quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Araucária: Aspectos econômicos e ambientais



Ocorrência natural

Latitude: De 19º 15 `S (Serra do Padre Ângelo, em Conselheiro Pena, MG, no Alto Rio Doce) a 31º 30 `S (Canguçu, RS), mas as populações de maior interesse econômico situam-se entre 22º S e 28º `S (NTIMA, 1968).
Longitude: Estende-se desde 41º 30 `W até 55º 00 `W (GOLFARI, 1971; LOPEZ et al., 1987).
Variação altitudinal: De 300 m a 2.300 m de altitude, sendo encontrada, preferencialmente, de 700 m a 1.300 m. Quanto menor a latitude, maior a altitude mínima requerida para propiciar temperaturas adequadas, de modo que, no Estado de São Paulo e mais ao norte, a espécie só é encontrada a partir de 750 m. No Paraná, o limite inferior normal de ocorrência é 500 m no sudoeste e 800 m no leste.
Como pontos de menor altitude no Brasil, a espécie ocorre a, aproximadamente, 300 m do nível do mar em São Martinho e Tenente Portela, no noroeste do Rio Grande do Sul (MATTOS, 1972) e também na costa sul catarinense, na divisa entre Lauro Muller e Urussanga (REITZ; KLEIN, 1966). Excepcionalmente, há registro de uma população quase ao nível do mar, em Sombrio, SC, na Planície Quaternária, no extremo sul catarinense (REITZ; KLEIN, 1966).
Distribuição geográfica: Araucaria angustifolia ocorre de forma natural no Brasil (Figura 1), e em pequenas populações, no extremo nordeste da Argentina, na província de Misiones (COZZO, 1980). No leste do Paraguai, há uma única população seguramente nativa, na pequena Reserva Nacional del Pinalito, localizada no sul do Departamento del Alto Paraná, a sudoeste de Foz de Iguaçu, PR (REITZ; KLEIN, 1966; LOPEZ et al., 1987).
No Brasil, a área original das florestas de pinheiro-do-paraná era, aproximadamente, 185.000 km2(MACHADO; SIQUEIRA, 1980). A maior parte estava concentrada na região Sul: 73.780 km2 no Paraná (40% da superfície original), 56.693 km2 em Santa Catarina (31%) e 46.483 km2 no Rio Grande do Sul (25%). Ao norte do Estado do Paraná, as populações estendiam-se, de forma esparsa e irregular, pelo Estado de São Paulo (MARTIUS, 1996a) onde perfazia 5.340 km2 (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e daí chegando até as proximidades do Rio Doce e ao Estado do Rio de Janeiro (AZEVEDO, 1962; MARTIUS, 1996; MOURA, 1975), sempre em terras de altitude elevada (1%).
Ruschi (1950) constatou a presença desta espécie no Espírito Santo, num relicto, crescendo espontaneamente, em meio natural, na Serra do Caparaó, acima de 1.700 m de altitude.


