domingo, 25 de junho de 2017

Cultivares de Alfafa


Países com maior tradição no cultivo da alfafa, tais como EUA, Canadá e Argentina, dispõem de número elevado de cultivares, adaptadas aos diferentes ambientes para os quais foram selecionadas. Já o Brasil tem a maior parte da área cultivada de alfafa ocupada por variedades oriundas da população Crioula. A população Crioula é resultante de um processo de seleção realizado pelo homem e pela natureza, ocorrido no Rio Grande do Sul, a partir da introdução e do cultivo da alfafa nos vales dos rios Caiu, Taquari, Jacuí e Uruguai, e nas encostas da Serra, iniciado por volta de 1850 (SAIBRO, 1985; OLIVEIRA et al., 1993; PEREZ, 2003). Nesses cultivos, os produtores colhiam sementes de alfafais com quatro a cinco anos de idade, o que acabou gerando a população Crioula. A consequência desse processo de seleção foi o desenvolvimento de uma população de ampla variabilidade genética e de boa adaptação à maioria dos ambientes. As principais variedades oriundas da população Crioula de que se tem conhecimento são: Crioula CRA, Crioula Itapuã, Crioula na Terra, Crioula Nativa, Crioula Ledur, Crioula Roque, Crioula Chile e Crioula UFRGS (KÖPP et al., 2011).
A alfafa Crioula se caracteriza por não apresentar queda de folhas durante o seu desenvolvimento, o que resulta em maior acúmulo de reservas nas raízes e na coroa da planta. Essa retenção foliar proporciona rebrota intensa e vigorosa e leva à rápida recuperação da área foliar após os cortes, com bom rendimento de matéria seca, boa distribuição sazonal e grande persistência. Além disso, por ser uma cultivar sem dormência hibernal,  apresenta crescimento ativo durante o outono e durante o inverno (SAIBRO, 1985; HONDA e HONDA, 1990; NUERNBERG et al., 1990). A população Crioula apresenta hábito de crescimento ereto, característica interessante para fenação, finalidade para a qual tem sido mais cultivada no Brasil (PEREZ, 2003), bem como variação de tipos de planta persistentes, ideal para pastejo (FAVERO, 2006).
Resultados de pesquisa, tanto para corte como para pastejo, em condições tropicais e em condições subtropicais, têm demonstrado superioridade das variedades crioulas, com produção de até 25 t.ha-1.ano-1 de massa seca, baixa estacionalidade, alta fixação biológica de N atmosférico, boa tolerância às doenças e eficiência no uso de água (RASSINI et al., 2008).
A introdução e a avaliação de cultivares já melhoradas é uma estratégia interessante a ser adotada em programas de melhoramento, sendo o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), da Argentina, instituição parceira da Embrapa nesse intercâmbio. Dentre as cultivares introduzidas de outros países, apenas a Monarca SP INTA, a Super Leiteira, a Trifecta, a WL-325 HQ e a WL-525 HQ estão inscritas no Registro Nacional de Cultivares, do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (BRASIL, 2009) e, portanto, podem ter suas sementes comercializadas no Brasil. Entretanto, deve-se enfatizar que a cultivar Crioula continua sendo a mais plantada no país, com boa adaptabilidade e boa estabilidade (FERREIRA et al., 2004; KÖPP et al., 2011).


domingo, 18 de junho de 2017

PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA CAFEEIRA



PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA CAFEEIRA

A implantação da lavoura cafeeira é um dos pilares da sustentabilidade da cafeicultura, pois, sendo uma cultura permanente, uma vez estabelecido, no cafezal dificilmente será possível se fazerem correções.
O plantio de café envolve uma série de aspectos, no qual pequenos detalhes assumem importância decisiva. Na maioria dos casos, as falhas cometidas refletirão por toda a vida útil da cultura, influenciando a sua longevidade, a qualidade do produto, a produtividade da lavoura, os custos de produção e, por consequência, a rentabilidade da atividade.
Antes de tudo, deve-se fazer um bom planejamento das ações, avaliando-se todo o parque cafeeiro, para verificar se há algum talhão que necessita de renovação ou erradicação. É recomendável buscar informações e apoio técnico, para auxiliar na tomada de decisões sobre o sistema de produção a ser adotado: se mecanizado ou não, se orgânico ou convencional, disponibilidade de mão de obra, dentre outros.
Enfim, valendo-nos da contribuição de colegas extensionistas, de trabalhos de pesquisadores e de experiências de cafeicultores de todo o Estado, aos quais rendemos nossas homenagens e agradecimentos, pretende-se, neste Manual, abordar o tema Implantação da Lavoura Cafeeira, de forma prática e objetiva.



PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA CAFEEIRA

O planejamento faz parte da administração de um empreendimento e consiste em tomar decisões e programar ações sobre: que, por que, quando, como e onde fazer.
A comercialização da produção é outro aspecto fundamental a ser considerado, pois, para produzir, é conveniente saber, antecipadamente, para quem e onde vender o produto final.
A resposta a todas essas questões envolve, também, a busca de informações sobre a conjuntura cafeeira, identificando ameaças e oportunidades do ambiente econômico, bem como os pontos fracos e fortes da propriedade, como: aptidão das terras, existência de infraestrutura adequada, existência de fornecedores de insumos e serviços, disponibilidade e qualificação da mão de obra, possibilidade de diversificação e ou adoção de atividades complementares,de acordo com o potencial da propriedade.
Devem-se, ainda, avaliar aspectos legais para uso do solo, da água e de outros recursos naturais, bem como zoneamento agroclimático para a cafeicultura.
Uma vez tomada a decisão pela implantação, dependendo do porte do empreendimento, deve-se adotar um plano de ação para antecipar algumas providências como a definição de quais cultivares a serem plantadas, assegurando o suprimento de mudas em tempo e em quantidade.
O conhecimento técnico e gerencial aplicado nas diversas etapas do planejamento e na implantação e condução da lavoura é fator de sucesso do empreendimento.













sábado, 17 de junho de 2017

Correção do solo e plantio da Alfafa

O processo de escolha da área é muito importante para a formação de um alfafal e o sucesso da cultura na propriedade. A área deve ser plana, com solo de textura média, profundo, com boa drenagem, sem camada de impedimento (compactação) e deve possuir boa fertilidade natural, com altos níveis de matéria orgânica e com facilidades de irrigação, observando-se, principalmente, proximidade e quantidade de água.
Na área escolhida, realizar duas amostragens de terra de 0 a 20 cm e de 20 cm a 40 cm de profundidade, coletando 20 subamostras por gleba homogênea (cor, vegetação etc.). Com base no resultado dessa análise, corrigir a saturação de bases em 80% (V=80%), por meio da seguinte expressão: NC = CTC (V2- V1)/PRNT, onde NC é a necessidade de calagem em t/ha, CTC é a capacidade de troca de cátions em mmol/dm3, V2 é saturação de bases do solo a ser atingida (para a alfafa é de 80%), V1 é o valor atual de saturação por bases do solo que consta nos resultados da análise e PRNT é o poder relativo de neutralização total que vem especificado no corretivo a ser aplicado (MOREIRA et al., 2008).
Deve-se, inicialmente, aplicar metade da dose calculada de calcário e, posteriormente, com o solo seco, destruir camadas de adensamento e/ou compactação do solo, por meio de um subsolador. Em seguida, deve-se promover uma aração profunda, invertendo a leiva para colocar o corretivo em camadas mais profundas do solo, favorecendo, assim, o crescimento radicular da cultura em profundidade. Sobre essa terra arada, deve-se aplicar a metade restante do calcário e, a seguir, promover duas a três gradagens, até obter-se um solo bem destorroado. Antes da última gradagem devem-se aplicar a lanço os adubos de manutenção da cultura (P, K e micronutrientes). Em solos mais argilosos há a necessidade de se  utilizar-se enxada rotativa para melhorar o destorroamento do solo e, assim, melhorar o processo de semeadura da cultura (RASSINI et al., 2008).
A alfafa é uma planta muito sensível à acidez do solo, por isso a calagem exerce vários efeitos benéficos nessa cultura, como eliminar ou diminuir significativamente a acidez do solo, reduzir a toxicidade de alumínio e manganês, aumentar a disponibilidade de nutrientes, favorecer a mineralização da matéria orgânica (fonte de N, P, S, B e de outros elementos), aumentar a eficiência da fixação simbiótica do N, fornecer Ca e Mg, melhorar a eficiência de uso dos adubos potássicos e, principalmente, dos fosfatados, além de melhorar a atividade microbiana do solo (HAVLIN et al., 1999; MOREIRA et al., 2008).
Sob irrigação, a alfafa pode ser cultivada durante todo o ano, porém o plantio realizado em fins de verão (abril/maio) é o mais apropriado, uma vez que nessa época já ocorreu a germinação da maioria das sementes das ervas daninhas, diminuindo-se, assim, a concorrência no estabelecimento da cultura. A semeadura deve ser mecânica, com espaçamento de 20 cm entre linhas, utilizando-se 15 kg de sementes/ha. Após o plantio, usa-se um rolo compactador para melhor incorporação da semente ao solo. Considera-se um bom stand inicial 400 plantas/m2, o qual decrescerá com o tempo, estabilizando em aproximadamente 200 plantas/m2 (RASSINI et al., 2008).




quinta-feira, 15 de junho de 2017

Morfologia da Alfafa

Morfologia

A Morfologia Botânica é a ciência que estuda a forma das plantas, descrevendo a forma dos diferentes órgãos vegetais. Para maior clareza, os órgãos ou as estruturas da alfafa foram divididos em semente, raiz, coroa, talo, folha, flor e fruto.

Semente

As sementes de alfafa possuem forma arredondada e coloração amarelada, porém, podem ser encontradas sementes de forma angular e de coloração que varia desde o verde oliva a diferentes tonalidades de marrom (Figura 1).


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 1. Formas e cores das sementes de alfafa.

As sementes, quando maduras, têm de 1 mm a 2 mm de comprimento, 1 mm a 2 mm de largura e 1 mm de espessura. Elas são constituídas pelo funículo, pelo tegumento externo (testa), pelo embrião e pelo endosperma (Figura 2). O funículo é quem mantém unida a semente ao fruto; ao secar o funículo, a semente se desprende e forma uma cicatriz chamada hilo. O tegumento externo é a capa externa que circunda a semente e lhe confere proteção; além disso, ele é responsável pela cor da semente. Do embrião se originará a futura plântula, na qual se encontra a radícula, o hipocótilo, a plúmula e os cotilédones. A radícula, que durante a germinação emerge através da micrópila, formará a raiz. Em posição oposta, o hipocótilo dará origem à parte aérea da plântula. Por sua vez, a plúmula, que é um esboço formado por pequenas e finíssimas folhas, ao se desenvolver, originará o talo. Os cotilédones, grossos e carnudos, armazenam a maioria do tecido de reserva para o desenvolvimento do embrião. Por último, o albume é um tecido de reserva que, no caso da alfafa, é pequeno e cuja principal função é a de facilitar o processo de germinação.

Foto: Nora Estela Rodríguez


Figura 2. Partes da semente de alfafa. Seção externa: vista lateral (a) e vista frontal (b). Seção
interna: vista em corte transversal (c).

