quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Manejo da Cultura da Acácia-negra



Manutenção

Um bom povoamento de acácia-negra além de ser um reflexo de um bom sítio, associado a uma muda de boa qualidade, depende de uma boa manutenção no que concerne ao controle de plantas daninhas, pragas, doenças bem como de uma boa adubação que permita um bom estado nutricional às plantas.

Manejo

Podas de formação e/ou condução

Não requer podas de formação e/ou condução uma vez que até estes dias não tem sido cultivada para a produção de madeira serrada, e apresenta razoável queda natural da galhada.

Desbaste

É recomendável principalmente nas áreas em revegetação por fogo, para reduzir a densidade populacional e obter troncos de maior diâmetro. 
Em plantios de mudas de torrão recomenda-se o raleio, uma vez que tradicionalmente os viveiristas costumam fornecer torrões com duas mudas cada. 
Normalmente este raleio é feito dos 12 aos 18 meses, principalmente depois do primeiro verão após plantio, que é o período de maior dano da ação do cascudo-serrador.

Colheita e pós-colheita

Planejamento da Colheita

Recomenda-se o empilhamento das toras em nível, o que é facilitado quando o plantio também foi efetuado em nível. Desta forma, é possível reduzir a erosão durante a fase mais crítica, que vai do corte raso até o primeiro ano pós-plantio, ou a cobertura total do solo.

Sistemas de colheita

Normalmente a retirada da casca da planta é realizada com a árvore ainda em pé, procedendo-se na seqüência o corte. Os pequenos agricultores normalmente realizam o corte nos meses de junho e julho, devido a menor demanda de mão-de-obra na agricultura.

Estocagem da produção

A preferência da colheita no inverno também é motivada pela necessidade de entrega das cascas na indústria no menor prazo possível, em relação a qualidade do tanino a ser produzido. A colheita no inverno, época de temperaturas mais baixas, ameniza o efeito do tempo transcorrido entre a colheita e a entrega das cascas.

Sistemas agroflorestais

Sistemas agroflorestais existentes e bem sucedidos

Inúmeros consórcios tem sido relatados da acácia-negra com cultivos agrícolas no primeiro ano de plantio, principalmente na pequena propriedade no Rio Grande do Sul, como milho, mandioca, melancia e fumo, dependendo da região (Granja, 1979).
Em áreas de maior declividade, pouco recomendáveis para o uso com cultivos agrícolas, plantios de  acácia-negra tem sido usados em rotações com cultivos de batata, principalmente. A acácia-negra se beneficia da adubação usada nos cultivos agrícolas e pode atingir desenvolvimento esperado no sétimo ano em prazos menores, reduzindo o ciclo. 
Dois aspectos são importantes, há relatos de agricultores relacionando o desenvolvimento mais rápido da acácia-negra com o aumento da incidência de gomose e não se tem estudos da densidade básica que é atingida nestes cortes com menor idade das plantas.

Descrição sucinta dos sistemas

O consórcio com milho, mandioca e fumo é mais comum em áreas de revegetação pelo fogo, em que o plantio da cultura agrícola é efetuado imediatamente após o fogo, normalmente nos meses de agosto e setembro. No consórcio com melancia, também a acácia-negra é plantada por mudas na mesma época do plantio da melancia. Em ambos os consórcios, ele é efetuado apenas no primeiro ano. É comum também a ocupação das áreas de plantio em larga escala com gado, no terceiro ano após o plantio da acácia-negra, para aproveitamento principalmente das áreas ao longo das estradas e aceiros.

Coeficientes técnicos e custos

Na Tabela 1, são apresentados os coeficientes técnicos, custos, produtividade na forma de casca e madeira e o valor da produção da acácia-negra. Esse conjunto de informações pode servir de indicador para que técnicos e produtores calculem os respectivos custos e renda de acordo com o nível tecnológico e/ou a participação dos diversos componentes usados nos diferentes sistemas de cultivo em cada propriedade rural.