Aspectos econômicos e ambientais

É uma árvore muito útil. Pode-se dizer que tudo nela é aproveitável.
As sementes, no interior dos pinhões, são bastante apreciadas pelos animais, especialmente por pássaros, principalmente periquitos e papagaios. É excelente fonte de alimento para inúmeras espécies de animais, inclusive porcos domésticos. É rico em amido, proteínas e gorduras, constituindo, assim, alimento bastante nutritivo. Quando amadurece, a fartura de pinhão altera toda a vida na mata. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de seis mil anos até os nossos dias, registram a importância do pinhão no cotidiano desses grupos.
A madeira do pinheiro-do-paraná reúne uma variedade de aplicações, tais como: forros, assoalhos, confecção de caixas e palitos de fósforos e mastros de embarcações. Em aplicações rústicas, os galhos eram apenas descascados e polidos, transformando-se em cabos de ferramentas agrícolas.
A resina, após extraída e destilada, fornece alcatrão, óleos diversos, terebentina e breu, para variadas aplicações industriais.
A aplicação do pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro pode se estender, também, ao importante campo da fabricação de papel. Dele, pode-se obter a pasta de celulose, que, após uma série de operações industriais, resulta na produção de papel.
Da forma que ocorreu inicialmente em todo o Brasil, a madeira exportada era retirada do litoral, pois a falta de ligação desse com o planalto constituía-se no maior empecilho para a exploração dos pinheiros, que eram utilizados apenas nos limites da serraria.
A iniciativa do primeiro grande investimento madeireiro no Paraná ocorreu em 1871, com a organização da Companhia Florestal Paranaense, próxima ao traçado da então futura ferrovia Curitiba-Paranaguá.
Porém, a concorrência estrangeira, notadamente a do pinho-de-riga, e a dificuldade de vias de comunicação que possibilitassem o escoamento da madeira, induziram o empreendimento ao fracasso.
Especificamente no Paraná, foi somente após a abertura da Estrada da Graciosa, ligando Curitiba a Antonina, em 1873, da construção da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, em 1885, e do ramal Morretes-Antonina, em 1891, que a extensa floresta de A. angustifolia, existente nos planaltos paranaenses, passou a ser explorada como atividade econômica importante para o estado.
O grande fator propulsor da exportação do pinheiro paranaense foi, sem dúvida, a Primeira Guerra Mundial, pois, com a impossibilidade de importação do similar estrangeiro, o pinho-do-paraná passou a abastecer o mercado brasileiro e o argentino. Multiplicaram-se as serrarias, concentrando-se no centro-sul e deslocando-se para oeste e sudoeste do estado, na medida em que se esgotavam as reservas de pinheiros mais próximas das ferrovias. Transformou-se, assim, a exportação de pinho na nova atividade econômica paranaense, ultrapassando a importância da erva-mate como fonte de arrecadação de divisas para o estado.
O desenvolvimento do transporte feito por caminhão, após a década de 1930, libertou a indústria madeireira da dependência exclusiva da estrada de ferro, penetrando, desta forma, cada vez mais para o interior do país. Com os problemas decorrentes da crise estabelecida no ciclo de exploração da erva-mate, a exploração do pinheiro-do-paraná tomou força. No bojo deste ciclo, instalaram-se no Paraná diversas indústrias, como fábricas de fósforos, de caixas e de móveis.
Em um determinado espaço de tempo, notadamente durante a Segunda Guerra Mundial, a madeira de pinho liderou a pauta das exportações do Paraná e foi importante produto no processo de industrialização de outros estados do Sul do Brasil. Findo o período de conflito, o ciclo madeireiro foi declinando, sendo substituído, no Paraná, pelo café que já despontava como uma das forças econômicas desse estado.
Assim, o ciclo econômico do pinho terminou por volta de 1940, sendo que, da primitiva floresta de pinheiro-do-paraná, originalmente existente no Estado do Paraná, resta aproximadamente 1%. Mas é inegável também a importância que a araucária exerce ainda hoje na história, cultura, hábitos e artes de várias áreas da região Sul do Brasil.

Aspectos ecológicos

Grupo sucessional

Espécie secundária longeva, mas de temperamento pioneiro (IMAGUIRE, 1979). É colonizadora dos campos, inclusive em solos rasos (HUECK, 1961). Segundo Reitz e Klein (1966), o pinheiro-do-paraná é uma espécie colonizadora e heliófila, avançando e irradiando-se sobre os campos de modo a formar continuamente novos capões, cuja composição varia de acordo com as condições edafoclimáticas (de solo e clima). Árvores adultas do pinheiro-do-paraná apresentam tolerância aos incêndios fracos (incêndios de piso, como nos campos, não incêndios de copa), devido ao papel isolante e térmico da casca grossa.
Quanto à classificação sucessional de Budowski (1965), muito difundida no Brasil, o pinheiro pode ser enquadrado como transição entre secundária inicial-SI e secundária tardia-ST, com predominância do caráter SI.

Características sociológicas

Espécie emergente e marcadora da fisionomia da vegetação. Apresenta regeneração natural fraca em ambientes pouco perturbados. Numerosos levantamentos feitos mostraram que essa espécie não se regenera no interior da floresta fechada: suas plantas jovens não conseguem se desenvolver devido à pouca luminosidade (BACKES, 1973). Em formações mais abertas ou em talhões manejados, pinheiros de regeneração podem viver alguns anos, tomando forma estiolada e terminando por morrer, caso não haja abertura suficiente do dossel.
O pinheiro forma todo o estrato superior da floresta conhecida como pinhal ou pinheiral, em associação principalmente com espécies dos gêneros IlexOcotea e Podocarpus, componentes do estrato logo abaixo das copas dos pinheiros (HERTEL, 1980). Nos solos muito drenados, como nas encostas dos campos de São Joaquim, SC, o sub-bosque lenhoso dos pinheirais é pouco desenvolvido ou até ausente (REITZ; KLEIN, 1966).
É árvore longeva, atingindo, em média, entre 140 e 250 anos, existindo exemplares, de acordo com os anéis de crescimento, com até 386 anos de idade (GOLFARI, 1971), porém são raros. Reitz e Klein (1966) e Backes e Nilson (1983), baseados na contagem dos anéis de crescimento, afirmaram que a idade média de pinheiros adultos, com diâmetros superiores a 1,50 m, está entre 140 e 200 anos, ultrapassando raramente os 300 anos. Assim, a araucária com DAP de 2,40 m e volume aproximado de madeira de 120 m3, em Canela, RS, cuja idade é estimada entre 500 a 700 anos (BACKES; NILSON, 1983), deve ser vista com reserva. Lisi et al. (1999) examinaram 21 árvores de pinheiro de populações naturais em Camanducaia, MG, por meio da análise dos anéis de crescimento: as árvores apresentaram idades de 35 a 373 anos, com média de 157 anos, em função do estágio sucessional da população analisada.

