quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Implantação da Cultura da Acácia-negra


Coleta ou aquisição de sementes ou mudas  

A cultura da acácia permite, pela suas características, o plantio com sementes e o plantio com mudas. Há uma terceira maneira de formar uma floresta em áreas anteriormente cultivadas com acácia-negra, pela queima dos resíduos florestais provocando choque térmico nas sementes caídas no solo, estimulando a sua germinação. A acácia-negra floresce (Figura 1) de julho a outubro, sendo que os frutos (Figura 2) amadurecem de novembro a janeiro.
Foto: Antonio R. HigaTo
Figura 1. Flor de acácia-negra. 
Foto: Antonio R. HigaTo
Figura 2. Fruto de acácia-negra.
Desde a introdução desta espécie no País, a coleta tem sido realizada em formigueiros, uma vez que as formigas após retirarem parte do arilo da semente de acácia, depositam estas sementes na lixeira, armazenando até 3kg por formigueiro. Os muitos viveiristas espalhados principalmente no Rio Grande do Sul, ainda usam desta prática para a obtenção de sementes para as mudas que comercializam.

Produção de sementes 

Nas empresas de produção tanino se pode obter mudas com base em material que já passou por uma seleção e/ou melhoramento, sendo portanto de melhor qualidade e permitindo obter uma floresta mais produtiva e uniforme. Há ainda a possibilidade da importação de sementes da África do Sul e/ou da Austrália.
Por volta de quatro anos produz abundantemente, mas como se trata de semente muito pequena, é trabalhosa a coleta das sementes, daí porque se recorre aos formigueiros.

Produção de mudas

A semente apresenta um tegumento impermeável, sendo necessária a quebra de dormência para efetuar a semeadura. Isso é feito colocando-as em água fervente por um período de 4 a 10 minutos.
Os viveiristas que mais comercializam mudas de acácia-negra costumam produzi-las em torrão ou laminado e, apenas nas empresas produtoras de tanino recentemente começa-se a produção de mudas em tubetes.

Preparo de área

Quando a implantação se der por mudas, devem ser consideradas as diferentes situações em que o plantio está sendo efetuado para tomar uma decisão sobre o preparo da área. De forma geral, pelo seu sistema radicular superficial, a acácia-negra não necessita de área preparada intensivamente. Em áreas que estavam sendo utilizadas com cultivos agrícolas, a possibilidade de formação de uma camada compactada no solo é muito grande.
Desta forma recomenda-se, pelo menos na linha de plantio, o uso de subsolador em profundidade suficiente para romper a camada compactada. O mesmo procedimento pode ser adotado em áreas de solos muito pedregosos na superfície e que apresenta uma profundidade de solo acima de 50 cm.
Em áreas que estavam sendo utilizadas com pastagem, a profundidade de preparo pode ser reduzida, uma vez que há a necessidade de rompimento da compactação superficial formada pelo pisoteio. Nestes casos, o mais importante é o controle das gramíneas , no primeiro ano de plantio, seja por uso de herbicidas ou pelo revolvimento do solo.
Dedecek et al. (1998), não encontraram diferença de crescimento em acácia-negra plantada em área de pastagem natural preparada com subsolador na linha de plantio ou abertura de covas manual. Em área de plantio de segundo ciclo de acácia-negra, que não tenha sido compactada pela colheita mecanizada e/ou pelo baldeio mecanizado da madeira, não há necessidade de preparo do solo.
Quando a implantação da acácia-negra esteja sendo realizada por sementes, as mesmas situações descritas acima devem ser observadas, mas neste caso é possível a semeadura direta. Neste caso, máquinas para realização da semeadura direta estão sendo usadas e mesmo a abertura manual ou mecânica de covas permite a implantação.
Na implantação por regeneração natural, seja com ou sem fogo, não há necessidade de preparo do solo, tanto para a acácia-negra como para o cultivo anual em consórcio no primeiro ano de plantio.