Fonte: Del Pozo Ibañez (1977).

Germinação e primeiras etapas do desenvolvimento

No processo de germinação, a semente, em contato com o solo úmido, inicia a absorção de água e desencadeia uma série de transformações que se resume no desenvolvimento de uma raiz (partindo da radícula preexistente na semente) e de um pequeno talo que cresce até surgirem os cotilédones acima da superfície do solo (Figura 3). Estes processos se realizam à custa das reservas existentes na semente (DEL POZO IBAÑEZ, 1977).

Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 3. Germinação da semente de alfafa: emergência da radícula (a) e desenvolvimento da
plântula, com aparecimento dos cotilédones (b).


Para que as sementes possam absorver água, é necessário que o solo possua umidade suficiente. No entanto, para o seu desenvolvimento, a plântula também precisa de condições mínimas de aeração, pois o excesso de umidade pode paralisar a germinação, devido à redução do volume de poros livres no solo. Porém, na alfafa é comum a presença de “sementes duras”, que são aquelas incapazes de se embeber de água, mesmo em condições ótimas de umidade. Este fenômeno, que é um mecanismo de sobrevivência da espécie, se deve ao aumento da espessura das paredes das células que formam o tegumento externo, o qual constitui uma barreira física para a absorção de água. A porcentagem de sementes duras, que pode ser alta no momento da colheita, diminui com o tempo. O melhor método para eliminar as sementes duras é a escarificação mecânica, que consiste em colocar as sementes sob ação de uma superfície abrasiva.
À medida que o desenvolvimento da parte aérea da plântula continua, o hipocótilo cresce e expõe os cotilédones acima da superfície do solo (Figura 4a). Posteriormente, a plântula exibe primeiro uma folha unifoliada (Figuras 4 a1, b e b1) e em seguida as folhas trifoliadas, também chamadas de folhas “verdadeiras” (Figura 5). A sequência do desenvolvimento da planta de alfafa está apresentada na Figura 6

Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 4. Primeiras etapas do desenvolvimento vegetativo da alfafa: cotiledonal: (a e
a1) e folha unifoliada (b e b1).


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 5. Primeiras etapas do desenvolvimento vegetativo da alfafa, com a aparição
de uma (a), duas (b), três (c) e (d) quatro folhas trifoliadas.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 6. Períodos mais avançados do desenvolvimento
vegetativo e reprodutivo de alfafa.

Raiz
Em geral, o sistema radicular da alfafa é robusto e profundo, e sua função principal é a absorção de água. Se não existirem impedimentos no perfil do solo, a raiz pode alcançar de 2 m a 5 m de profundidade com dois a quatro anos de vida (Figura 7). Isso possibilita à planta absorver água das camadas profundas do solo e confere à alfafa a reputação de espécie tolerante à seca.



Figura 7. Raízes de alfafa com dois anos de cultivo que atingiram
1,40m de profundidade do solo.

Fonte: Goplen et al. (1980).

O sistema radicular da alfafa pode ser classificado em quatro tipos: raiz pivotante, ramificada, rizomatosa e rasteira (GOPLEN et al., 1980;  HEINRICHS, 1968; PÉREZ DE PEREYRA e AGUILAR DE ESPINOSA, 2002). Em cultivares sem repouso invernal (GRI 8-11), normalmente se observa a presença de raiz pivotante, sem muitas ramificações (Figura 8 a). As cultivares com repouso invernal intermediário ou moderado (GRI 4-7) costumam apresentar alto número de raízes secundárias denominada ramificada (Figura 8 b). Já as cultivares com acentuado repouso invernal (GRI 1-3), as raízes laterais possuem gemas das quais se originam talos que, ao emergirem do solo, formarão novas brotações. Quando as gemas ativas são somente uma ou duas e as brotações se desenvolvem a pouca distância da planta original, essas raízes se denominam rizomatosas (Figura 8 c); ao contrário, se as gemas ativas são várias e as brotações cobrem uma extensão de certa magnitude, essa raiz se denomina rasteira (Figura 8 d). A raiz pivotante está associada a cultivares de alfafa da espécie Medicago sativa, enquanto a presença de raízes ramificadas, rizomatosas ou rasteiras, está associada às espécies M. falcata e M. varia.



Figura 8. Tipos de raízes de alfafa: pivotante (a), ramificada (b),rizomatosa (c) e
rasteira (d).
Fonte: Adaptado de Goplen et al. (1980).

Talo e coroa
O talo apresenta nós de onde nascem as folhas. O número de talos depende da idade e do vigor da planta, podendo chegar a 20 talos/planta  (Figura 9). O crescimento dos talos é induzido pelo tipo de utilização da planta (pastejo ou corte).

Foto: Nora Estela Rodríguez

FIGURA 9. Talos de alfafa com nós de onde saem as folhas trifoliadas.

As cultivares sem repouso invernal apresentam talos de porte ereto, enquanto as cultivares de repouso intermediário ou as cultivares de repouso acentuado possuem talos de porte semiereto ou semirrasteiro, respectivamente.
À medida que a planta se desenvolve, forma-se na sua base, entre a parte aérea e a raiz, um conjunto de talos novos e de talos velhos. Esta estrutura é denominada de coroa (Figura 10), que na planta adulta é formada por talos perenes.

Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 10. Fases iniciais da formação da coroa em plantas de alfafa de quatro meses de cultivo.

A coroa não é uma estrutura simples nem única, e sim uma zona complexa formada por várias estruturas independentes (TEUBER e BRICK, 1988). Embora Stewart (1926) tenha sugerido que a coroa fosse formada somente por tecidos perenes provenientes do talo, Simonds (1935) concluiu que está envolvida na formação dessa estrutura também a parte superior da raiz. De qualquer forma, a delimitação morfológica exata da coroa tem pouca importância, pois o período de seca, o período de frio, as práticas culturais, os ataques de pragas e de doenças, o vigor geral e a idade das plantas influenciam a quantidade e a qualidade das partes vegetativas que podem interferir na conformação da coroa (HANSON, 1972).
Além de sua constituição morfológica, é conveniente ressaltar a importância funcional da coroa como estrutura armazenadora de substâncias de reserva e local de gemas, de onde sairão as novas brotações da planta. O ciclo de acumulação e de utilização de substâncias de reserva é fundamental para a persistência da alfafa e condiciona as práticas de manejo.
O tamanho (pequeno, médio, grande, etc.) e o tipo (compacta ou fechada, intermediária, aberta, etc.) da coroa dependem de fatores genéticos e de fatores ambientais (Figura 11). Em geral, as cultivares sem repouso invernal têm coroas pequenas e compactas, enquanto aquelas de maior repouso invernal tendem a ter coroas mais longas e abertas. Não obstante, diversos fatores, tais como a densidade de plantas, o tipo de solo, o ataque de pragas e de doenças, o pisoteio pelos animais ou o dano com maquinaria, podem influir grandemente nas características da coroa.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 11. Coroa de diferentes tipos e tamanhos em plantas de alfafa de
um (a), dois (b) e três (c) anos de cultivo.

Folha
A primeira folha da plântula de alfafa é unifoliolada e de forma orbicular. As segundas e as subsequentes são pinadicompostas, imparipenadas e na maioria das vezes trifolioladas. As folhas propriamente ditas, que se unem ao talo pelo pecíolo, se compõem de três folíolos peciolados. Os folíolos são normalmente oblongos ou obovados, mas podem ser encontradas desde formas arredondadas até obovado-oblongas, inclusive lineares (Figura 12).
As folhas se originam do ápice do talo, quando a planta já está desenvolvida, mas podem nascer também das gemas laterais localizadas nos talos.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 12. Formas de folíolos em folhas trifolioladas de alfafa: obovada (a), oblongas (b), arredondados
(c), cordiforme (d), espatulados (e) e lineares (f).


Usualmente, a borda dos folíolos é dentada somente no terço superior, embora essa borda dentada possa estender-se até a metade superior e também incluir o terço inferior (Figura 13). A distribuição das bordas dentadas guarda relação com a forma dos folíolos.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 13. Distribuição da borda dentada da lâmina dos folíolos: somente no terço superior (a), até a
metade superior (b) e até no terço inferior (c).

As folhas se dispõem ao longo do eixo do talo em forma alternada. Na formação das folhas se observam as estípulas (Figura 14), que são apêndices delgados semelhantes a pequenas folhas situadas na base do pecíolo e aderidas a seus lados. As estípulas são normalmente laciniadas (Figura 14a), mas também existem as lisas (Figura 14b). A experiência indica que as primeiras se encontram usualmente nas folhas de plantas mais velhas e as últimas se acham exclusivamente em folhas de plantas jovens. Portanto, pode-se concluir empiricamente que a presença de estípulas laciniadas ou de estípulas lisas está mais relacionada à idade das plantas do que com qualquer outro fator.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 14. Distribuição da borda dentada da lâmina dos folíolos: somente no terço superior (a), até a
metade superior (b) e até no terço inferior.


A nervura central do folíolo é proeminente e se estende ao longo da lâmina. Dela partem outras nervuras laterais pinadas, que se subdividem e formam uma rede. As nervuras são mais notáveis na face abaxial (inferior) do folíolo, que é pubescente. Observação microscópica da folha indica que os estômatos (aberturas ou poros por onde se realiza a troca gasosa nas folhas) são mais numerosos na face superior e no ápice do folíolo.

Mesmo que a folha trifoliada seja a situação normal, encontram-se folhas com quatro (tetrafolioladas), cinco (pentafolioladas) ou mais folíolos, recebendo então o nome de folhas multifolioladas (Figura 15).


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 15. Folhas multifolioladas de alfafa, exibindo de quatro até seis folíolos.

Flor
A flor se desenvolve quando o ápice do talo passa do estádio de crescimento vegetativo ao reprodutivo. Esta mudança, denominada de transição, inicia com a presença de uma protuberância na axila do primórdio foliar, adjacente ao ápice do talo. De cada primórdio, se origina uma inflorescência em forma de racimo simples (Figura 16).

Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 16. Inflorescência da alfafa: rácimo com botões florais (a) e rácimo com duas flores abertas (b).


A flor da alfafa é completa e é formada pelo cálice, pela corola, pelos estames e pelo gineceu (Figura 17).


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 17. Estrutura da flor da alfafa: vista superior (a) e vista lateral (b).

O cálice consta de cinco sépalas soldadas que formam um tubo, com cada sépala terminando em um lóbulo ou dente (Figura 17b). A corola é formada por cinco pétalas diferentes: o estandarte, que é a pétala superior e a maior das cinco; as asas, que são duas pétalas menores situadas ao lado do estandarte; e a quilha, que está envolvida pelas asas e que se forma por duas pétalas soldadas, localizadas mais internamente (Figura 17a).
Os estames são em número de dez e estão divididos em dois grupos: um grupo constituído por nove estames, unidos pela base, e outro, formado pelo décimo estame, que está livre e mais perto do estandarte. Esta disposição, chamada de diadelfia, indica que os estames da alfafa são diadelfos. Os filamentos dos nove estames unidos têm comprimento diferente e, ao se fundirem para formar o tubo, alternam-se os compridos com os curtos. Pelo interior do tubo que formam passa o estilo, que termina em um estigma rodeado pelas anteras dos estames fundidos. O gineceu apresenta um carpelo, que se desenvolve em ovário, possuindo estilo e estigma bem definidos (DEL POZO IBAÑEZ, 1977).
A flor é geralmente de cor púrpura, com extremos que vão desde o violetaclaro ao roxo-escuro (Figura 18). Também se podem encontrar flores brancas, amarelas ou variegadas, isto é, apresentam misturas de cores ou de tonalidades que mudam à medida que a flor se desenvolve (BURKART, 1952).


