segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Manejo da Água em Arroz Irrigado



O cultivo do arroz irrigado, por submersão do solo, necessita em torno de 2000 L (2 m3) de água para produzir 1 kg de grãos com casca, estando entre as culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos. Embora esta alta exigência, a manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo traz uma série de vantagens para as plantas de arroz.


O manejo de água na cultura do arroz irrigado compreende um conjunto de procedimentos, todos considerados importantes, seja do ponto de vista econômico, ou do crescimento e desenvolvimento das plantas. A captação e distribuição, a necessidade de água para irrigação, o período de submersão do solo, a altura da lâmina de água e a drenagem do solo, são aspectos importantes a serem considerados




Elevação e condução da água em lavouras de arroz irrigado

A água necessária para a cultura do arroz irrigado deve ser captada das fontes (rios, lagoas, barragens, etc.) de suprimento e conduzida até as fontes consumidoras (lavouras). Estes procedimentos assumem um papel importante, tanto para a garantia da produtividade, por meio de um correto manejo da água, quanto para a composição dos custos de produção.


A diferença de nível entre as duas fontes, em algumas condições especiais, permite a distribuição da água por gravidade. Todavia, a situação mais comum caracteriza-se por ser o nível da água inferior à cota da localização da lavoura. Neste caso, a água a ser distribuída deve antes ser elevada por meio mecânico (bombeamento).


Rede de condução da água

O canal principal de irrigação deve ser localizado na parte mais alta do terreno, não havendo a obrigatoriedade de ser retilíneo, nem de seguir as cotas mais elevadas em sua totalidade. O traçado deve buscar sempre o menor volume de aterro e ter uma forma trapezoidal para que não haja queda das paredes laterais. 

Rede de condução da água

O canal principal de irrigação deve ser localizado na parte mais alta do terreno, não havendo a obrigatoriedade de ser retilíneo, nem de seguir as cotas mais elevadas em sua totalidade. O traçado deve buscar sempre o menor volume de aterro e ter uma forma trapezoidal para que não haja queda das paredes laterais. 

A velocidade média da água no interior do canal varia, em função da natureza das paredes, de < 0,25 m s-1 para solos soltos a <1 0="" 10.000="" 100="" a="" b="" canais="" com="" compactados.="" de="" declividade="" enquanto="" entre="" grandes="" l="" m-1.="" m-1="" m="" menor="" o="" para="" pequenos="" pode="" que="" s-1="" solos="" superior="" variar="" vaz="">

Os canais secundários de irrigação, para que ocorra um adequado manejo de água, devem ser demarcados, quando possível, a cada 400 ou 500 m de distância, com uma faixa de abrangência de 200 a 250 m para cada lado, intercalados por uma estrada, com seus respectivos drenos.

Controle da água nas lavouras de arroz

AA maior eficiência do controle da água, nas lavouras de arroz irrigado, está associada à forma de adequação da superfície do solo. No Sul do Brasil, o arroz irrigado vem sendo cultivado em condições de terreno sistematizado e aplainado. Na primeira condição, a área de cada quadro pode variar entre 1 a 2 ha, ou pode atingir até 40 ha, na condição de solo aplainado. Os quadros devem ser isoladas por taipas (marachas), na maioria das vezes paralelos entre si, com dimensões que variam na base de 1,0 a 1,5 m e na altura, de 0,3 a 0,6 m, apresentando condições de serem irrigados e drenados independente, com sistema próprio de acesso.


A construção das taipas (marachas), em curvas de nível, no sistema convencional de cultivo do arroz, ocorre, anualmente, logo após a semeadura. O desnível vertical, entre uma taipa e outra, pode variar de 0,05 a 0,15 m, dependendo do menor ou maior desnível do terreno. Intervalos menores podem ser utilizados em solos com superfícies mais planas, visando reduzir o tamanho dos quadros. Em casos especiais, os intervalos verticais podem ser maiores que 0,15 m, de forma que seja mantida condição necessária para que as máquinas e implementos sejam operacionalizadas.

A sistematização da superfície do solo, mais utilizada nos sistemas pré-germinado e transplante de mudas, possibilita um manejo mais eficiente de água na lavoura, dispensando a construção de taipas internas aos quadros, enquanto que no aplainamento, mais utilizado no sistema convencional, embora o controle não seja tão eficiente, verifica-se menor mobilização de solo, menor custo de implantação e, quando bem executado, pode proporcionar melhores condições de drenagem.

Quando a semeadura é realizada após a construção das taipas e sobre estas (plantio direto), elas devem apresentar um perfil mais suave, de forma a facilitar a passagem de máquinas, como a própria semeadora. Neste caso, a base da taipa deve ser um pouco mais larga, em torno de 2,80 m, e a altura em torno de 0, 3 m.



Necessidade de água para o arroz irrigado


OO volume de água requerido pelo arroz irrigado representa o somatório de água necessária para atender às demandas decorrentes da saturação do solo, formação da lâmina de água, evapotranspiração (ET) e repor as perdas por infiltração lateral e por percolação. No RS, tradicionalmente, a necessidade máxima estimada pelos orizicultores, corresponde a 2 L s-1 ha-1 (17,3 mm dia-1). Todavia, informações mais recentes indicam que esta necessidade pode ser inferior, variando em torno de 1 L s-1 ha-1, no sistema convencional, a 0, 72 L s-1 ha-1, no sistema pré-germinado.


As perdas de água por evapotranspiração que ocorrem nos canais de irrigação, consideradas significativas, principalmente em regiões onde os canais de irrigação apresentam grande extensão, como no sul do RS, podem ser minimizadas através da limpeza dos canais. 