Regiões fitoecológicas

Araucaria angustifolia é espécie característica e exclusiva da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), nas formações Aluvial (galeria), Submontana, Montana e Alto-Montana (VELOSO et al., 1991). A espécie é também encontrada nas áreas de tensão ecológica com a Floresta Estacional Semidecidual e com a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica).
A espécie ocorre em área de Floresta Ombrófila Mista no Estado do Paraná, onde se contempla a coexistência de representantes das floras tropical (afrobrasileira) e temperada (austrobrasileira), com marcada relevância fisionômica de elementos Coniferales e Laurales. Essa unidade fitoecológica compreende as formações florestais típicas e exclusivas dos planaltos da região Sul do Brasil com disjunções na região Sudeste e em países vizinhos (Paraguai e Argentina). Encontra-se predominantemente entre 800 m e 1200 m, podendo eventualmente ocorrer acima desses limites (RODERJAN et al., 2002).
Há diversas populações de pinherais em plena Floresta Ombrófila Densa submontana no sul de Santa Catarina (municípios de São João Batista, Antonio Carlos, Lauro Müller, Urussanga e Sombrio). São considerados relictos de uma vegetação outrora predominante e que ainda não foi totalmente deslocada pela relativamente recente imigração da floresta pluvial para a região. Tal hipótese baseia-se na composição das associações e em seus fortes estágios sucessionais (KLEIN, 1960; REITZ; KLEIN, 1966).
Estudos feitos no Estado de São Paulo indicam que a substituição da floresta de araucárias pelas florestas de folhosas, ainda em curso, iniciou há 16 mil anos, associada à mudança para um clima mais quente e úmido (PESSENDA et al., 2009). Ao menos em algumas regiões houve, depois, um refluxo temporário do clima, permitindo reinstalação também temporária da floresta de coníferas (GARCIA et al., 2004). A invasão dos campos do sul do Brasil pelo pinheiro é um fenômeno mais recente, decorrente de mudança climática para uma maior umidade, tendo ocorrido notadamente nos últimos 1.400 anos (BEHLING; PILLAR, 2007).

Densidade

De acordo com o estágio de desenvolvimento do pinheiral e das condições edáficas ou ambientais, a densidade do pinheiro era muito variável, de apenas uma até 200 árvores por hectare (REITZ et al., 1978). Em um inventário conduzido na Selva Misionera na Província de Misiones, Argentina, o pinheiro-do-paraná representou valores entre 0 a 48 exemplares por hectare (MARTINEZ-CROVETTO, 1963). No planalto meridional do Brasil, os pinheirais abrigavam, tipicamente, de 12 a 65 árvores em ponto de corte por hectare, cada uma fornecendo em média 4 m3 de tora ou 2,5 m3 a 3 m3 de madeira serrada (AUBREVILLE, 1949).
Estudos feitos na Reserva Florestal da Embrapa/Epagri em Caçador, SC, exemplificam a variação de densidade do pinheiro em áreas contíguas. Para a área total da Reserva, a densidade do pinheiro é de 17 árvores por hectare, considerando DAP a partir de 20 cm e chegando a 150 cm (RIVERA, 2007). Numa parte da Reserva, o pinheiral é mais denso, com 65 árvores por hectare, também considerando DAP de 20 cm ou mais (LINGNER et al., 2007).



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Biologia reprodutiva e fenologia da Araucária