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 18. Algumas cores de flor de alfafa. Em sentido horário: azulada, violeta-claro,
púrpura-claro e púrpura-escuro.

Desenvolvimento floral e polinização
As asas, na corola, possuem na base pequenos apêndices semelhantes a ganchos, que mantêm unida e rígida a coluna estaminal. Esta, por sua vez, contém o estilo que está empacotado no seu interior. Desse modo, a polinização somente é possível quando ‒ ao se separarem as asas por meio de um processo denominado de desenlace floral ‒ a coluna estaminal libera e expõe o estigma ao contato com o pólen (Figura 19). O movimento brusco produzido ao se libertar a coluna estaminal provoca a abertura das anteras maduras e, consequentemente, a disseminação dos grãos de pólen.


Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 19. Desenvolvimento floral da alfafa (a) flor fechada, sem separação das asas; e (b) flor aberta,
com exposição do estigma e dos estames.

Diversos mecanismos naturais podem provocar o desenlace floral, tais como a ação de insetos e as variações de temperatura, de umidade e de velocidade do vento. O homem também pode provocar este mecanismo artificialmente, por meio de movimentos produzidos com as mãos ou com diversos instrumentos. A flor pode fecundar-se com seu próprio pólen (autofecundação ou autogamia) ou com o pólen de outra flor (fecundação cruzada ou alogamia). A alfafa é uma espécie de fecundação preponderantemente alógama, favorecida por mecanismos naturais de auto-incompatiblidade e de auto-esterilidade (VIANDS et al., 1988).
Em condições naturais, a polinização da alfafa é entomófila e é feita principalmente pela ação de abelhas e de besouros. Quando os insetos pousam na flor para coletar o néctar e/ou colher o pólen, a pressão que eles exercem sobre a flor é suficiente para provocar o desenlace floral, o qual faz com que a coluna estaminal impacte seu abdômen. Como os insetos visitam flores de várias plantas em forma sucessiva, seu abdômen está sempre carregado de pólen de diferentes plantas, o que assegura a alogamia. Estima-se que cerca de 85% a 95% das flores são fecundadas por este mecanismo (DEL POZO IBAÑEZ, 1977).
Fruto
O fruto de alfafa é do tipo legume ou vagem, monocarpelar, seco e indeiscente, geralmente alongado e comprimido, com as sementes alinhadas na fileira ventral (Figura 20). A bainha, devido ao seu encurvamento, desenvolve uma espiral que, geralmente, possui uma espira com autofecundação e de três a cinco espiras com fecundação cruzada. A direção da espira pode ser dextrógira (em sentido horário) ou levógira (em sentido anti-horário). Cada fruto contém número variável de sementes arredondadas: duas a três com autofecundação e nove sementes com fecundação cruzada (ALFALFA, 2005).

Foto: Nora Estela Rodríguez

Figura 20. Momentos na evolução do fruto de alfafa, pouco depois da fecundação da flor (em cima, à
esquerda) até a vagem madura com várias espiras (abaixo, direita).




domingo, 11 de junho de 2017

Potencial de utilização da alfafa

Em razão do seu potencial de produção de forragem e da sua adaptação a diversas condições ambientais, a alfafa é uma das espécies forrageiras de maior importância mundial, com mais de 32 milhões de hectares de cultivo. Os EUA, a Rússia, o Canadá e a Argentina são os principais países produtores. A alfafa possui excelentes características agronômicas e qualitativas, tais como qualidade proteica, palatabilidade, digestibilidade, capacidade de fixação biológica de nitrogênio no solo e baixa sazonalidade de produção. Além disso, contém altos teores de vitaminas A, E e K, bem como a maioria dos minerais requeridos pelos animais produtores de leite e de carne, especialmente cálcio, potássio, magnésio e fósforo (RASSINI et al., 2008).
A alfafa pode ser fornecida aos animais na forma conservada ou na forma verde picada ou sob pastejo. As principais formas de conservação da forragem da alfafa são o feno (forragem armazenada com teor de umidade abaixo de 20%), a silagem (forragem armazenada com teor de umidade acima de 70%) e o pré-secado (forragem normalmente armazenada em sacos de polietileno e com teor de umidade que varia de 40% a 60%). Existem outras formas menos utilizadas, tais como a de péletes (forragem desidratada e compactada em pequenos cubos de alta densidade). A alfafa também pode ser utilizada sob pastejo direto e na forma verde fornecida no cocho. Na Argentina, a alfafa é utilizada em grande proporção sob pastejo e, nos EUA, na forma de feno. No Brasil, a forma mais difundida até o momento tem sido o feno, possivelmente pela facilidade de transporte e de comercialização, embora sua utilização na forma verde picada ou em pastejo esteja adquirindo importância, tendo em vista o elevado custo de produção do feno de alfafa (RODRIGUES et al., 2008).
Existem poucos trabalhos sobre avaliação da produção de leite de vacas em pastagens de alfafa, principalmente em clima tropical. Vilela et al. (1994) avaliaram dois sistemas de manejo de vacas de alto potencial de produção de leite: um deles tinha o pasto de alfafa como único alimento, enquanto no outro os animais eram mantidos em confinamento total com silagem de milho e concentrado. Esses autores concluíram que a utilização do pasto de alfafa como alimento exclusivo para vacas em lactação foi viável, por apresentar potencial para suportar 3,0 vacas/ha e proporcionar média de produção de leite de 20,0 kg/vaca/dia, atingindo no início da lactação 23,6 kg/vaca/dia sem comprometer o peso vivo e a eficiência reprodutiva dos animais. Trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste (NETTO et al., 2008a, b) mostrou que a utilização da alfafa em pastejo, como parte da dieta de vacas no estágio médio da lactação, alimentadas com silagem de milho e 5,0 kg de concentrado, permitiu média de produção de 25 litros de leite/vaca/dia. Isso representa economia significativa na quantidade de concentrado geralmente utilizada, que é de 8,0 kg para obtenção desse nível de produção, bem como redução do teor proteico do concentrado e da quantidade de silagem de milho necessária, o que contribui para redução do custo de produção de leite. Com base nesse trabalho, Vinholis et al. (2008) verificaram redução no custo de produção de leite variando de 9% até 15% para dietas em que a alfafa participou com 20% ou 40% da matéria seca da dieta, respectivamente. Esses resultados mostram, de forma inequívoca, a viabilidade da alfafa para ser inserida em um sistema sustentável e competitivo de produção de leite a pasto no país.
Estima-se que, atualmente, a área cultivada com alfafa no Brasil seja de 40 mil hectares, dos quais cerca de 90% esteja no Paraná e no Rio Grande do Sul, sendo esse último estado o maior produtor do país. O cultivo da alfafa tem se expandido para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, em áreas mais extensas e mais tecnificadas. Os fatores limitantes para o aumento do cultivo da alfafa no Brasil são o desconhecimento de tecnologias de cultivo, a baixa fertilidade do solo, o manejo inadequado, a baixa disponibilidade de sementes e a pouca disponibilidade de cultivares adaptadas às condições tropicais. Associado a esses fatores, a falta de conhecimento sobre controle de plantas daninhas, de pragas e de doenças, que ocorrem mais comumente nos trópicos, contribui significativamente para o baixo cultivo dessa forrageira no Brasil (VILELA et al., 2008).
O objetivo deste Sistema de Produção é disseminar as práticas culturais adequadas para o cultivo e utilização da alfafa para alimentação de vacas leiteiras e equinos nos trópicos.
A alfafa é uma das mais importantes plantas forrageiras, por reunir características especiais como alta produtividade, elevado teor proteico, boa palatabilidade, alta digestibilidade, boa capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico no solo e baixa sazonalidade na produção de forragem. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, tem-se observado, nos últimos anos, aumento na  demanda de informações sobre alimentos volumosos de alto valor nutritivo, capazes de atender  às necessidades nutricionais dos rebanhos leiteiros em sistemas intensivos de produção. Em razão de sua alta qualidade como alimento volumoso, a inserção da alfafa nesses sistemas permite diminuir a quantidade de concentrado na dieta dos animais, em especial farelo de soja,reduzindo, consequentemente, os custos de produção da pecuária leiteira.
Com o objetivo de reunir conhecimentos atuais disponíveis em várias instituições, foi com grande  satisfação que a Embrapa Pecuária Sudeste juntou esforços com a Embrapa Agrobiologia, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Soja, Escola 
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) – Argentina, Universidade Estadual Paulista (Unesp – Campus Jaboticabal), Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal do Rio Grande do Sul para viabilizar a publicação do livro  Cultivo e utilização da alfafa em pastejo para alimentação de vacas leiteiras.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Cultura do Algodão (Resumo)



