Estados brasileiros com zoneamento agrícola de risco climático para canola

Solos aptos para o cultivo de canola no Rio Grande do Sul
Os dois riscos climáticos mais relevantes para a cultura de canola no Rio Grande do Sul – geada na floração e excesso de chuva na colheita – não estão relacionados com o tipo de solo.
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho, textura média, Latossolo Vermelho Amarelo, textura média; Argissolos Vermelho Amarelo textura média, Argissolos Vermelho, textura média; Planossolos Háplicos, textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distrófico argiloso (> 35% de argila); Latossolo Vermelho distroférrico; Nitossolo Vermelho distroférrico; Nitossolo Bruno distroférrico; Argissolo Vermelho Amarelo argiloso; Argissolo Vermelho argiloso; Argissolo Bruno Acinzentado; Argissolo Acinzentado; Neossolos Regolíticos não lépticos argilosos; Cambissolos não rasos; Neossolos Flúvicos argilosos, Luvissolos bem drenados; Chernossolos Argilúvicos e Háplicos; Planossolos Háplicos argilosos.
Solos aptos para o cultivo de canola em Santa Catarina
Assim como no RS, os dois riscos climáticos mais relevantes para a cultura de canola em Santa Catarina são geada na floração e excesso de chuva na colheita.
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila).
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distrófico de textura argilosa (> 35% de argila); Latossolo Bruno, Latossolo Vermelho distroférrico; Latossolo Bruno câmbico; Nitossolo Vermelho distroférrico e eutroférrico; Nitossolo Bruno distroférrico; Argissolo Bruno-Acinzentado; Argissolo Vermelho-Amarelo, Vermelho e Vermelho-Amarelo latossólico; Nitossolo Vermelho, Nitossolo Bruno; Chernossolos Argilúvicos e Háplicos; Cambissolos Háplicos e Neossolos Litólicos não lépticos.
Solos aptos para o cultivo de canola no Paraná
Os dois riscos climáticos mais relevantes para a cultura de canola no sul do Paraná (ao sul do paralelo 24°S), geada na floração e excesso de chuva na colheita, não estão relacionados com o tipo de solo. Porém, acima desse paralelo, a deficiência hídrica destaca-se como risco e é agravada pela textura de solo, quanto maior o teor de areia.
Para o Estado do Paraná, o zoneamento da cultura de canola estabelece como tipos de solos aptos para o cultiovo não irrigado:
  • Grupo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa.
  • Grupo 2: Latossolo Vermelho, textura média, Latossolo Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho, textura argilosa, Latossolo Vermelho distroférrico, Latossolo Bruno.
  • Grupo 3: Nitossolo Vermelho distroférricos e eutroférrico, Nitossolo Bruno distroférrico; Argissolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho; Cambissolos Háplicos; Chernossolos Argilúvicos e Háplicos; Neossolos Flúvicos argilosos.
Solos aptos para o cultivo de canola em São Paulo
Para a cultura de canola, em condição de sequeiro, no Estado de São Paulo a deficiência hídrica torna-se condição de risco importante e é agravada pela textura de solo, quanto maior o teor de areia. O zoneamento para a cultura de trigo estabelece como tipos de solos aptos para o plantio não irrigado em São Paulo, os seguintes:
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho (< 35% de argila); Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila); Neossolos Flúvicos, textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distroférricos, Latossolo Vermelho distróficos (> 35% de argila); Argissolos Vermelho Amarelo argilosos; Argissolos Vermelho argilosos; Nitossolos Vermelhos distroférricos; Cambissolos eutróficos; Neossolos Flúvicos argilosos; Chernossolos Argilúvicos Férricos.
Solos aptos para o cultivo de canola em Mato Grosso do Sul
Em condição de sequeiro, no Estado de Mato Grosso do Sul, a deficiência hídrica torna-se limitante e impede a utilização de solos de textura arenosa. Para o Estado de Mato Grosso do Sul, o zoneamento da cultura estabelece como tipos de solos aptos para o cultivo não irrigado os seguintes:
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho, textura média, Latossolo Vermelho Amarelo textura média; Neossolos Flúvicos textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho (> 35% de argila), Latossolo Vermelho distroférricos; Argissolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho; Nitossolo Vermelho distroférricos; Cambissolos Háplicos; Neossolos Flúvicos de textura média e argilosa.