Sistema sexual: Apresenta as estruturas organizadas em estróbilos masculinos e femininos em plantas distintas, por isso são dioicas. Raramente são encontrados indivíduos monoicos (dois sexos em uma mesma planta) e essa condição pode ser decorrente de traumas e/ou doenças, pois não há evidências de que este seja um caráter hereditário (BANDEL; GURGEL, 1967; REITZ; KLEIN, 1966). A proporção de indivíduos masculinos e femininos tem se mostrado significativamente equilibrada (1:1), em distintos povoamentos naturais e plantados (SOUSA, 2001; SÓLORZANO-FILHO, 2001). No entanto, alguns pesquisadores encontraram desvios significativos em favor das árvores masculinas, em populações naturais (BANDEL; GURGEL, 1967; MATTOS, 1972), que podem estar relacionados ao histórico do povoamento. Estes desvios também foram observados em povoamentos plantados (PINTO, 1982).
Sistema reprodutivo: A dioicia do pinheiro-do-paraná o identifica como espécie alógama. O dioicismo nas espécies vegetais representa o mecanismo extremo para impedir o autocruzamento (THOMSON; BARRETT, 1981). Porém, o cruzamento entre indivíduos aparentados pode ocorrer, havendo probabilidade da existência de indivíduos com certo grau de endogamia (SOUSA et al. 2005).
Vetor de polinização: O pinheiro-do-paraná é polinizado principalmente pelo vento. Portanto, a eficiência da polinização depende da velocidade e direção do vento, além do grau de turbulência. O período relativamente longo, no qual os androestróbilos liberam os grãos de pólen, pode ser uma adaptação para aumentar o sucesso da polinização, pois o vento promove uma dispersão difusa do pólen com altas taxas de perdas (MATTOS, 1994). A dispersão pelo vento é reconhecidamente um mecanismo ineficiente para o transporte de grandes quantidades de pólen, nas florestas perenifólias (FINKELDEY, 1998). Outros obstáculos à dispersão são o tamanho relativamente grande do pólen (60 micras), a alta taxa de dispersão e a falta de aparatos que facilitem a dispersão (SOUSA; HATTEMER, 2003b). Após o amadurecimento do pólen, o estróbilo masculino, nesta fase, passa da cor verde para castanha, sendo que a polinização ocorre de agosto a outubro, no Sul do Brasil e de outubro a dezembro, em Minas Gerais (SHIMOYA, 1962). Normalmente, dois anos após a polinização, as pinhas amadurecem. Porém, o ciclo evolutivo completo do pinheiro-do-paraná, do carpelo primordial à semente, dá-se num período de quatro anos, aproximadamente (SHIMOYA, 1962). A ave conhecida por grimpeirinho (Leptasthenura setaria) também age como polinizador, transportando pólen de um pinheiro para outro, durante a procura de alimento entre as folhas das árvores (BOÇON, 1995).
Reprodução: Em função da ampla área de ocorrência natural no Sul do Brasil, diferenças na fenologia reprodutiva entre populações são esperadas. O início de formação dos estróbilos masculinos e femininos varia com a região geográfica e outros fatores. O desenvolvimento dos estróbilos masculinos foi registrado de novembro a fevereiro e os femininos de novembro a janeiro (ANSELMINI, 2008; SOLÓRZANO-FILHO, 2001, SOUSA; HATTEMER, 2003a) em Curitiba e Colombo, no Estado do Paraná, e Campos do Jordão, em São Paulo, respectivamente. O ciclo reprodutivo do estróbilo masculino, desde o início da formação até a liberação do pólen, é de 10 a 11 meses (ANSELMINI, 2008).
Foto: Ivar Wendling
Figura 1. Pinha madura, prestes a liberar as sementes.
O processo reprodutivo até a formação das sementes é longo (SHIMOYA, 1962), requerendo aproximadamente quatro anos para que um ciclo se complete. As pinhas amadurecem desde fevereiro até dezembro, conforme as diversas variedades. As sementes (pinhões) são encontradas de março a setembro no Paraná; de abril a julho em São Paulo e em Santa Catarina; e de abril a agosto, no Rio Grande do Sul (CARVALHO, 1994). O início do processo reprodutivo varia de acordo com o local, em populações naturais e plantios. As pinhas amadurecem desde fevereiro até dezembro, conforme as diversas variedades. Quando plantadas, árvores isoladas iniciam a produção de sementes entre 10 e 15 anos, e, em povoamentos, a produção de sementes pode iniciar a partir de 14 anos (SOUSA, et al. 2003a; CARVALHO, 1994). Em um povoamento com 26 anos de idade e já desbastado, 45,3% das árvores apresentavam estróbilos desenvolvidos. A espécie apresenta ciclos de produção, com anos de contrassafra após dois ou três anos consecutivos de alta produção de sementes. A frutificação é anual e a abundância, em cada ano, varia entre locais (MATTOS, 1972). O pinheiro-do-paraná permanece por mais de 200 anos em produção (MATTOS, 1972). Em termos médios, um pinheiro produz 40 pinhas por árvore, chegando a atingir individualmente até 200 pinhas.