Cultura do Algodoeiro
Origem e Histórico
O algodoeiro já era conhecido 8 mil anos A. C. e tecidos de algodão eram encontrados na Índia 3 mil anos A. C. A Índia é tida como centro de origem do algodoeiro, apesar de outras espécies originadas em outras regiões (múmias incas eram envolvidas em algodão). O algodoeiro americano teria tido sua origem no México e no Peru. Foi constatado o cultivo dessa planta pelos indígenas (que transformavam o algodão em fios e tecidos) na época do descobrimento do Brasil.
Histórico no Brasil
Em 1576, relatos informavam que as camas dos índios eram redes de fios de algodão. Os indígenas também usavam o caroço esmagado e cozido para fazer mingau e com o sumo das folhas curavam feridas. Os primeiros colonos chegados ao Brasil, logo passaram a cultivar e utilizar o algodão nativo. Os jesuítas do padre Anchieta introduziram e desenvolveram a cultura do algodão (confecção de suas roupas e vestir os índios). Nessa época o algodão tinha pequena expressão no comércio mundial. A lã e o linho dominavam como tecidos. A cultura era feita em pequenas “roças” em volta das habitações, e o artesanato têxtil era trabalho de mulheres (índias e escravas). Foi só pelos meados do século XVIII com a revolução industrial, que o algodão foi transformado na principal fibra têxtil e no mais importante produto das Américas.
No Brasil, o Maranhão foi o primeiro grande produtor (em 1760 exportava 130 sacas de algodão para a Europa e em 1830 chegou a 78.300 sacas). Todo o Nordeste se tornou a grande região algodoeira dos país. No século XIX os EUA surgiu como o grande produtor. A produção brasileira entrou em rápida decadência (outras culturas concorriam com a do algodão. O café monopolizava, em SP, a atenção dos agricultores). Histórico no Brasil. Porém, com a Guerra Civil nos EUA (1860), diminui a exportação à Europa, ocasionando novo surto algodoeiro no Brasil (durou + ou -10 anos). Este surto contribuiu para fundamentar o progresso da cotonicultura brasileira, especialmente em São Paulo. O algodão herbáceo(anual) foi introduzido no País(antes só se cultivava o arbóreo) e pela primeira vez, SP se destaca como produtor desta fibra. Porém, com a restauração da produção dos EUA, a cultura em SP regrediu consideravelmente, mas não se extinguiu. Somente durante a I Guerra Mundial, que coincidiu com a geada de 1918 que devastou os cafezais, o algodão teve outro surto em SP, que atingiu a produção recorde de 50 mil toneladas de plumas. A indústria têxtil também já tomava vulto e o aproveitamento industrial do caroço de algodão começou a se desenvolver. No início do século X, desperta o interesse da pesquisa agronômica (a cultura ficava importante e o atraso tecnológico era grande). Em 1918 houve no Rio de Janeiro a Conferência do Algodão. Em 1924 começam os trabalhos de melhoramento genético e de experimentação relativa à técnica do cultivo algodoeiro. A crise do café de 1929 abalou profundamente a economia brasileira, especialmente em SP. O algodão substituiu o café. Nos anos 30 SP se firmou como grande produtor ao lado do Paraná.
Os agricultores puderam contar com sementes selecionadas e, de 1934 em diante,toda a lavoura de SP era de variedades paulistas. A boa qualidades das fibras aumentam a exportação até chegar ao clímax em 1944, com 463.0 toneladas. Surto de pragas associada ao clima derruba a cultura. Diminui a área em SP e a produtividade passa a ser mais importante. No Brasil, desde que passou a ter importância econômica, o algodão sempre figurou entre as atividades que trazem divisas para o País. Mesmo não cultivado de modo generalizado em todo o território, até 1980, estava classificado entre as 7 primeiras culturas de maior valor da produção.
Importância Econômica
Atualmente cerca de 81 países cultivam o algodoeiro, economicamente, liderados pela China, E.U.A. Índia, entre outros. Por sua grande resistência à seca constitui-se em uma das poucas opções para cultivo em regiões semi-áridas (fixa o homem ao campo, gera emprego e renda no meio rural e meio urbano). É atividade de grande importância social e econômica.
Posição atual Cultura do Algodão
A área cultivada com a cultura do algodão no País totalizou 1,09 milhão de hectares, superior em 27,2% (232,5 mil hectares) à da safra anterior, incremento motivado pelos baixos preços da soja e do milho na fase de implantação, ocasionando a migração para a cultura da fibra.
As regiões Centro-Oeste e Nordeste participam com 93% da produção do País, com destaques para os estados de Mato Grosso e Bahia, principais produtores nacionais, onde a área foi acrescida em 50% e 19% respectivamente. Já nos estados de São Paulo e Paraná, o algodão cedeu espaço para a cana-de-açúcar. Posição atual Cultura do Algodão
A produção brasileira de algodão em caroço deverá atingir 3,75 milhões de toneladas, volume 37,6% superior ao registrado na safra 2005/06. Dessa quantidade, 38,9% (1,46 milhão de toneladas) será de pluma e 61,1% (2,29 milhões de toneladas) de caroço.
A colheita já foi concluída no Paraná e São Paulo. No Estado do Mato Grosso, a colheita teve inicio em maio, com final previsto para o mês de agosto. No Sul do Estado ocorreu veranico nos meses de janeiro e fevereiro, período em que a cultura encontravase em floração e frutificação. No Oeste da Bahia, líder na produção do Estado, as condições climáticas favoreceram a cultura em todo o seu ciclo. A colheita encontra-se na fase inicial. Posição atual Cultura do Algodão
Em termos de Brasil, a pesquisa está indicando que após a colheita, a produtividade média será de 3.443 kg/ha contra 3.181 kg/ha obtidos na temporada passada.
A nova safra recorde gerará um estoque final de 443 mil toneladas apesar do aumento considerável das exportações brasileiras que deverão chegar ao patamar de 470 mil toneladas.
Do algodoeiro quase tudo é aproveitado notadamente o caroço (65% do peso da produção) e a fibra, (35% do peso da produção). O caroço (semente) é rico em óleo (18-25%) e contém 20-25% de proteína bruta; O óleo extraído da semente é refinado e destinado à alimentação humana e fabricação de margarina e sabões. Os restos de cultura – caule, folhas maçãs, capulhos – são utilizados na alimentação de animais em geral. O bagaço (farelo ou torta), sub produto da extração do óleo, é destinado a alimentação animal (bovinos, aves, suínos) devido ao seu alto valor protéico (40-45% de proteína bruta). A fibra, principal produto do algodoeiro, tem mais de 400 aplicações industriais, entre as quais: confecção de fios para tecelagem (tecidos variados),
algodão hidrófilo para enfermagem,
confecção de feltro de cobertores,
de estofamentos,
obtenção de celulose, entre outros