Plantio

O espaçamento usado em plantios comerciais varia entre 3,0m x 1,33m e 3,0m x 1,66m, correspondendo a uma densidade de 2500 a 2000 árvores/ha, respectivamente. Segundo Oliveira (1968), neste espaçamento eram colhidas 1200 árvores com DAP maior que 7 cm. No entanto, em minifúndios os proprietários mantém de 2500 a 3000 mudas por hectare.

Época de plantio

As plantações de acácia-negra não toleram geadas fortes e intensas e nem período de estiagem prolongada, principalmente, no ano de implantação, segundo Tonietto ; Stein (1997), reportando-se às condições ambientais do Rio Grande do Sul.

Técnicas de plantio

O plantio da acácia-negra pode ser realizado de três formas: regeneração natural, semeadura direta e com mudas produzidas em viveiro (Tonietto; Stein, 1997). O crescimento inicial das árvores no primeiro ano de plantio quando efetuado com mudas é superior às demais formas de plantio.
A regeneração natural é possível em áreas cultivadas anteriormente com esta espécie, pela queima dos resíduos da colheita, que provoca a quebra da dormência das sementes caídas no solo. A exposição do terreno ao sol, livre dos resíduos da colheita, também possibilita a regeneração natural, que normalmente é mais lenta e não tão intensa com pela queima dos resíduos.
Na semeadura direta, as sementes tem sua dormência quebrada anteriormente e podem ser semeadas em covas a intervalos fixos ou em linhas numa profundidade de 5 cm. Já se utiliza o plantio mecanizado por semeadura direta, de forma semelhante ao que é feito nos cultivos agrícolas de milho, soja e trigo por exemplo.

Adubação de plantio

Como leguminosa, a acácia-negra está entre as 50 melhores espécies arbóreas fixadoras de nitrogênio, mas requer o fornecimento de fósforo para seu rápido crescimento. Em plantios comerciais, a adubação de 50 gramas de NPK (5:30:15) por cova tem sido muito usada somente no primeiro ano.
De acordo com o "Institute for Commercial Forestry Research-ICFR", da África do Sul (ICFR, 1991), a aplicação de superfostato e cloreto de potássio no plantio de acácia-negra proporcionou um aumento de ate 7 t de casca e 60m3 de madeira por hectare. Num estudo que vem sendo desenvolvido no Município de Paverama , Rio Grande do Sul, o tratamento com adição de 15g super triplo + 45g de KCL, com  relação P/K 1:3 , demonstraram o maior incremento em altura, sendo 12,7% superior a testemunha e 8,3% superior ao tratamento com adição de 25g super triplo + 45g KCl, denotando, inicialmente, que a planta não responde à níveis muito elevados de potássio, assim como deve ser mantido  o equilíbrio da relação P/K (Keil et al., 1998). Dunlop; Goodricke (2000) recomendam, para plantios na África do Sul, a utilização de fósforo e potássio em solos derivados de arenito e para os demais solos somente a adubação fosfatada.
De modo geral, a manutenção dos resíduos na superfície do solo permite devolver mais nutrientes do que é retirado com a exploração da madeira e casca. Alguns macronutrientes ficaram muito próximos do limite ou tiveram devolução menor do que a retirada, principalmente nos solos mais produtivos, que é o caso do cálcio e magnésio. 
Normalmente nos solos estudados, estes nutrientes ocorrem em baixos teores e a acidez é elevada, dificultando a sua disponibilidade para as plantas (Rachwal et al.; 2001). Para Pereira et al. (1999), com a retirada da madeira e da casca na idade de colheita, os nutrientes mais exportados foram nitrogênio, cálcio e magnésio.
Deve-se salientar que a quantidade de nutrientes devolvidos ao solo, pressupõem a não retirada dos resíduos e ou não queima deles. A queima dos resíduos é uma prática comum para os pequenos agricultores, e é problemática porque os galhos servem de local para a reprodução da principal praga que ataca a acácia-negra, que é o cascudo-serrador. Desta forma, as fertilizações nesta espécie florestal além de considerar os solos e a sua litologia, devem, para manter a sustentabilidade, levar em conta a impossibilidade de retorno dos resíduos.


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