Dispersão das pinhas e sementes

Geralmente é por autocoria, principalmente barocórica, limitada à vizinhança da árvore-mãe (60 m a 80 m), devido ao peso das sementes. Contudo, também é zoocórica, por aves e roedores. Entre os roedores destacam-se camundongos, pacas, cutias, ouriços e esquilos (KUHLMANN; KUHN, 1947; MÜLLER, 1990; ALBERTS, 1992). A cutia (Dasyprocta azarae) é grande apreciadora do pinhão e, pelo costume que tem de enterrar as sementes, para comê-las depois, é uma das disseminadoras mais importantes do pinheiro (CARVALHO, 1950). É tradição no Sul do Brasil, principalmente no Paraná, considerar a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) como a principal dispersora do pinheiro-do-paraná. Porém, essa ave raramente desce ao solo, vivendo o tempo todo no alto da copa das árvores, na floresta. É a gralha-amarela, (Cyanocorax chrysops), entretanto, que esconde o pinhão no solo, para possível uso posterior (ANJOS, 1987). Outra ave que atua como dispersora das sementes do pinheiro-do-paraná é o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) (SOLÓRZANO-FILHO; KRAUS, 1999). Na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, entre os principais dispersores desta espécie, podem ser mencionados tucanos, tiribas e os macacos (BUSTAMANTE, 1948). O homem, que também utiliza o pinhão na sua alimentação, em certos casos, pode funcionar como agente dispersor (MONTEIRO; SPELTZ, 1980). A relação do pinheiro com o homem, com os animais da floresta, com a paisagem e com os fenômenos naturais, motivou o surgimento de muitas lendas e estórias sobre essa planta (SANQUETTA; TETTO, 2000).




quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Taxonomia e Descrição das espécies de Araucária


Taxonomia

De acordo com o Sistema de Classificação Botânica de Engler, a taxonomia de Araucaria angustifoliaobedece à seguinte hierarquia:
Classe: Coniferopsida.
Ordem: Coniferae.
Família: Araucariaceae.
Espécie: Araucaria angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze, Revisio Generum Plantarum 3(2):375, 1898.
Sinonímia botânica: Araucaria brasiliana Richard; Araucaria brasiliensis London; Colymbea angustifoliaBertoloni; Pinus dioica Vellozo
Nomes vulgares no Brasil:
  • araucária, pinheiro-araucária, pinheiro-caiová (PR, SC, SP);
  • cori, curi (SP);
  • curiúva, pinhão, pinheiro-chorão (RJ);
  • pinheiro (PR, RS, SC, SP);
  • pinheiro-branco, pinheiro-brasileiro (MG, RS, SP);
  • pinheiro-cajuva, pinheiro-elegante, pinheiro-macaco (PR, SC) ;
  • pinheiro-macho-fêmea, pinheiro-das-missões, pinheiro-de-ponta-branca, pinheiro-preto, pinheiro-rajado, pinheiro-de-são-josé, pinho (RS);
  • pinho-brasileiro, pinho-do-paraná.
Nomes vulgares no exterior: kuri`y, no Paraguai e pino paraná, na Argentina. Em inglês e no mercado mundial de madeiras: parana pine.
Etimologia: Araucaria deriva de Arauco, região do Chile central, de onde procede a espécie tipo;angustifolia, do latim angustus (estreito, pontudo) e folium (folha) (REITZ; KLEIN, 1966).

