quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Tratos Culturais e Manejo de Plantas Daninhas no Feijão-Caupi



Plantas daninhas

Em uma lavoura de feijão-caupi podem aparecer inúmeras plantas estranhas à espécie explorada, as quais são chamadas de plantas daninhas, ervas daninhas ou mato. O período crítico de competição das plantas daninhas com o feijão-caupi, ou seja, o período durante o qual as perdas econômicas são maiores, ocorre aproximadamente, até aos 35 dias após a emergência (Araújo et al., 1984).

A estratégia adequada de manejo está associada à eficiência técnica e econômica do método considerado como o momento de maior suscetibilidade das plantas daninhas. Na definição do método deve-se levar em conta o tamanho e o relevo da área a ser controlada; as condições climáticas prevalecentes no período; a disponibilidade de equipamentos e mão-de-obra; a qualidade da água; os custos e as espécies daninhas predominantes. Na maioria dos casos, a fusão de métodos de controle proporciona melhores resultados.
Existem vários métodos de controle de plantas daninhas, destacando-se como principais:

Controle preventivo

O objetivo principal desse método é prevenir a introdução, o estabelecimento e/ou a disseminação de determinadas espécies de plantas daninhas em áreas não infestadas. Tem importância extrema quando o campo é destinado à produção de sementes. A legislação brasileira de sementes relaciona as espécies proibidas, sendo suficiente a presença de um único propágulo para condenar um lote de semente. Para tanto, foram estabelecidos limites de tolerância para as espécies daninhas toleradas e nocivas (Ferreira et al., 1998).
Para evitar a contaminação de uma área, certos cuidados são necessários. Entre eles destacam-se: utilizar sementes e adubos de natureza orgânica (estrume, restos de cultura ou composto) livres de propágulos de plantas daninhas proibidas; realizar limpeza completa de máquinas e implementos antes de iniciar as práticas agrícolas; e promover permanentemente o controle dessas plantas daninhas próximo a canais de irrigação e margens de carreadores.

Controle cultural

Consiste no aproveitamento das características agronômicas da cultura comercial como  objetivo de levar vantagem sobre as plantas daninhas (Ferreira et al., 1994).
O monocultivo de uma dada espécie por vários anos, como também a utilização contínua de um mesmo princípio ativo (herbicida), em uma mesma área, facilitam o estabelecimento de certas plantas daninhas tolerantes aos herbicidas, promovendo um efeito negativo adicional sobre a cultura.
Uma prática para amenizar os efeitos da monocultura é a rotação cultural, pois previne o surgimento de altas populações de espécies de plantas daninhas mais adaptáveis às culturas.
A variação do espaçamento entre linhas, ou da densidade de plantas na linha pode contribuir para a diminuição da competição das plantas daninhas sobre a cultura (Lorenzi,1994; Cardoso et al., 1997a; Cardoso et al., 1997b). A combinação espaçamento x variedade visa, principalmente, a proporcionar adequada cobertura do solo para diminuir a competição de plantas daninhas com a cultura.
Atrasar o plantio após o preparo do solo favorece o desenvolvimento das plantas daninhas. O ideal é que a última gradagem seja feita imediatamente antes do plantio, pois facilita o controle das plantas daninhas já germinadas, o que favorece o estabelecimento mais rápido da cultura.


Controle mecânico

Consiste na utilização de práticas de controle de plantas daninhas pelo efeito físico-mecânico, como a capina manual e o cultivo mecânico.
A utilização de enxadas e, principalmente, os cultivadores a tração animal são os métodos mais comuns de controle de plantas daninhas em feijão-caupi. Esses são, ainda, comuns em muitas lavouras, mormente no caso dos pequenos produtores que não possuem meios mais eficientes. Entretanto, ressalta-se que a tração animal não controla as plantas daninhas na linha do plantio comercial, e só pode ser utilizada, com eficiência, em sistemas de plantio em linha ou em covas bem alinhadas.


Controle químico

É recomendado para grandes áreas, quando justificado, ou em áreas com mão-de-obra escassa. De um modo geral, antes da aplicação, deve-se observar as recomendações do rótulo de cada produto seguindo a orientação técnica. Nesse método são utilizados os herbicidas que podem ser classificados em pré-plantio incorporado (PPI), pré-emergente (PE) e pós-emergente (POS). O produtor deve levar em conta que esse método de controle de plantas daninhas é um complemento de outras práticas de manejo e deve ser utilizado com o intuito maior de reduzir do que de eliminar as necessidades dos métodos de controle manual ou mecânico das plantas daninhas. O importante para uma boa produtividade de grãos de feijão-caupi é que o controle das plantas daninhas seja feito na época certa, pois quanto mais tempo a lavoura ficar infestada mais perdas poderão ocorrer por ocasião da colheita.
Na Tabela 5 estão as condições climáticas apropriadas para uma boa eficiência de herbicida.
Obs.: Não aplicar herbicida em pós-emergência em caso de chuva iminente (alguns dos herbicidas de contato ou sistêmico, aplicados em pós-emergência necessitam de até seis horas para serem absorvidos pelas folhas das plantas).


Pré-plantio incorporado (PPI)

É recomendado para solos infestados com plantas daninhas, principalmente das famílias das ciperáceas e gramíneas perenes. A profundidade de incorporação bem como o período deve seguir as orientações contidas no rótulo de cada produto.


Pré-emergente (PRÉ)

Inicia-se com o plantio do feijão-caupi e termina com o início da fase de emergência dos cotilédones.
Os produtos podem ser aplicados na área total ou na faixa de 30 a 50 cm sobre a linha de plantio.
O poder residual do herbicida deve ser suficiente para manter a lavoura no limpo até o início do florescimento, período considerado crítico, sendo que a aplicação em solo seco sem a garantia de uma chuva ou irrigação, logo após, afeta a eficiência do produto.


Pós-emergente (POS)

Para uma maior eficiência as plantas daninhas devem estar, preferencialmente, nos estádios iniciais de desenvolvimento, pois são mais suscetíveis nesta fase. No rótulo dos produtos as doses maiores são para dicotiledôneas nos estádio de duas a quatro folhas e gramíneas até a emissão do primeiro perfilho, e as doses menores, para as dicotiledôneas nos estádios de quatro a oito folhas e gramíneas até quatro perfilhos (Lorenzi, 1994). De um modo geral, deve-se observar as recomendações do rótulo. Os pós-emergentes devem ser utilizados quando as plantas de feijão-caupi apresentarem bom estado e vigor vegetativo evitando período de estiagem, hora de calor, excesso de chuvas ou com a cultura em condições vegetativas e fitossanitárias precárias por reduzir a tolerância da cultura ao produto (Rodrigues & Almeida, 1998). Na hora da aplicação, o ar deve estar com umidade relativa de preferência nas condições ideais conforme a Tabela 5.

Tabela 5. Condições climáticas apropriadas para aplicação de herbicidas.
Tipo de Aplicação
Temperatura °C
Umidade Relativa do AR % *


Mínima
Ideal
Máxima
Mínima
Ideal
Máxima
PPI
10
20-30
35
50
60-90
95
PRE
10
20-30
35
50
60-90
95
POS
10
20-30
35
50
70-90
95






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