Tabela 1. Coeficientes técnicos, custos, produtividade e valor da produção da acácia-negra (valores em R$ referentes ao primeiro semestre de 2002/ha).
Variáveis
Unidade
Valor unit.
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 5
Ano 7


(R$)
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total













1. Mecanização












. Roçada
Hora.trator
II
2,5
62,50
---
---
---
---
---
---
---
---
. Subsolagem
Hora.trator
II
3
75,00








. Gradeação
Hora.trator
II
1
25,00
---
---
---
---
---
---
---
---
. Carreta/motossera
St.
2,00
---
---
---
---
---
---
---
---
180
360,00
Sub total 1
---
---
6,5
162,50
---
---
---
---
---
---
180
360,00













2. Insumos












. Formicidas
kg.
7,00
3
21,00
1
7,00
1
7,00
---
---
---
---
. Mudas
ud.
0,04
2.222
88,88
---
---
---
---
---
---
---
---
. Herbicidas
Kg/l
18,00
3
54,00
---
---
---
---
---
---
---
---
. N-P-K (4-30.10)
kg
0,60
100
60,00
---
---
---
---
---
---
---
---
Sub total 2
---
---
---
223,88
1
7,00
1
7,00
---
---
---
---













3. Mão-de-obra
Homem.dia
15,00










. Combate as formigas
Homem.dia
15,00
0,5
7,50
0,5
7,5
0,5
7,5
---
---
---
---
. Adubação
Homem.dia
15,00
2
30,00
--
---
---
---
---
---
---
---
. Plantio
Homem.dia
15,00
2
30,00
---
---
---
---
--
---
---
---
. Capina manual
Homem.dia
15,00
2
30,00
2
30,00
---
---
---
---
---
---
. Controle de serrador
Homem.dia
15,00
---
---
0,50
7,50
0,5
7,50
0,5
7,50
---
---
. Descascamento
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
50
750,00
. Abate e corte
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
8
120,00
. Baldeio
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
10
150,00
Sub total 3
Homem.dia
15,00
6,5
97,50
3
45,00
1
15,00
0,5
7,50
68
1.020,00
4. Custo total (1+2+3)
---
---
---
483,88
---
45,00
---
22,00
---
7,50
---
1.380,00













5. Produtividade












. Madeira
st.
30,00
---
---
---
---
---
---
---
---
180
5.400,00
. Casca
T
115,00
---
---
---
---
---
---
---
---
15
1.725,00
. Valor da produção
R$
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
7.125,00
Observação: nos anos 4 e 6 também é realizado o controle do serrador.

Mercados e comercialização

Principais compradores internos e externos

Madeira
Destinada a consumidores de lenha para energia, produção de carvão e exportação de cavacos para celulose, principalmente, para o Japão.
Tanino
Cerca de 60% da produção é destinada ao mercado interno para os setores de curtumes, adesivos, petrolífero, de borrachas, etc. O restante 40% é exportado para mais de 50 países. 
Vale ressaltar que os únicos produtores e exportadores de tanino são a África do Sul, Brasil, Chile e China.

Preços históricos

  1. Casca: Ano de 2000 R$60,00/t; ano de 2001 R$72,00/t e ano de 2002 R$115,00/t.
  2. Madeira: Ano de 2000 R$20,00/estéreo; ano de 2001 R$23,00/estéreo e ano de 2002 R$30,00/estéreo.

Canais de comercialização 

  1. Casca: do produtor diretamente com as três empresas extratoras do tanino na região ou produtor - agente de comercialização - empresas produtoras de tanino.
  2. Madeira: Produtor para consumidores e empresas ou produtor para agentes de comercialização - empresas - mercado regional e exportação.

Rentabilidade econômica

A acácia-negra apesar de apresentar produção com sete anos da implantação, é uma atividade que apresenta uma excelente rentabilidade. A Taxa Interna de Retorno (TIR) alcança a 49,21%. 
Considerando-se uma taxa de juros de 8,75% ao ano sobre o investimento após sete anos apresenta um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 2. 967,50 por hectare e um Valor Presente Líquido Anual de R$ 584,68 por hectare.
É importante ressaltar que os produtores que plantarem culturas anuais como feijão, milho, melancia, mandioca, etc. nas entrelinhas nos três primeiros anos do plantio da acácia, após esse período liberam a área para a pastagem do gado que se alimenta da vegetação do sub-bosque (Mora, 2002). 
Portanto, a rentabilidade econômica da acácia pode ser ainda maior do que os indicadores econômicos apresentados.


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