Hoje 90% do comércio é de fibras tamanho médio. A semente, utilizada para multiplicar a planta, deve apresentar um mínimo de 65% de germinação e mínimo de 96% de pureza. O peso de 100 sementes varia de 10 a 14g.
Morfologia da planta
Caule O algodoeiro é uma planta ereta, anual ou perene. A raiz principal cônica, pivotante, profunda, e com pequeno número de raízes secundárias grossas e superficiais. O caule herbáceo ou lenhoso, tem altura variável e é dotado de ramos vegetativos (4 a 5 intraxilares, na parte de baixo), e ramos frutíferos (extraxilares, na parte superior).
As folhas são pecioladas, geralmente cordiformes, de consistência coriácea ou não e inteiras ou recortadas (3 a 9 lóbulos).
As flores são hermafroditas, axilares, isoladas ou não, cor creme nas recémabertas (que passa a rósea e purpúreo) com ou sem mancha purpúrea na base interna. Ellas se abrem a cada 3-6 dias entre 9-10 horas da manhã.
Os frutos (chamados "maçãs" quando verdes e "capulhos" pós abertura) são capsulas de deiscência (abertura) longitudinal, com 3 a 5 lojas cada uma, encerrando 6 a 10 sementes.
As sementes são revestidas de pêlos mais ou menos longos, de cor variável, (creme, branco, avermelhado, azul ou verde) que são fibras (os de maior comprimento) e linter (os de menor comprimento e não são retirados pela máquina beneficiadora – o Mocó não mostra linter).
Fibra/Fio de Algodão:
Fecundada a flor do algodoeiro a fibra de algodão desenvolve-se na epiderme (parede mais externa) da semente. Cada fibra é formada por uma célula simples dessa epiderme que se alonga (1mm./dia) até o seu tamanho final (segundo a cultivar e as condições edafoclimáticas). Cada semente (G. hirsutum) pode conter de 7.0g. a 15.0 fibras individuais. O crescimento pode variar de 50 a 75 dias (da fecundação à abertura das maçãs). Da sua superfície à parte mais interna a fibra pode conter cêras, gomas, óleos, cutícula, celulose, proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, outros. Para produzir o fio de algodão a fibra deve apresentar comprimento necessário, uniformidade, resistência, finura, pureza (limpeza). Comprimento: fibras inferiores (abaixo de 2m.), fibras curtas (2-28mm.), fibras médias (28-34mm.), e fibras longas (acima de 34mm.).
O G. hirsutum produz fibras médias e curtas e o G. barbadense fibras médias e longas
Crescimento, Desenvolvimento Ecofisiologia e manejo da cultura
Taxonomia
Família Malvaceae Gênero Gossypium (possui 39 espécies) Espécies cultivadas - diplóides - (algodoeiro do Velho Mundo) Gossypium arboreum (Índia, Paquistão, China, Tailândia) Gossypium lerbaceum (alguma área apenas na Índia) Representam 4% da área mundial. Espécies cultivadas - tetraplóides - (algodoeiro do Novo Mundo) Gossypium barbadense (algodão egípcio, Pima) fibra longa de alta qualidade. É cultivado no Egito, Sudão, Peru, EUA, Europa Oriental. 5% da área mundial. Gossypium hirsutum Cultivado em todos os países produtores. 90% da área mundial.
Ecofisiologia e manejo do algodoeiro
Introdução:
Durante a maior parte do ciclo da planta do algodão o crescimento vegetativo e o reprodutivo (aparecimento das gemas produtivas, florescimento, crescimento e maturação dos frutos) ocorrem ao mesmo tempo. Os eventos precisam ocorrer de modo balanceado, devido a forte competição interna pelos carboidratos da fotossíntese, para que se atinja uma boa produção final. Exemplo de desequilíbrio: Excessiva queda de estruturas reprodutivas ocasiona um crescimento vegetativo exagerado o que aumenta o auto sombreamento que causa maior queda de estruturas reprodutivas.
A temperatura influencia fortemente o crescimento e o desenvolvimento da planta, tendo sido determinada a exigência em temperaturas para cada fase (OOSTERHUIS, 1992).
Apesar de ocorrerem concomitantemente pode-se dividir o ciclo (para fins de manejo e didático) nas seguintes fases: a)Semeadura emergência b)Emergência ao aparecimento do 1° botão floral c)do 1° botão floral ao aparecimento da 1ª flor d)da 1ª flor ao 1° capulho (abertura) e)1° capulho à colheita
Semeadura - Emergência Objetivo a atingir: Estabelecer um estande adequado no mínimo tempo possível. Cuidados no manejo: Usar sementes de boa qualidade; Semear na época indicada (com temperatura e umidade adequadas); Uniformidade na profundidade das sementes.
A semente é ovalada, um tanto ponteaguda, de coloração castanho escuro. Possui um tegumento que envolve o embrião e dois cotilédones dobrados. A epiderme do tegumento é coberta com as fibras. O embrião possui a radícula, o hipocótilo e um pequeno epicótilo. As sementes atingem seu tamanho máximo cerca de 3 semanas após a fertilização, mas não ficam maduras antes da abertura das maçãs (capulhos).
A velocidade de emergência depende fundamentalmente da temperatura, normalmente de 5 a 10 dias. Embebição da semente: se o solo não estiver muito seco, a temperatura tem maior efeito na velocidade de embebição que a própria água. Pode provocar desuniformidade na emergência (devido ao diferente vigor das sementes). Emissão da radícula: também depende muito da temperatura. Independente da umidade o tempo diminui com o aumento da temperatura sendo mais rápido a 32°C. Crescimento do hipocótilo: também depende da temperatura mas sofre influência muito grande da umidade do solo.Ex: a –10 bar e semeado a 5 cm de profundidade não haverá emergência (comprimento máximo do hipocótilo = 3,0 cm) .Temperaturas médias < 21 °C ou > 34 °C não ocorre emergência da planta. Sementes mais vigorosas vencem o stress e o estande fica desuniforme.
Emergência ao 1° botão floral Objetivo a atingir: Estabelecer um bom sistema radicular e plantas vigorosas. Cuidados no manejo: Semear na época indicada (com temperatura e umidade adequadas); Uniformidade na profundidade das sementes; Boa correção e fertilização do solo; Evitar camadas compactadas. A fase pode durar de 27 a 38 dias (conf. temp.). Parte aérea cresce lentamente mas a raíz cresce vigorosamente. Após a 3ª semana após a emergência o crescimento fica muito sensível à variação da temperatura. Temp. diurna ótima = 30°C; Temp. noturna ótima = 22°C. A raíz pivotante atinge 25 cm ou mais na abertura dos cotilédones. Nessa fase a raíz cresce 1,2 a 5 cm/dia. Quando a parte aérea atinge 35 cm de altura a raiz atinge 90 cm de profundidade. Numerosas raízes laterais aparecem, mas relativamente superficiais. A raiz cresce até a planta atingir a altura máxima e os frutos começarem a se formar. A relação parte aérea/raíz é igual a 0,35 aos 12 dias após semeadura e cai para 0,15 aos 80 dias. Desenvolvem-se nós e entrenós, podendo haver início do crescimento de 1 ou mais ramos vegetativos. A planta possui 2 tipos de ramos , Reprodutivos e Vegetativos. Em cada nó se desenvolve um ramo reprodutivo (muitos ramos vegetativos não são desejados). Os primeiros 4 a 5 nós da haste principal são vegetativos e suas folhas têm curta duração. O 1º botão floral deve aparecer entre o 5º e 6º nó.
1° botão floral à 1ª flor Objetivo a atingir. Obter uma planta com maior número possível de nós, providenciando espaço para que haja florescimento e produção. Cuidados no manejo: As mesmas das fases anteriores além de:Bom acompanhamento do desenvolvimento; Bom controle de pragas iniciais.
Nesta fase acentua-se o crescimento em altura e a acumulação de MS pala planta que entra na fase linear de crescimento. A fase leva de 25 a 35 dias (conf. Temp.). Com uma temp. média de 22ºC a 25ºC a planta inicia a produção de 1 novo ramo simpodial (frutífero) na haste principal a cada 3 dias. Quando surge a 1ª flor as plantas devem ter de 14 a 16 nós na haste principal, acima do nó cotiledonar. Estima-se que a cada 3 dias deve aparecer um botão floral em ramos sucessivos, e a cada 6 dias deve aparecer um botão floral no mesmo ramo. (varia em função da posição na planta e da temp.). Nesta fase o crescimento vegetativo é fundamental para gerar um grande número de posições frutíferas. Por ocasião da primeira flor branca, uma planta com bom potencial de produção deve ter de 9 –10 nós acima dela. Exigência de água passa de menos de 1 m/dia para quase 4 m/dia. Falta de água: planta menor do que deveria, menos posições para flores e maçãs. Seca: planta estaciona o desenvolvimento, mas se recupera se não for longa.
1ª flor ao 1° capulho Objetivo a atingir: Fixação do maior número possível de maçãs. Cuidados no manejo: Maximizar o controle de pragas e doenças; Acompanhamento da queda de estruturas reprodutivas e do crescimento da planta em altura.
Diversos eventos ocorrem com grande intensidade na planta. Competição entre crescimento vegetativo e reprodutivo se acentua. Planta continua a crescer linearmente. É atingida a altura máxima e a máxima interseção de luz (fechamento da copa). Nesta fase uma folha tem vida média de 65 dias. O pico da fotossíntese ocorre 20 dias após a abertura das folhas. A máxima fotossíntese da folha ocorre quando o fruto está no início de seu desenvolvimento, o que pode limitar o fluxo de carboidratos para o fruto, principalmente quando existe mais de 1 fruto por ramo. Isto explica porque os frutos na primeira posição do ramo são mais desenvolvidos que os demais. A necessidade de água passa de 4 m para mais de 8 m/dia. (acompanha o desenvolvimento da área foliar) No total precisa de 700 m em todo o ciclo. No Brasil quanto mais água = mais nuvens = menos luz = acaba não permitindo altas produtividades. Nesse caso a falta de luz é mais limitante que a própria disponibilidade de água. QUEDA DAS ESTRUTURAS REPRODUTIVAS: A queda ou abcissão de botões florais, e de maçãs jovens é fenômeno natural no algodão (condições adversas: tempo nublado, temp. muito alta ou baixa, def. Nutrientes, crescimento vegetativo, acentuam a queda). Até 60% de queda é normal. A queda é regulada pelo balanço entre açucares no tecido e teor de etileno. Qualquer fator que resulte em queda da fotossíntese, ou aumento no gasto metabólico, resultará em queda de estruturas reprodutivas. A planta é muito sensível à falta de luminosidade. A altura máxima da planta não deve ultrapassar 1,5 vezes o espaçamento da cultura (evitar o autosombreamento excessivo) Altas temperaturas abalam o equilíbrio entre o crescimento vegetativo e o crescimento reprodutivo, em favor do vegetativo. Plantas muito vigorosas, com rápido crescimento podem significar plantas pouco produtivas.Temperaturas acima de 30ºC diminuem a fotossíntese e aumentam a fotorespiração o que diminui a fotossíntese líquida. Nesta fase algumas maçãs já estão na maturação. Na segunda metade da fase, qualquer estresse que diminua a fotossíntese, além do prejuízo da queda causa aumento na % de fibras imaturas.
1° capulho à colheita Objetivo a atingir: Consolidar a produção; Preparar uma colheita rápida e limpa. Cuidados no manejo: Acompanhamento da maturação das maçãs; Aplicação de maturadores e/ou desfolhantes.
A fase final começa com a abertura do 1º capulho e termina com a aplicação de desfolhantes e/ou maturadores. Dura de 4 a 6 semanas, dependendo da produtividade, do suprimento de água, nutrientes e da temperatura. A maturação das maçãs depende fundamentalmente da temperatura.
•Temperaturas de 30ºC = 40 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 26ºC = 50 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 23ºC = 60 dias para maçãs maduras. Temperaturas mais baixas favorecem a formação de maçãs mais pesadas. A atividade do sistema radicular está em declínio. A fotossíntese é diminuída. O principal processo na planta é a translocação. Estresse causa prejuízo na qualidade da fibra. Baixas temperaturas poderão resultar em muitas fibras imaturas e má abertura dos capulhos. A exigência em água cai rapidamente. O ideal após a abertura dos capulhos é não chover mais, para preservar a qualidade das fibras. O microclima muito úmido apodrece os capulhos e maçãs da parte inferior da planta, justamente as mais desenvolvidas.
Fibras
Cada fibra tem origem de uma extensão de uma única célula da epiderme. Já são visíveis como uma protuberância das células epidermais, desde a antese. A fibra possui 2 fases de desenvolvimento: Elongação e Engrossamento. Atingem o comprimento máximo aos 25 dias após fertilização, com uma taxa de crescimento máxima aos 10-15 dias. O engrossamento começa aos 16 dias e continua até que a maçã esteja madura, e ocorre por deposição sucessiva de camadas de celulose de maneira espiralada ao redor do miolo da fibra. O grau de engrossamento e o ângulo da espiral afeta a resistencia e maturidade das fibras. Com a abertura das maçãs a fibra ainda é uma célula viva, mas se desidrata rápidamente ficando trançada. Além das fibras longas a maiorias das cultivares comerciais (menos a G. barbadense) possuem fibras muito curtas, brancas ou coloridas, tipo uma penugem na semente, chamada de “linter”.