Descrição das espécies

Forma: Árvore perenifólia, com 10 m a 35 m de altura e 50 cm a 120 cm de diâmetro à altura do peito (DAP) (CARVALHO, 1994), atingindo excepcionalmente 50 m de altura e 250 cm ou mais de DAP, na idade adulta (REITZ; KLEIN, 1966).
Tronco: Fuste, em geral, cilíndrico, reto; raras vezes bifurcado em dois ou mais troncos, com 50 cm a 120 cm de DAP, podendo atingir 250 cm ou mais (REITZ; KLEIN, 1966; CARVALHO, 1994).
Ramificação: Árvore adulta, com pseudoverticilos, muito típica. Copa alta, estratificada e múltipla, caliciforme ou em forma de taça nas árvores mais velhas, e cônica nas árvores mais jovens. Ramos primários cilíndricos, curvados para cima, maiores os inferiores e menores os superiores (REITZ; KLEIN, 1966). Ramos secundários agrupados no ápice dos ramos primários.
Casca: Grossa, com espessura variando de 7 cm a 15 cm (REITZ; KLEIN, 1966). Casca externa de cor marrom-arroxeada, persistente, áspera, rugosa, desprendendo-se em lâmina na parte superior do fuste. A casca interna é resinosa, esbranquiçada, com tons róseos (CARVALHO, 1994).
Acículas (conhecidas popularmente como folhas): Simples, sésseis, alternas, espiraladas, lineares a lanceoladas, coriáceas, verde-escuras, com de 3 cm a 6 cm de comprimento por 4 mm a 10 mm de largura (CARVALHO, 1994; REITZ; KLEIN, 1966).
Estróbilos (inflorescência): As árvores dessa espécie são dioicas, mas ocasionalmente ocorrem árvores monoicas, devido a doenças e traumas (SHIMIZU; OLIVEIRA, 1981). Os cones masculinos (flores masculinas) são cilíndricos e alongados, medindo de 10 cm a 22 cm de comprimento, por 2 cm a 5 cm de diâmetro, sendo compostos por escamas (Figuras 1 e 2). As escamas se arranjam na inflorescência masculina, em espiral. As escamas da base se abrem primeiro, deixando o pólen livre e à disposição do vento para ser transportado ao estróbilo feminino. Flores femininas em estróbilo, chamado de pinha, com cone subarredondado, protegidas no ápice de um ramo por numerosas acículas muito próximas umas das outras (REITZ; KLEIN, 1966), com várias brácteas escamiformes, coriáceas, sem asas e com espinho no ápice, inseridas sobre um eixo central e cônico, com base mais ou menos cilíndrica. As brácteas escamiformes férteis sustentam em sua base apenas um óvulo (Figura 3).
Cone (conhecido como fruto): Pseudofrutos reunidos em estróbilo feminino ou (ovário), com 10 cm a 25 cm de diâmetro, composto de 700 a 1.200 escamas, com número variável de sementes (5 a 150 pinhões), pesando de 0,61 kg a 4,1 kg, podendo chegar até 4,7 kg (MATTOS, 1994). Em uma pinha de 2,3 kg, encontra-se, em média, 0,82 kg de pinhões (MATTOS, 1972). As pinhas são encontradas nos galhos, de uma a duas em cada ramo. Contudo, o maior número observado de pinhas num galho foi quatorze (MATTOS, 1972) (Figura 4). 
Foto: Valderês Aparecida de Sousa
Figura 1. Cone masculino verde.
Foto: Valderês Aparecida de Sousa
Figura 2. Cone masculino maduro, após a liberação do pólen.
Foto: Ivar Wendling
Figura 3. Estróbilo feminino desenvolvido.
Foto: Ivar Wendling
Figura 4. Cone maduro.
Sementes: As sementes têm origem nas brácteas do estróbilo feminino, desenvolvendo-se a partir de óvulos nus, geralmente com tegumento duro e endosperma abundante. São carnosas, conhecidas como pinhões, tendo 3 cm a 8 cm de comprimento, por 1 cm a 2,5 cm de largura e peso médio de 8,7 g; a forma é cônica-arredondada-oblonga, com ápice terminando com um espinho achatado e curvado para a base (Figuras 5 e 6). A amêndoa é branca-róseo-clara, rica em reservas energéticas, principalmente amido (54,7%) e aminoácidos; no centro, encontra-se o embrião com os cotilédones, brancos ou rosados claros, que são retos, ou com a extremidade dobrada e constituem cinco sextos do comprimento do embrião (REITZ; KLEIN, 1966; CARVALHO, 1994).
Foto: Valderês Aparecida de Sousa
Figura 5. Sementes de araucária.
Foto: Ivar Wendling
Figura 6. Sementes de araucária e relação métrica.



domingo, 17 de setembro de 2017

Cultivo da Araucária (pinheiro-do-paraná)



Daremos aqui mais uma série de postagem envolvendo o cultivo da Araucária
O pinheiro-do-paraná, também conhecido como pinheiro-araucária, pinheiro-brasileiro, entre outras denominações, é uma espécie que teve sua origem há 200 milhões de anos, quando surgiram as árvores primitivas com sementes sem frutos, as coníferas, ordem a que pertence a Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.
As espécies da família Araucariaceae encontram-se unicamente no Hemisfério Sul, sendo que apenas duas delas ocorrem na América do Sul: a Araucaria angustifolia e a Araucaria araucana. O pinheiro-do-paraná apresenta ampla área de ocorrência natural, abrangendo populações esparsas na região Sudeste, em toda a região Sul do Brasil, na Argentina (região de Misiones) e no Paraguai, pontualmente.
Foto: Valderês Aparecida de Sousa
Figura 1. População natural de Araucaria angustifolia.
O pinheiro-do-paraná apresenta grande porte, podendo atingir até 50 metros de altura, formando o estrato superior da floresta. Quando jovens, as plantas possuem copa em forma de cone, tomando forma de taça na idade adulta. O tronco é reto e ramifica-se apenas no topo, formando uma copa característica. As folhas são de coloração verde-escura e persistem durante o inverno.
A espécie destaca-se na paisagem pela rara beleza, além de ocorrer em vários estados brasileiros, como no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os pinheiros dominaram a paisagem no Sul do Brasil, na sua área de ocorrência, provavelmente desde a última glaciação até o final do século XIX; contudo, na atualidade, sua área remanescente é bem menor, comparativamente aos 200 mil km² estimados da área originalmente ocupada.
Em função da redução da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) para menos de 1% da sua área original, várias restrições têm sido impostas à exploração desse bioma, especialmente de sua principal espécie, a Araucaria angustifolia. Assim, é de grande importância o plantio dessa espécie para as diversas finalidades, pois somente dessa forma será possível utilizá-la, sem comprometer o patrimônio genético restante, já tão ameaçado. A publicação eletrônica de mais este sistema de produção insere o pinheiro-do-paraná no grupo de espécies que farão parte do processo de criação de uma agência de informação sobre espécies florestais de importância socioeconômica e ambiental.