Estados brasileiros que ainda não dispõe de zoneamento agrícola de risco climático para canola, mas com potencial de produção da cultura

Solos com potencial para o cultivo de canola em Goiás (e Distrito Federal)
Para Goiás, o Programa de Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura (MAPA, 2009) incluiu a cultura de canola em condição de sequeiro como opção para o período de safrinha, que permite aproveitar o fim do período chuvoso na região. Nessa época, apesar da temperatura e umidade do ar serem elevadas, é possível o cultivo de canola sem irrigação, com a colheita prevista para o início da estação seca. As épocas de semeadura, considerando-se altitude de 600 m, ou superior (exceto para o Sul de Minas Gerais), e solos com elevada capacidade de retenção de água, ficaram restritas ao mês de fevereiro. O zoneamento para canola na região indica os seguintes solos:
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho (< 35% de argila), Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila); Neossolos Flúvicos, textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distroférrico, Latossolo Vermelho (argilosos); Argissolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho; Nitossolo Vermelho distroférricos e eutroférricos; Cambissolos Háplicos; Neossolos Flúvicos de textura média e argilosa.
Solos com potencial para o cultivo de canola em Minas Gerais
O Programa de Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Ministério da Agricultura (MAPA, 2012) ainda não incluiu o Estado de Minas Gerais, no que diz respeito à cultura da canola, tanto em condição de sequeiro como opção para o período de safrinha de primavera, como irrigada.
Nessa época, apesar da temperatura e umidade do ar serem elevadas, é possível o cultivo de canola sem irrigação, com a colheita prevista para o início da estação seca. As épocas de semeadura, considerando-se altitude de 600 m, ou superior, e solos com elevada capacidade de retenção de água, ficaram restritas ao mês de fevereiro.
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho (< 35% de argila); Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila); Neossolos Flúvicos textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distroférrico; Latossolo Vermelho distróficos (argilosos); Latossolo Vermelho Amarelos distróficos (argilosos); Argissolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho; Nitossolo Vermelho distroférricos; Cambissolos Háplicos; Neossolos Flúvicos de textura argilosa.
Solos com potencial para o cultivo de canola em Mato Grosso
O Programa de Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Ministério da Agricultura (MAPA, 2012) ainda não incluiu o Estado de Mato Grosso, no que diz respeito à cultura da canola, tanto em condição de sequeiro como opção para o período de safrinha de primavera, como irrigada. Nessa época, apesar da temperatura e umidade do ar elevadas, em alguns locais é possível o cultivo de canola sem irrigação, com a colheita prevista para o início da estação seca. As épocas de semeadura, considerando-se altitude de 600 m, ou superior, e solos com elevada capacidade de retenção de água, ficaram restritas ao mês de fevereiro nas regiões do Campo Novo dos Parecis e março, na região de Itiquira. A cultura da canola ainda não é passível de recomendação para a região do Nortão matogrossense (CAMARGO, 2011).
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho (< 35% de argila); Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila); Neossolos Flúvicos, textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distróficos (argilosos); Latossolo Vermelho Amarelos distróficos (argilosos); Argissolo Vermelho Amarelo (argilosos), Argissolo Vermelho (argilosos); Nitossolo Vermelho distroférricos e eutroférricos; Cambissolos Háplicos; Neossolos Flúvicos de textura média e argilosa.
Solos com potencial para o cultivo de canola em Tocantins
O Programa de Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Ministério da Agricultura (MAPA, 2012) ainda não incluiu o Estado de Tocantins, no que diz respeito à cultura da canola, tanto em condição de sequeiro como opção para o período de safrinha de primavera, como irrigada. Nessa época, apesar da temperatura e umidade do ar elevadas, em alguns locais é possível o cultivo de canola sem irrigação, com a colheita prevista para o início da estação seca. A mesma consideração poderá ser estendida para centeio, ainda que não haja indicação da cultura para a região. As épocas de semeadura, considerando-se altitude de 600 m, ou superior, e solos com elevada capacidade de retenção de água, ficaram restritas ao mês de fevereiro. A cultura da canola ainda não é passível de recomendação para os locais de baixa altitude no estado, incluindo a região de Formoso do Araguaia.
  • Tipo 1: Argissolo Vermelho Amarelo, textura arenosa/média e arenosa/argilosa; Neossolos Quartzarênicos; Neossolos Flúvicos arenosos.
  • Tipo 2: Latossolo Vermelho Amarelo (< 35% de argila); Neossolos Flúvicos, textura média.
  • Tipo 3: Latossolo Vermelho distróficos (argilosos); Latossolo Vermelho Amarelos distróficos (argilosos); Argissolo Vermelho Amarelo; Cambissolos Háplicos; Neossolos Flúvicos de textura média e argilosa.