A qualidade da fibra passa pelos fatores: Comprimento; Maturidade; Resistência e
Finura. A qualidade é fator genético da cultivar, mas sofre influencia das condições do clima e do manejo. Ex: As maçãs que maturam no final do ciclo, quando as temperaturas são mais baixas, requerem um período maior para se desenvolver e normalmente produzem menos fibras e de baixa qualidade.
Escala de desenvolvimento da cultura
O algodoeiro, por ser uma planta de crescimento indeterminado, possui uma das mais complexas morfologias entre as plantas cultivadas. Ademais, as diversas cultivares de algodoeiro apresentam diferentes ciclos, ou seja, podem ser precoces ou tardias (algumas fecham seu ciclo produtivo em 130 dias, enquanto outras podem fazê-lo em mais de 170 dias). Essas características impossibilitavam a confecção de uma escala única para todas as condições de plantio ao redor do mundo. Uma escala de desenvolvimento do algodoeiro foi gerada no IAPAR. A Escala do Algodão. começa a ser difundida junto às universidades e aos órgãos de assistência técnica e de extensão rural, para utilização no manejo da cultura, sem custo para o produtor. O trabalho tem o mérito de unificar e universalizar a linguagem para identificação de cada uma das fases do algodoeiro.
Os estádios de crescimento e desenvolvimento serão caracterizados basicamente em função de suas fases fenológicas, ou seja: vegetativa (V), formação de botões florais (B), abertura da flor (F) e abertura do capulho (C).
No período vegetativo, entre a emergência da plântula e até que a primeira folha verdadeira tenha 2,5 cm de comprimento, o estádio será V0. A partir do limite anterior e até que a segunda folha verdadeira tenha 2,5 cm de comprimento, o estádio será V1. Sucessivamente, aplicando o mesmo critério, a planta avançará para os estádios V2, V3, V4, V5, etc. Nesta fase, considera-se folha verdadeira expandida quando o seu comprimento for maior que 2,5 cm.
desenvolvimento passará a ser F1
No início da fase reprodutiva, ou seja, quando o primeiro botão floral estiver visível, o estádio passa a ser B1 Quando o primeiro botão floral do terceiro ramo reprodutivo estiver visível, a planta estará no estádio B3. Neste momento, estará sendo formado, também, o segundo botão floral no primeiro ramo frutífero. Sucessivamente, à medida que o primeiro botão floral de um novo ramo frutífero estiver visível, o estádio passará a ser Bn. A indicação B não será mais utilizada a partir do momento em que o primeiro botão floral do primeiro ramo frutífero transformar-se em flor. A partir de então, o estádio de
O estádio de desenvolvimento será F3 na abertura da primeira flor do terceiro ramo frutífero. Nota-se nessa fase, também, a abertura da flor na segunda estrutura do primeiro ramo frutífero. Sucessivamente, à medida que ocorrer a abertura da primeira flor do ramo frutífero de número n, o estádio passará a ser F
Quando a primeira bola do primeiro ramo transformar-se em capulho o estádio de desenvolvimento passará a ser C1. Sucessivamente, o estádio será Cn à medida que ocorrer a abertura da primeira bola do ramo frutífero de número n. Em certas ocasiões, antes da abertura do primeiro capulho, pode ocorrer um curto período em que flores abertas não sejam observadas. Em tais casos, o estádio de desenvolvimento deve ser caracterizado como FC, que significa o período entre a última flor (F) e o primeiro capulho (C).
Para a determinação do estádio de desenvolvimento predominante das plantas de um experimento, sugere-se que sejam observadas no mínimo 20 plantas, tomadas ao acaso e distantes entre si. No caso de uma lavoura, usar o mesmo procedimento para cada hectare de área plantada. Assim, a definição final do estádio de desenvolvimento da população de plantas será dada por aquele estádio que ocorreu com a maior freqüência na amostragem.
Implantação da lavoura
Clima : O algodoeiro é uma planta de clima tropical; algumas cultivares podem desenvolver-se em regiões de temperatura amena. A planta também se desenvolve em regiões semi-áridas. Água : Exige umidade no solo para germinação da semente, para o início do desenvolvimento e para o período que vai da formação dos primeiros botões florais ao início da abertura dos frutos (35 a 120 dias do ciclo de vida); O déficit hídrico e o excesso de umidade no período compreendido entre 60 e 100 dias após a emergência (DAE), podem induzir a queda das estruturas frutíferas e comprometer a produção, pois aproximadamente, 80% das estruturas responsáveis pela produção do algodoeiro são emitidas neste período. Encharcamento do solo, em qualquer fase da planta, provoca avermelhamento, perda de frutos e redução da produção. Clima: Insolação (luminosidade) é importante para a planta na maior parte do ciclo (150 a
180 dias). Muito calor + muita luminosidade + regular umidade no solo são imprescindíveis para desenvolvimento / produção do algodoeiro. Chuvas: precipitações anuais entre 500 m e 1500 m distribuídas ao longo do ciclo; a partir de 130 dias deve existir tempo relativamente seco para abertura dos frutos e boa qualidade do algodão. Tempertura: A média mensal de temperatura deve estar acima de 20ºC e abaixo de 30ºC (25ºC como um possível ótimo) umidade relativa do ar em 70% e insolação em 2.500 horas luz/ano (em torno de 6,5 horas/dia como mínimo). Solos: Devem ser profundos (2m ou acima) porosos, bem drenados, textura média, ricos em elementos minerais e pH entre 5,5 e 6,5. O terreno deve apresentar declividade abaixo de 10% e não deve estar acima de 1.500m de altitude. Deve-se evitar plantios em terrenos arenosos (por fácil erosão, por baixa retenção de água e nutrientes), em solos recém desmatados, nos sujeitos a encharcamento, e naqueles com lençol de água superficial. A planta do algodoeiro é extremamente exigente em oxigênio no solo o que reforça a necessidade de solos profundos e porosos para o seu cultivo. Nutrição da Planta : Nitrogênio: (N): é aquele que o algodoeiro retira em maior proporção do solo. Promove o desenvolvimento da planta, inclusive na floração, no comprimento/resistência da fibra. Sua deficiência é mostrada por pequeno número de folhas na planta, amarelamento (clorose) notadamente de folhas velhas, plantas com porte reduzido.
Fósforo (P2O5): concentra-se nas folhas e frutos principalmente; é responsável por boa polinização, por frutificação, maturação e abertura dos frutos e formação/crescimento de raízes. Sua deficiência atrasa o desenvolvimento, reduz frutificação, folhas escuras, fibras com baixa qualidade e manchas ferruginosas nos bordos da folha.
Potássio (K2O): o potássio participa direta ou indiretamente na fotossíntese e respiração, no transporte de alimentos na planta. Aumenta tamanho das maçãs, peso do capulho e das sementes e promove qualidade das fibras do algodão. Clorose entre as nervuras das folhas do "baixeiro" (que evolui a bronzeamento) é sinal de deficiência de potássio. Cálcio (CaO): bastante exigido pelo algodoeiro; é importante para a utilização do N pela planta, para crescimento e germinação da semente. Murchamento de folhas com curvatura e colapso dos pecíolos mostram a deficiência de cálcio. Magnésio (MgO): é pouco exigido pela planta; sua deficiência é mostrada por amarelecimento entre as nervuras que evolui para vermelho púrpura (folhas mais velhas), o que indica deficiência de magnésio. Enxofre (S): é requerido continuadamente pelo algodoeiro; é importante para aparecimento/desenvolvimento dos botões florais. Como micronutrientes importantes destacam-se: boro (para flor, frutos), manganês (folhas do ponteiro), zinco (folhas novas), molibdênio, ferro, cloro, cobre. Calagem (correção do solo): Caso haja necessidade de uso de calcário aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem. Se o teor de magnésio estiver acima de 1,0 meq./100cm3 não há necessidade de usar calcários magnesianos ou dolomíticos. Adubação: O nitrogênio deve ser fornecido ao algodoeiro na ocasião do plantio e fracionado (2-3 vezes) em cobertura até 40 dias após emergência. A planta requer mais o fósforo entre 30 e 50 dias, o potássio entre 30 e 50 dias e em torno de 90 dias, o magnésio a partir de 35 dias, o enxofre em torno de 50 dias e 80 dias após a emergência. A adubação deve seguir as recomendações da análise de solos; Ela é feita no plantio e em coberturas – (1/3 dos 25 aos 30 dias e 2/3 aos 45 dias pós emergência). A adubação de base deve ser colocada a 5cm. de profundidade e ao lado da semente; a adubação de cobertura é aplicada a uma distância de 15 a 25cm. da planta e incorporada ao solo (cultivador). 4,5 – 10 Kg/ha de bórax, 20-24 Kg/ha de sulfato de zinco aplicados ao sulco de plantio devem suprir as necessidades do algodoeiro em boro e zinco ao longo do ciclo. O superfosfato simples e sulfato de amônio ou potássio suprem as necessidades de enxofre.
Cultivo do Algodoeiro Herbáceo
O algodoeiro deve ser cultivado como parte de um programa sistemático de rotação de culturas, em glebas apropriadas para lavouras anuais, visando obter rendimentos elevados com um mínimo de agressão ao meio ambiente. Preparo do Solo: A eliminação dos restos de cultura do algodoeiro deve ser feita o mais cedo possível após a safra (arranquio e destruição com arado/grade, enxadeco arrancador ou roçadeira) para, antes de tudo, reduzir a incidência de pragas na cultura seguinte. Palhada de outras lavouras devem ser deixadas sobre o solo na entre safra. Deve-se evitar ao máximo o uso da grade aradora pesada na movimentação do solo; deve-se optar pelo uso inicial da grade leve (para triturar ervas/restos de cultura) e seguido de aração (preferentemente com arado de aiveca). Essa ação visa conservar o solo, permitir maior infiltração de água no solo e facilitar o controle de ervas daninhas. Uma ou duas gradagens podem se seguir ( a 2ª próximo ao plantio). Semeadura : A semeadura do algodoeiro no cerrado está relacionada ao grau de incidência de pragas, doenças e a possibilidade de colheita em período seco. Geralmente, as melhores épocas de plantio coincidem com o início do período chuvoso. Para algodoeiro cultivado em regime de sequeiro, recomenda-se que a época de plantio não se prolongue além de um mês. A falta de uniformidade poderá acarretar problemas com pragas, particularmente com lagarta rosada, bicudo e percevejos, com reflexos no rendimento. Semeadura- época: Para a região de cerrado,( Bahia, Goiás e Minas Gerais) o plantio no mês de novembro tem dado melhores resultados. Nos chapadões de Goiás esta época pode ser ampliada até final de dezembro, a exemplo do vizinho Estado do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul onde a melhor época de semeadura tem sido durante o mês de dezembro.
No método de plantio manual usa-se enxada e plantadeiras manuais (tico-tico ou matraca); o espaçamento de plantio é 80cm entre fileiras e 20cm entre covas com colocação de 4-5 sementes/cova a 5cm de profundidade.
O espaçamento adequado é aquele em que as folhas das plantas devem cobrir toda a superfície entre fileira na época do máximo florescimento, sem haver entrelaçamentos entre elas. Como regra prática, sugere-se como espaçamento ideal, aquele correspondente a 2/3 da altura das plantas.
Os componentes de produção como número de capulhos por planta, peso de capulho e peso de 100 sementes, têm os seus valores reduzidos com o aumento da população de plantas.
A produção do algodão em caroço é mais influenciada pelo espaçamento entre fileiras e as características tecnológicas da fibra, pela densidade. Há tendência de redução do espaçamento entre fileiras e aumento da densidade de plantas. Mas, os resultados mostram que, nem sempre a produtividade é maior com uma alta população. Semeadura mecanizada: Espaçamento de 80cm entre fileiras. A semeadora deve deixar cair 15 a 25 sementes por metro de linha de plantio, a uma profundidade de 5 a 6cm.