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Manejo da Cultura da Acácia-negra



Manutenção

Um bom povoamento de acácia-negra além de ser um reflexo de um bom sítio, associado a uma muda de boa qualidade, depende de uma boa manutenção no que concerne ao controle de plantas daninhas, pragas, doenças bem como de uma boa adubação que permita um bom estado nutricional às plantas.

Manejo

Podas de formação e/ou condução

Não requer podas de formação e/ou condução uma vez que até estes dias não tem sido cultivada para a produção de madeira serrada, e apresenta razoável queda natural da galhada.

Desbaste

É recomendável principalmente nas áreas em revegetação por fogo, para reduzir a densidade populacional e obter troncos de maior diâmetro. 
Em plantios de mudas de torrão recomenda-se o raleio, uma vez que tradicionalmente os viveiristas costumam fornecer torrões com duas mudas cada. 
Normalmente este raleio é feito dos 12 aos 18 meses, principalmente depois do primeiro verão após plantio, que é o período de maior dano da ação do cascudo-serrador.

Colheita e pós-colheita

Planejamento da Colheita

Recomenda-se o empilhamento das toras em nível, o que é facilitado quando o plantio também foi efetuado em nível. Desta forma, é possível reduzir a erosão durante a fase mais crítica, que vai do corte raso até o primeiro ano pós-plantio, ou a cobertura total do solo.

Sistemas de colheita

Normalmente a retirada da casca da planta é realizada com a árvore ainda em pé, procedendo-se na seqüência o corte. Os pequenos agricultores normalmente realizam o corte nos meses de junho e julho, devido a menor demanda de mão-de-obra na agricultura.

Estocagem da produção

A preferência da colheita no inverno também é motivada pela necessidade de entrega das cascas na indústria no menor prazo possível, em relação a qualidade do tanino a ser produzido. A colheita no inverno, época de temperaturas mais baixas, ameniza o efeito do tempo transcorrido entre a colheita e a entrega das cascas.

Sistemas agroflorestais

Sistemas agroflorestais existentes e bem sucedidos

Inúmeros consórcios tem sido relatados da acácia-negra com cultivos agrícolas no primeiro ano de plantio, principalmente na pequena propriedade no Rio Grande do Sul, como milho, mandioca, melancia e fumo, dependendo da região (Granja, 1979).
Em áreas de maior declividade, pouco recomendáveis para o uso com cultivos agrícolas, plantios de  acácia-negra tem sido usados em rotações com cultivos de batata, principalmente. A acácia-negra se beneficia da adubação usada nos cultivos agrícolas e pode atingir desenvolvimento esperado no sétimo ano em prazos menores, reduzindo o ciclo. 
Dois aspectos são importantes, há relatos de agricultores relacionando o desenvolvimento mais rápido da acácia-negra com o aumento da incidência de gomose e não se tem estudos da densidade básica que é atingida nestes cortes com menor idade das plantas.

Descrição sucinta dos sistemas

O consórcio com milho, mandioca e fumo é mais comum em áreas de revegetação pelo fogo, em que o plantio da cultura agrícola é efetuado imediatamente após o fogo, normalmente nos meses de agosto e setembro. No consórcio com melancia, também a acácia-negra é plantada por mudas na mesma época do plantio da melancia. Em ambos os consórcios, ele é efetuado apenas no primeiro ano. É comum também a ocupação das áreas de plantio em larga escala com gado, no terceiro ano após o plantio da acácia-negra, para aproveitamento principalmente das áreas ao longo das estradas e aceiros.

Coeficientes técnicos e custos

Na Tabela 1, são apresentados os coeficientes técnicos, custos, produtividade na forma de casca e madeira e o valor da produção da acácia-negra. Esse conjunto de informações pode servir de indicador para que técnicos e produtores calculem os respectivos custos e renda de acordo com o nível tecnológico e/ou a participação dos diversos componentes usados nos diferentes sistemas de cultivo em cada propriedade rural.