Considerações finais

O cultivo de determinadas espécies, como a canola, em solos arenosos, principalmente nos Neossolos Quartzarênicos, envolve sérios riscos. Devem ser observadas várias práticas de manejo, pois esses solos não são considerados aptos para lavouras anuais (SPERA et al., 1998).
Embora já existam cultivos pioneiros, ainda não há zoneamento para a cultura da canola para os estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia (MAPA, 2009). Estes estados têm mostrado potencial para a produção de canola. Em razão da proximidade, o Distrito Federal tem usado as informações do zoneamento de Goiás (ZIMMERMANN, 2005).

Escolha de área para canola

A canola requer solos bem drenados, sem compactação, sem resíduos de determinados herbicidas, ser livre de doenças como a canela-preta (causada pelo fungo Leptosphaeria maculans/Phoma lingam) e a esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum), e não deve apresentar infestação de nabiça (Raphanus raphanistrum). O pH do solo deve ser preferencialmente superior a 5,5 (o pH ideal é 6,0) e o nível de fertilidade deve ser médio ou elevado.
O planejamento da inserção do cultivo de canola no sistema de produção e a escolha de área mais adequada de cada propriedade contribuem de maneira decisiva para o sucesso do cultivo de canola. A seguir, são detalhados critérios para a escolha de áreas destinadas à semeadura de canola, visando aumentar o potencial de rendimento e o rendimento econômico.

Distância de lavouras de canola infectada com canela-preta na safra anterior

A canela-preta, doença causada pelo fungo Leptosphaeria maculans, pode causar grandes prejuízos à canola. Sua ocorrência depende de inóculo que permanece em restos culturais. A resteva de canola, especialmente da última safra, libera ascosporos, que, levados pelo vento a distâncias de até 8 km, infectam as lavouras, logo após a emergência, causando a morte de plantas.
A distância entre a lavoura e onde existia canola infectada por canela-preta na última safra é mais importante do que o número de anos desde o último cultivo de canola na área. Pesquisa realizada na Austrália (tabela 1) indica que é importante evitar a semeadura de canola em lavoura situada a menos de 1 km da área em que havia, na safra anterior, canola infectada com canela-preta.
Tabela 1. Redução no rendimento de grãos e severidade da canela-preta em função da distância dos resíduos de canola da safra anterior.
Distância da resteva de canola da safra anterior (m)
Severidade da doença
(% de plantas com mais de 80% de cancros internos)
Redução no rendimento de grãos de canola (%)
Menos que 100
27
19
100 – 200
16
18
700
13
4
1.000
8
6
Fonte: Blackleg; The stubble connection. Austrália, 2000.