A relação entre a produção de algodão e a população de plantas depende das condições edafoclimáticas nas quais a cultura se desenvolve. Assim, embora a redução do espaçamento entre fileiras possa reduzir os custos de produção sem alterar significativamente a produção de fibra, a qualidade desta pode ser sensivelmente deteriorada. Para as condições do cerrado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, considerando-se as cultivares atualmente em uso, a população de plantas deve estar entre 80.0 a 120.0 plantas/ha. O espaçamento entre fileiras deve ser de 0,80 a 0,90, com 8 a 12 plantas/m.2 Rotação de Culturas: Tendo em vista o controle da erosão, a diminuição da compactação do solo, o controle de pragas entre outras, sugere-se uma rotação de cultura composta de leguminosa – algodão – milho ou feijão – algodão – milho. Tratos Culturais: Desbate (raleamento): O raleamento (diminuição do número de plantas no algodoal) deve ser realizado aos 20-30 dias após emergência ou quando as plantas atingirem 15-20cm de altura; a operação a ser realizada com solo úmido, deve deixar 2 plantas vigorosas por cova ou 10 plantas por metro de linha de plantio. Isto torna o espaçamento 80cm x 10cm, o que proporciona população de 125 mil plantas por hectare. Controle de plantas daninhas: A lavoura do algodoeiro não deve sofrer concorrência de invasoras notadamente nos primeiros 60 dias após a emergência (período crítico de competição existe dos 15 aos 56 dias de vida). O controle cultural pode ser feito pelo uso de sementes sem impurezas, época certa de plantio, número de plantas por hectare, preparo adequado de solo, rotação de culturas, outros.O controle mecânico – capina – é feito manualmente com enxada (homem) ou cultivador (tração animal ou tratorizada), tendo-se o cuidado de não se cultivar a mais de 3cm. de profundidade no solo. O controle químico – capina química – é feita através de herbicidas. A aplicação do herbicida pode ser feita antes do plantio (em pré-plantio ou PPI), antes da emergência (em préemergência ou PRE) e após a emergência do algodoeiro (em pós-plantio ou POS); nos dois primeiros casos o solo deve estar úmido. Apesar da aplicação do herbicida o controle de invasoras pode requerer complementação com capina mecânica. Reguladores de Crescimento/Desfolhantes/Maturadores: Fim de ciclo, plantas acima de 1,5m de altura, algodoal bem fechado dificulta uma série de ações na cultura (colheita mecanizada, controle de pragas) além de determinar sombreamento das partes mais baixas da planta, apodrecimento de maçãs, entre outras. Para evitar tais problemas recomenda-se a aplicação de reguladores de crescimento – tais como cloreto de chlormequat e cloreto de mepiquat, na dose de 0,5 a 1,0l./hectare – quando o algodoeiro, na floração (50 a 70 dias), ultrapassar a 1,0m de altura com 8 a 10 flores abrindo por 10m de linha de fileira.
Os desfolhantes podem ser específicos (produzem queda da folha antes dela secar) e herbicidas (causam morte da folha que permanece ligada à planta). Os desfolhantes etephon, dimethipin thidiazuron, outros devem ser aplicados quando 60 a 70% dos capulhos já estiverem abertos e sua ação dá-se em 8 a 15 dias. A desfolha apressa a maturação do fruto e abertura dos capulhos o que facilita a colheita, dá-lhe maior rendimento com produto mais limpo e facilita o controle de pragas.Plantas que foram desfolhadas devem ser colhidas de imediato. Em grandes áreas o desfolhante é aplicado de modo escalonado. O dessecante (glifosate, paraquat) provoca o secamento da folha sem sua queda, o que resulta em produtos colhidos com alto grau de impureza.
Os maturadores (etephon + cyclanilide) devem ser aplicados quando 90% dos capulhos estiverem abertos. O alvo único é o fruto, acelerando sua maturação e abertura. A mistura maturadora pode conter entre 720 a 1200g. de ethephon + 90 a 150g. de cyclanilide.
Cultivares
As principais características exigidas pelos produtores de algodoeiro, para uma cultivar a ser utilizada nos cerrados são: produtividade elevada (200 a 300 arrobas/ha); alto rendimento de fibras (38 a 41%); ciclo normal a longo (150 a 180 dias de ciclo); características tecnológicas modernas medidas em HVI (high volume instrument) incluindo: finura de 3,9 a 4,2 I.M ; resistência acima de 28 gf/tex ; maturidade acima de 82% ; teor de fibras curtas inferior a 7% ; comprimento de fibras acima de 28,5 m ; número de neps na fibra inferior a 250 ; fiabilidade acima de 2.200 ; alongamento em torno de 7% . As características extrínsecas devem ser correspondentes aos tipos 4,5 a 6,0 com refletância (Rd) acima de 70% e grau de amarelecimento (+b) menor que 10,0 e com índice de caramelização ou açúcar inferior a 0,40%. São exigidas também: resistência múltipla às principais doenças causadas por vírus (doença azul , vermelhão e mosaico comum), bactérias (bacteriose ou mancha angular), fungos (ramulose, mancha branca, causada por ramulária areola, pintas pretas causadas por Alternaria ou stemphylium, fusariose, verticilose, cercosporiose, antarcnose, tombamento, podridão das maçãs) e nematóides das galhas e reniforme. A resistência a pragas sugadoras e transmissoras de viroses como pulgões e mosca branca é altamente desejável.
As cultivares devem apresentar boas respostas a aplicação de insumos modernos, incluindo fertilizantes químicos, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de crescimento e desfolhantes. É exigida boa adaptação a colheita mecanizada, devendo as plantas apresentarem a inserção do primeiro ramo frutífero acima de 20 cm do solo; porte ereto, mesmo quando fixarem todo seu potencial produtivo; capulhos bem aderidos as cápsulas e que não caiam mesmo após fortes chuvas e ventos. Devem ser tolerantes aos veranicos prolongados, que ocorrem normalmente nos cerrados de Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí; devendo apresentar sistema radicular vigoroso e profundo; possuírem alta capacidade de fixação de capulhos nas plantas, inclusive até nos ponteiros; e suportarem espaçamentos estreitos e altas densidades de plantas/metro linear de sulco.
CULTIVARES INDICADAS PELOS OBTENTORES/MANTENEDORES(2007/07)
Ciclo Precoce: EMBRAPA - BRS Araçá; EPAMIG- EPAMIG PRECOCE 1(Região de Guanambi);
Ciclo Médio: BAYER- Sicala 40; COODETEC - CD 406, CD 407, CD 408; D&PL- NuOPAL, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow 821; EMBRAPA- BRS Rubi, BRS Safira, BRS Verde, BRS 187, BRS 200, BRS 201; EPAMIG - EPMG Redenção; SYNGENTA- Makina;
Ciclo Tardio: BAYER - FiberMax 977, FM 993; EMBRAPA -BRS Camaçari, BRS Acácia, BRS Aroeira, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Jatobá,BRS Sucupira, CNPA ITA 90; D&PL- Acala 90, DP 90 B; COODETEC- CD 409; SYNGENTA - Fabrika, INTASP 41368.
Pragas do algodoeiro
As pragas constituem-se um dos fatores limitantes para sua exploração, caso não sejam tomadas medidas eficientes de controle. Dentre as pragas que atacam o algodão cultivado no cerrado, destacam-se As brocas (Eutinobothrus brasiliensis e Conotrachellus denieri),. lagarta rosca (Agrotis spp.), os pulgões (Aphis gossypii e Myzus persicae), tripes (Frankliniella spp.) o percevejo de renda (Gargaphia torresi), o curuquerê (Alabama argillacea) o bicudo (Anthonomus grandis) a lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) as lagartas do gênero Spodoptera (S.frugiperda e S. eridania) a lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) os ácaros (Tetranychus urticae e Polyphagotarsonemus latus), os percevejos (Horcias nobilellus e Dysdercus spp.) a mosca branca (Bemisia tabaci).
Sistema de Manejo Integrado de Pragas – MIP
inseticidas
Para o controle de pragas a Embrapa preconiza o uso do MIP, o qual é constituído de várias estratégias de controle. Todavia o sucesso no emprego dessas estratégias dependem da utilização de métodos de amostragens, para determinação dos níveis de controle das pragas e da ação dos inimigos naturais, visando otimizar o emprego de Amostragem de pragas:Geralmente, as amostragens deverão ser feitas em intervalo de cinco dias, tomando-se aleatoriamente 100 plantas em talhões com até 100 ha, área homogênea, através do caminhamento em ziguezague, dentro da cultura de tal maneira que se observem plantas que estejam bem distribuídas na cultura.
Para amostrar o curuquerê em cada planta deve-se examinar a terceira folha, contada a
No caso do bicudo, deve-se observar um botão floral de tamanho médio, tomado aleatoriamente, na metade superior da planta, a fim de se verificar a presença ou não de orifícios de oviposição e\ou alimentação. As amostragens visando o bicudo, deverão ser feitas a partir do surgimento dos primeiros botões florais até o aparecimento do primeiro capulho na cultura. Estratégias de controle: O manejo integrado de pragas tem como base fundamental a integração de várias estratégias de controle de pragas, tais como: manipulação de cultivar, controle cultural (plantio, conservação do solo e adubação, densidade de plantio, catação de botões florais e maçãs caídas no solo, destruição dos restos de cultura e rotação de cultura), controle climático, controle biológico, controle químico. Manipulação de cultivar e plantio
Sugere-se a utilização de cultivares produtivas de algodão de ciclo curto resistentes a virose e uniformidade da época de plantio, sempre que possível, em áreas e períodos comprovadamente com menor incidência de pragas, visando quebrar a sincronia entre a fonte alimentar da praga e sua ocorrência, além de possibilitar a antecipação da colheita e, conseqüentemente, a destruição precoce dos restos de cultura. Conservação do solo e adubação: A utilização correta do solo, baseada em recomendações técnicas de preparo e adubação, constitui-se em ferramenta indispensável para manutenção da sua fertilidade e estrutura, contribuindo diretamente para a formação de plantas vigorosas e, portanto, menos vulneráveis ao ataque de pragas. Densidade de plantio :A densidade de plantio deverá ser constituída de tal maneira que se evite o adensamento excessivo da cultura, facilitando a penetração dos raios solares e o deslocamento de gotas da calda do inseticida até o alvo biológico. Controle climático :
Nas regiões brasileiras cujas condições edafoclimáticas são caracterizadas por insolação excessiva, tem exercido um papel preponderante na redução populacional de pragas. A insolação aumenta a taxa de evaporação da água presente no solo e nos insetos, funcionando como fator limitante para a sua sobrevivência, principalmente da broca e do bicudo. Controle Biológico
Sugere-se efetuar, uma vez por semana, liberações inundativas de 100.0 ovos parasitados/ha, pela vespinha Trichogramma pretiosum no momento do aparecimento na lavoura de lepidópteros-praga, como: curuquerê, lagartas do gênero Spodoptera spp., lagarta rosada e lagarta-das-maçãs. A liberação deverá ser feita com 15 cartões de 2 pol2 contendo ovos parasitados distribuídos em 15 pontos equidistantes entre si por ha. Outra alternativa é efetuar pulverizações com o inseticida microbiológico a base de Bacillus thuringiensis, na dosagem comercial de 8-16 e 16-32 g.i.a./ha, respectivamente, quando o curuquerê e a lagarta-das-maçãs atingirem o nível de controle. Deve-se ter bastante atenção para a presença de predadores (joaninhas, sirfídeos, bicho-lixeiro e aranhas) e parasitóides (vespinha: Lysiphlebus testaceipes) do pulgão na lavoura, obedecendo ao nível de ação desses inimigos naturais Controle Químico
O controle químico das principais pragas do algodoeiro somente deverá ser efetuado quando necessário, ou seja, quando a praga atingir o nível de controle (Tabela 1). Até o aparecimento das primeiras maçãs firmes (cerca de 70 dias), não devem ser utilizados inseticidas piretróides. A escolha dos inseticidas químicos deverá levar em consideração a eficácia, a seletividade, a toxicidade, o poder residual, o período de carência, o método de aplicação, a formulação e o preço. Destruição dos restos de cultura
Imediatamente após a colheita, deve-se proceder à destruição dos restos de cultura, tais como: raízes, caules, botões florais, flores, maçãs, carimãs e capulhos não colhidos, respectivamente, através do arranquio e/ou coleta, para destruição e incorporação no solo. A destruição dos restos de cultura no final da safra visa quebrar o ciclo biológico das pragas, através da eliminação dos sítios de proteção, alimentação e reprodução. Rotação de cultura
O cultivo alternado do algodoeiro com outras culturas, em sucessões repetidas, adotando-se uma seqüência definida, além de contribuir para a redução de pragas específicas associadas a uma delas, concorre favoravelmente para a melhoria das condições físicas e químicas do solo. MIP
O MIP baseia-se em amostragens periódicas na cultura. Assim, o cotonicultor poderá decidir qual a estratégia correta que deverá ser aplicada para o controle de determinada praga. O cotonicultor deve aprender a tolerar a presença de insetos na sua lavoura, enquanto esses não atingirem o nível de controle. Lavouras de algodão de diferentes idades, em uma mesma região, favorecem a sobrevivência e o surgimento precoce de pragas, aumentando o custo de produção. A destruição de restos de cultura na lavoura algodoeira é obrigatória por lei e seu descumprimento é crime. Para o agricultor, a utilização do MIP resultará em economia nos custos de produção, melhoria na sua qualidade de vida, garantia de que esta atividade agrícola permanecerá viável economicamente por muito tempo, enquanto para a sociedade a garantia de preservação da biodiversidade, dos mananciais hídricos (lençóis, poços, açudes e rios) e à certeza da redução de resíduos nos subprodutos do algodão.