Tabela 1. Coeficientes técnicos, custos, produtividade e valor da produção da acácia-negra (valores em R$ referentes ao primeiro semestre de 2002/ha).
Variáveis
Unidade
Valor unit.
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 5
Ano 7


(R$)
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total
Qde.
Total













1. Mecanização












. Roçada
Hora.trator
II
2,5
62,50
---
---
---
---
---
---
---
---
. Subsolagem
Hora.trator
II
3
75,00








. Gradeação
Hora.trator
II
1
25,00
---
---
---
---
---
---
---
---
. Carreta/motossera
St.
2,00
---
---
---
---
---
---
---
---
180
360,00
Sub total 1
---
---
6,5
162,50
---
---
---
---
---
---
180
360,00













2. Insumos












. Formicidas
kg.
7,00
3
21,00
1
7,00
1
7,00
---
---
---
---
. Mudas
ud.
0,04
2.222
88,88
---
---
---
---
---
---
---
---
. Herbicidas
Kg/l
18,00
3
54,00
---
---
---
---
---
---
---
---
. N-P-K (4-30.10)
kg
0,60
100
60,00
---
---
---
---
---
---
---
---
Sub total 2
---
---
---
223,88
1
7,00
1
7,00
---
---
---
---













3. Mão-de-obra
Homem.dia
15,00










. Combate as formigas
Homem.dia
15,00
0,5
7,50
0,5
7,5
0,5
7,5
---
---
---
---
. Adubação
Homem.dia
15,00
2
30,00
--
---
---
---
---
---
---
---
. Plantio
Homem.dia
15,00
2
30,00
---
---
---
---
--
---
---
---
. Capina manual
Homem.dia
15,00
2
30,00
2
30,00
---
---
---
---
---
---
. Controle de serrador
Homem.dia
15,00
---
---
0,50
7,50
0,5
7,50
0,5
7,50
---
---
. Descascamento
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
50
750,00
. Abate e corte
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
8
120,00
. Baldeio
Homem.dia
15,00
---
---
---
---
---
---
---
---
10
150,00
Sub total 3
Homem.dia
15,00
6,5
97,50
3
45,00
1
15,00
0,5
7,50
68
1.020,00
4. Custo total (1+2+3)
---
---
---
483,88
---
45,00
---
22,00
---
7,50
---
1.380,00













5. Produtividade












. Madeira
st.
30,00
---
---
---
---
---
---
---
---
180
5.400,00
. Casca
T
115,00
---
---
---
---
---
---
---
---
15
1.725,00
. Valor da produção
R$
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
7.125,00
Observação: nos anos 4 e 6 também é realizado o controle do serrador.

Mercados e comercialização

Principais compradores internos e externos

Madeira
Destinada a consumidores de lenha para energia, produção de carvão e exportação de cavacos para celulose, principalmente, para o Japão.
Tanino
Cerca de 60% da produção é destinada ao mercado interno para os setores de curtumes, adesivos, petrolífero, de borrachas, etc. O restante 40% é exportado para mais de 50 países. 
Vale ressaltar que os únicos produtores e exportadores de tanino são a África do Sul, Brasil, Chile e China.

Preços históricos

  1. Casca: Ano de 2000 R$60,00/t; ano de 2001 R$72,00/t e ano de 2002 R$115,00/t.
  2. Madeira: Ano de 2000 R$20,00/estéreo; ano de 2001 R$23,00/estéreo e ano de 2002 R$30,00/estéreo.

Canais de comercialização 

  1. Casca: do produtor diretamente com as três empresas extratoras do tanino na região ou produtor - agente de comercialização - empresas produtoras de tanino.
  2. Madeira: Produtor para consumidores e empresas ou produtor para agentes de comercialização - empresas - mercado regional e exportação.

Rentabilidade econômica

A acácia-negra apesar de apresentar produção com sete anos da implantação, é uma atividade que apresenta uma excelente rentabilidade. A Taxa Interna de Retorno (TIR) alcança a 49,21%. 
Considerando-se uma taxa de juros de 8,75% ao ano sobre o investimento após sete anos apresenta um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 2. 967,50 por hectare e um Valor Presente Líquido Anual de R$ 584,68 por hectare.
É importante ressaltar que os produtores que plantarem culturas anuais como feijão, milho, melancia, mandioca, etc. nas entrelinhas nos três primeiros anos do plantio da acácia, após esse período liberam a área para a pastagem do gado que se alimenta da vegetação do sub-bosque (Mora, 2002). 
Portanto, a rentabilidade econômica da acácia pode ser ainda maior do que os indicadores econômicos apresentados.


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