Herbicidas aplicados nos cultivos de soja ou milho, antecedendo canola

Preferencialmente deve-se semear canola em sequência ao cultivo de soja resistente a glifosate, pois nesta condição é menor o risco de efeito prejudicial de herbicidas aplicados em culturas anteriores. O risco de fitotoxicidade às plantas de canola, é maior em anos com pouca chuva entre a época de aplicação dos herbicidas em soja e milho e a semeadura de canola, pois nessas condições a degradação dos herbicidas é mais lenta.
São limitadas as informações sobre o tempo necessário para a decomposição de herbicidas usados em culturas de verão, para que não ocorram danos à canola. Como base, usar os estudos realizados no Estado do Paraná e nos EUA (tabela 2). Observação em lavouras do Rio Grande do Sul sugere que o efeito residual do herbicida Diclosulan pode ser maior que aquele causado pelos do herbicida Imazaquim.
Tabela 2. Período máximo do efeito residual de herbicidas utilizados em soja e milho que podem causar prejuízos à cultura de canola, observado nos estados da Georgia (EUA) e do Paraná.
Herbicida
Meses entre a aplicação e a
semeadura da canola(1)
Ingrediente ativo
Nome comercial
Georgia (EUA)
Paraná(2)
Atrazina
Gesaprim, Primatop, etc
12
--
Cyanazina
Bladex
12
--
Diclosulan
Spider
--
15(3)
Flumetsulan
Scorpion
--
15
Fomesafen
Flex
--
6
Imazaquin
Scepter, Topgun
18
15
Imazethaphyr
Pivot, Vezir
--
15
Metribuzin
Lexone, Sencor , Duplex
12
--
(1) Intervalo máximo após a aplicação de herbicida no qual foi observada fitotoxicidade em canola.
(2) Fonte: Dorival Vicente, 1993. OCEPAR Pesquisa.
(3) Comunicação pessoal Dr. Leandro Vargas, especialista em controle de plantas daninhas, pesquisador da Embrapa Trigo, a Gilberto Omar Tomm, por e-mail, em 14 nov 2012.

Área livre de pragas de solo

Evitar a semeadura de canola em áreas infestadas com corós e outras pragas de solo.
As lavouras de canola ocupam um pequeno percentual da área disponível para produção de grãos do Sul do Brasil. Utiliza-se apenas 40 plantas/m2, e a perda de plantas, pelo dano de insetos de solo, pode causar grande redução no rendimento da lavoura. Não existem resultados de pesquisa na região sobre o controle químico dessas pragas em canola. Portanto, sempre que possível, evitar o cultivo de canola em áreas com mais de 5 corós (Diloboderus abderus)/m2, grilo-marrom (Anurogryllus muticus) ou outras pragas de solo.

Fertilidade de solo

Dar preferência a áreas de solo fértil e aplicar fertilizantes de acordo com a análise de solo.
Em áreas sob plantio direto, coletar amostras compostas em duas profundidades: 0 a 10 cm e 10 a 20 cm. Sob preparo convencional de solo, coletar as amostras de 0 a 20 cm de profundidade. A análise de solo de 10 a 20 cm é importante para conhecer o pH do solo, que para a canola deve situar-se entre 5,5 e 6,0, já que este atributo é relevante para o desenvolvimento da canola.

Rotação de culturas

A canola só deve retornar à mesma área após dois anos.
  • Optar pela rotação de canola com culturas de outras famílias (o nabo forrageiro também é da família das brassicaceas) para controle de doenças, como a canela-preta e a esclerotínia.
  • Controlar plantas daninhas, especialmente a nabiça, e plantas voluntárias de canola nas safras em que a canola não é cultivada.
  • Planejar a rotação lembrando que se deve esperar 20 dias entre a colheita de canola e a semeadura de soja ou de milho.
  • Na sequência, empregar culturas que aproveitem os benefícios da canola: grande disponibilidade de nitrogênio no solo e a tendência de reduzir a severidade de doenças causadas por fungos que sobrevivem em restos culturais de milho e de trigo cultivados, respectivamente, no verão e inverno a seguir.
  • Durante o cultivo de canola é interessante reduzir a infestação com gramíneas, como azevém e aveias, pois há herbicidas de menor custo do que aqueles para controlar estas espécies em cultivos de trigo e outros cereais de inverno.
  • Adotar, sempre que possível, a seguinte sequência de culturas: soja - canola - milho - trigo, por apresentar diversas vantagens no controle de doenças, melhor eficiência de uso de nutrientes, especialmente o nitrogênio proveniente da rápida decomposição da biomassa de canola, e facilidade de semeadura, contribuindo para o aumento da lucratividade.
Para reduzir os riscos de insucesso, escolher áreas que possuem solo de elevada fertilidade, baixa ou nenhuma infestação de plantas daninhas de folhas largas, localizada a mais de 1.000 m de distância de lavoura onde havia canola infectada com a doença fúngica canela-preta, e apresente baixa ou nenhu

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