Doenças do Algodoeiro
Principais doenças do algodoeiro no cerrado. Tombamento, Ramulose, Mancha angular, Mancha branca ou mancha de ramulária, Manchas de alternária e estefilium, Murcha de fusarium, Doença Azul.
Tombamento: É uma doença bastante comum e de ocorrência generalizada em todas as áreas produtoras de algodão do cerrado, sobretudo aquelas onde são verificados maiores índices pluviométricos, podendo causar sérios prejuízos ao estabelecimento da cultura, em função, principalmente, dos efeitos sobre a redução do estande. Os sintomas de tombamento podem ser observados logo após a emergência das plântulas, nas folhas cotiledonares e primárias, as quais apresentam lesões irregulares de coloração pardoescura. Estas lesões também podem ser observadas no caule da plântula, na mesma face de inserção da folha e imediatamente abaixo do coleto. Essas lesões, ao circundarem todo o caule, induzem o tombamento e morte da plântula. Entre os patógenos causadores de tombamento podem-se destacar os fungos dos gêneros Colletotrichum, Fusarium, Pythium e Rhizoctonia, sendo este último o mais importante. O controle da doença é feito por meio do tratamento de sementes.
Ramulose; Doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides é caracterizada por ocasionar encurtamento dos internódios e superbrotamento da região apical, dando aspecto de vassoura aos ramos terminais. É uma das mais importantes doenças do algodoeiro, particularmente no cerrado. Alta pluviosidade e fertilidade do solo, temperaturas entre 25º e 30ºC e umidade relativa do ar acima de 80% favorecem a ação do fungo. O controle é realizado através do uso de cultivares resistentes: as principais recomendadas pela Embrapa são: BRS Aroeira e BRS Sucupira.
Mancha angular: A mancha angular é causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum e caracteriza-se por apresentar manchas foliares de formato anguloso, delimitadas pelas nervuras. As manchas, de início oleosas adquirem posteriormente, aspecto necrótico e apresentam coloração marrom ou parda-escura. As lesões também podem se localizar ao longo das nervuras principais, formando uma zona necrótica adjacente a estas; nos caules e ramos podem ser observadas lesões deprimidas, escuras e alongadas, podendo atingir vários centímetros de comprimento no sentido longitudinal, enquanto nas maçãs, lesões circulares inicialmente encharcadas de coloração verde escuro, são formadas na parede do carpelo e posteriormente se tornam escuras e causam a podridão das maçãs. O controle desta doença é feito unicamente com o uso de cultivares resistentes. O controle químico com o uso de antibióticos é de elevado custo e de eficiência duvidosa. As principais cultivares recomendadas para controle são: BRS Aroeira, BRS Ipê e BRS Sucupira.
Mancha branca ou mancha de ramulária: Causada pelo fungo Ramularia areola, caracteriza-se por apresentar manchas esbranquiçadas, de formato anguloso em ambas as superfícies foliares; sob condições de alta umidade e ambientes sombreados, sobretudo no terço inferior da planta pode afetar o algodoeiro ainda precoce e ocasionar queda de folhas. Lesões com as mesmas características daquelas ocasionadas nas folhas, podem ocorrer nas brácteas; não é comum sobre plântulas, em especial nos cotilédones, porém quando ocorrem, os cotilédones se tornam cloróticos e avermelhados e há queda de folhas. Não existem cultivares resistentes, porém existem algumas tolerantes tais como a BRS Sucupira, BRS Ipê e BRS Aroeira. A Cultivar BRS Antares é altamente suscetível. O controle químico em cultivares suscetíveis deve se iniciar a partir dos 40 dias após a emergência utilizando-se os fungicidas recomendados.
Manchas de alternária e estefilium : Causadas pelos fungos Alternaria sp e Stemphylium solani. Caracterizam-se por apresentar manchas necróticas circulares no início, evoluindo para manchas irregulares no caso de S solani e circulares com anéis concêntricos quando ocasionadas por Alternaria sp. São cíclicas, não obedecendo um padrão lógico de ocorrência a cada ano. As cultivares da Embrapa recomendadas para o cerrado apresentam resistência a estas doenças. O controle químico pode ser feito utilizando-se fungicidas estanhados.
Murcha de fusarium: Doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum . Os sintomas caracterizam-se pela murcha das folhas e ramos. Muitas plantas jovens podem morrer em poucos dias após os primeiros sintomas externos serem observados, comuns quando as plantas encontram-se com, aproximadamente seis semanas de idade. Algumas plantas afetadas podem sobreviver à doença emitindo novas brotações próximas ao solo mas, em geral, os ramos originados a partir desses novos brotos não são produtivos. As plantas mortas perdem todas as suas folhas e as pequenas brotações caem, permanecendo apenas o caule enegrecido. A maioria das plantas que não morrem, sofrem severa redução de crescimento. Os sintomas internos caracterizamse pela descoloração dos feixes vasculares os quais sofrem bloqueio impedindo a livre circulação de água e seiva bruta para a parte aérea, induzindo a murcha. A murcha de fusarium é ainda mais severa quando ocorre associada com nematóides, especialmente os do gênero Meloidogyne, Rotylenchus e Pratylenchus formando o que se convencionou chamar de complexo fusarium-nematóide. O controle desta doença é feito somente através de cultivares resistentes. A Embrapa recomenda o plantio da BRS Aroeira nas áreas de cerrado, sobretudo de Goiás, onde a murcha de fusarium tem ocorrido.
Doença Azul: É uma doença de natureza virótica cujo agente causal ainda não foi descrito, caracteriza-se por induzir o encurtamento dos entrenós, o que acarreta redução do porte das plantas. As folhas apresentam palidez das nervuras, curvatura das bordas para baixo e rugosidade. A doença tem como vetor o pulgão Aphis gossypii. Os sintomas desenvolvem-se ente nove e 28 dias após a inoculação. O controle da doença é feito com cultivares resistentes e com o controle do vetor através da pulverização com inseticidas. As principais cultivares resistentes são: BRS Aroeira e BRS Sucupira. As cultivares BRS Ipê e CNPA Ita 90 apresentam suscetibilidade a esta virose.
Por exigir atenção constante ao longo do seu desenvolvimento (mão-de-obra e capital) maiores cuidados com o algodoeiro devem ser alocados à colheita e armazenamento. Como a destinação principal do algodão é a indústria têxtil a qualidade da fibra é de fundamental importância e também depende da colheita.
A qualidade final da semente e da fibra do algodoeiro depende da tecnologia de pré-colheita, colheita e pós-colheita. Os métodos empregados nas duas últimas fases são fundamentais para a qualidade; deles também depende o tempo de armazenamento, importante fator no que se refere à comercialização do produto.
A ocorrência de sujeira – notadamente fios de sisal, ráfia, náilon e plásticos, penas de aves (já no armazenamento) - contamina o algodão, deprecia sua qualidade e induz mau conceito junto a consumidores. O algodão deve ser colhido em sacos de algodão; no ato da colheita separar o algodão mais limpo do produto sujo. A colheita, iniciada em até 130 dias de ciclo, pode ser manual ou mecânica. Colheita manual: Própria para algodoais em áreas pequenas com exploração quase familiar. Deve-se evitar o que se chama "rapa" isto é, colheita misturando o algodão baixeiro com o algodão do ponteiro da planta o que produz tipos 6 e 7 (inferiores). Um apanhador (colhedor) pode colher 3 a 6 arrobas/dia. A colheita deve ser iniciada quando 60% dos capulhos estiverem abertos. Deve-se conscientizar os apanhadores acerca da importância da colheita. A medida que o algodão é colhido deve ser entregue à usinas de beneficiamento (evita-se riscos de incêndio, fermentação, contaminação). Existem alguns cuidados que devem ser observados na colheita manual tais como: –iniciar a colheita quando 60% dos capulhos estiverem abertos, realizando quantas colheitas forem viáveis; –evitar colher capulhos com carimãs, plantas daninhas, maçãs verdes e outros produtos estranhos; –não usar sacaria e amarrações de plásticos, juta e sisal, dentre outros, para evitar contaminação por materiais como polipropileno.
Na colheita manual, se bem conduzida, o produto pode atingir os tipos 4 e 4/5 (de ótima qualidade), que não exige muita pré-limpeza nem limpeza após o beneficiamento e alcança melhor cotação no mercado.
Colheita mecânica: ( Colhedeiras do tipo Picker de 2 a 5 fileiras). De alto rendimento é de menor custo que a manual; em lavouras bem conduzidas tecnicamente e com bom rendimento um equipamento colhedor pode colher de 3 a 5ha/dia de trabalho (colhendo 2 filas). O algodão colhido (tipo 5) passa a tipo 4. Para a colheita mecânica a declividade do terreno deve estar abaixo de 8%, não devem existir obstáculos no terreno, tocos, pedras, buracos, ser adequada a cultivar, população de plantas, controle de ervas, entre outros. O teor de umidade de 7 a 12% (colher em horas quentes do dia) , operadores capacitados, a cultura deve estar no limpo, desfolhada e uniforme. Perdas admitidas em até 10%. Velocidade de trabalho em 3,5 km/h. Rendimentos variam de 1.500kg a 2.500kg/ha em condições de sequeiro;Em trabalhos experimentais já se conseguiu 4.500kg/ha (Bahia) em condição de lavouras irrigadas. Caso haja necessidade de armazenamento antes da comercialização o local deve estar seco, ventilado, limpo, protegido da umidade e do fogo.
Pontos importantes para se obter o máximo desempenho da colheitadeira: –Preparar e nivelar bem o terreno, que deve ser, de preferência, plano - não excedendo a 8% de declividade - isento de pedras, tocos e sulcos de erosão. –Realizar a semeadura, de preferência em fileiras retas, proporcionando densidade uniforme entre 10 a 12 plantas por metro linear;a semeadora adubadeira a ser utilizada deverá ter o mesmo número de unidades colhedoras da máquina ou número múltiplo. –A cultivar deve ser de estrutura compacta, com tamanho homogêneo de plantas e de ciclo relativamente precoce, para proporcionar maturação uniforme por ocasião da colheita. –A adubação deve ser equilibrada, de acordo com as necessidades do solo e da planta, com vistas a se obter ótimos desenvolvimento, maturação do cultivo e produtividade. –O controle de ervas daninhas deverá ser cuidadoso e eficiente, em função das dificuldades que elas impõem ao bom desempenho das colheitadeiras, além de depreciar a qualidade da fibra. –A aplicação de reguladores de crescimento é fundamental para se obter a altura ideal das plantas que favorecerá o bom desempenho das colheitadeiras, esta altura pode variar entre 1,0 m e 1,30 m; entretanto, como o algodão tem hábito de crescimento indeterminado, deve haver equilíbrio entre o crescimento (vegetativo e reprodutivo) e o seu desenvolvimento, que é de natureza seqüencial.
Beneficiamento do algodão
O beneficiamento do algodão é feito nas Algodoeiras, é a etapa prévia para a sua industrialização e consiste na separação da fibra das sementes por processos mecânicos, com mínima depreciação das qualidades intrínsecas da fibra e a obtenção de um bom tipo de algodão, de maneira a atender às exigências da indústria têxtil e de fiação.
O processo se inicia com a pesagem do fardão que, posteriormente, passa por um equipamento denominado vulgarmente de Piranha ou Ricardão, que tem a função de desmanchá-lo através de eixos batedores de pinos que abrem, desempelotam e limpam parte do algodão, conduzindo-o a uma esteira que o levará à sucção de alimentação da usina.
Em outras algodoeiras que não dispõe de desmanchadores, o processo de alimentação é realizado por meio de tubos telescópio que atuam sobre os fardões ou gaiolas promovendo alimentação da usina de beneficiamento via sucção.
Em algodoeiras equipadas com aferidores eletrônicos é possível determinar a umidade do algodão e proceder a secagem ou umidificação conforme o caso, para melhorar as operações de limpeza e descaroçamento, garantindo melhor qualidade final da fibra.
O processo de separação da fibra da semente é realizado por descaroçadores de serras circulares que são apresentados em diferentes modelos, número de serras, capacidade de trabalho e fabricantes.
Através de processos eletrônicos é possível regular o peso médio dos fardos a serem compactados e amarrados ao final do processo além da retirada automática de amostras para analise no HVI (high volume instruments).





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