A água perdida por infiltrações laterais é aquela que flui sobre a superfície do solo, ou através de canais e rios, enquanto que o fluxo de percolação move-se usualmente para o lençol freático. Em função de ocorrerem simultaneamente, tais perdas são consideradas de forma conjunta e podem atingir valores entre 2 a 6 mm dia-1, sendo que, em condições desfavoráveis, tais valores podem chegar a 20 mm dia-1.


Eficiência do uso da água

A eficiência do uso da água no sistema de irrigação por submersão do solo depende das características físicas e topográficas, de um adequado planejamento no que diz respeito à locação, construção de drenos e canais de irrigação e de cuidados operacionais. Pode atingir valores da ordem de 50 a 60%.


No RS, considerando que a ET média da lavoura de arroz irrigado anda em torno de 7,2 mm dia-1 e que o consumo de água, historicamente estimado, corresponde, em média, 2,0 L s-1 ha-1 (17,3 mm dia-1), a EI corresponderia a apenas 42%. Em SC, onde predomina o sistema pré-germinado, a EI tem sido comprovadamente maior.


Qualidade da água de irrigação

A importância da qualidade da água para irrigação do arroz está mais diretamente relacionada à salinidade e à toxicidade. A salinidade é avaliada pela condutividade elétrica (CE), em função do que, a água é classificada em: sem restrição ao uso - CE < 0,7 ds m-1 , com restrição ligeira ou moderada - CE variando de 0,7 - 3,0 ds m-1 e com restrição severa - CE >3,0 ds m-1.


A toxicidade decorre da absorção pela planta de certos íons, como o cloro (Cl), o boro (B) e carbonatos. A severidade dos danos depende da concentração, da sensibilidade e da fase de desenvolvimento da cultura. Águas com teores de Cl, e de carbonatos acima de 10 e 8,5 meq L-1, respectivamente, apresentam sérias restrições ao uso para irrigação do arroz. Enquanto para o B estes valores se situam a cima de 2 mg L-1. Águas com teores de NaCl igual ou superiores a 0,25% (2500 ppm), aplicadas a partir do início da fase reprodutiva, podem provocar reduções de produtividade superior a 50%.


Início e término da irrigação e altura da lâmina de água

O início da submersão do solo pode ocorrer até 30 dias após a emergência das plântulas. Este adiamento no início da inundação do solo deve estar associado a um controle eficiente das plantas daninhas, o que normalmente se verifica, por períodos mais longos, quando são utilizados, na lavoura, herbicidas com ação residual mais prolongada. 

A supressão do fornecimento de água pode ser realizada a partir de uma semana até 10 dias após a floração (50%), e a drenagem uma semana mais tarde (duas semanas após a floração). Este procedimento pode concorrer para reduzir problemas relacionados a retirada da produção da lavoura e à degradação do solo.

No sistema pré-germinado a submersão do solo, inicia-se antes da semeadura, em uma área previamente sistematizada e preparada, o que pode ser feito na presença de água ou em condições de solo seco. No renivelamento e alisamento final alaga-se o quadro utilizando-se a água como referência para as operações. Posteriormente, a lâmina de água é elevada até atingir, no máximo, 10 cm de altura, realizando-se, após 20 a 30 dias a semeadura com as sementes pré-germinadas. 

Após a semeadura, a lâmina de água deverá ser retirada em 01 a 03 dias, deixando-se o solo em estado de saturação permanente (solo encharcado) durante 03 a 06 dias. A drenagem mais intensa do solo favorece a germinação e o desenvolvimento de plantas daninhas e, ao mesmo tempo, ocasiona perdas de N por desnitrificação. A reposição da água ocorre em função do desenvolvimento das plantas de arroz.

A altura da lâmina de água deve variar entre 7,5 e 10 cm. Lâminas da água mais altas (>10 cm), aumentam o consumo de água, reduzem o número de perfilhos, as plantas de arroz se tornam mais altas, o que facilita o acamamento, aumentam as perdas de água por percolação e infiltração lateral e requerem maior consuma de água (> 10 mil m3 ha-1, para um período de 90 dias de irrigação).

Na fase reprodutiva das plantas de arroz, independentemente de sistema de cultivo, a altura da lâmina de água pode ser elevada até 15 cm, por um período de 15 a 20 dias, em regiões onde possam ocorrer temperaturas abaixo de 15°C, agindo a água como um termorregulador.


Drenagem da lavoura

A rede que viabiliza a retirada da água da lavoura é tão importante como a rede de distribuição. Deve ser estabelecida quando da realização da rede de irrigação, ou logo após. O canal principal de drenagem deve passar pela parte mais baixa do terreno e seguir as mesmas recomendações para o canal principal de irrigação, visando, entretanto, ao menor volume de escavação. 


Os canais secundários e terciários de drenagem devem ser localizados nos pontos médios, entre os canais secundários de irrigação, com semelhante espaçamento. Durante o inverno a rede de drenagem deve permanecer ativa, o que concorrerá para reduzir problemas de toxicidade por ferro no arroz, além de permitir a emergência de plantas daninhas e controlar pragas do solo. 



domingo, 30 de agosto de 2015

Cultivo do Arroz Pré-germinado e Transplante de Mudas



Sistema Pré-germinado

Define-se sistema pré-germinado como um conjunto de técnicas de cultivo de arroz irrigado adotadas em áreas sistematizadas onde as sementes, previamente germinadas, são lançadas em quadros nivelados e inundados. 


Este sistema é, atualmente, uma alternativa viável para áreas que apresentam problemas de produtividade, principalmente pela alta infestação de arroz vermelho. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul o sistema pré-germinado ocupa respectivamente,100% e 12% da área total de arroz irrigado. 

O sistema pré-germinado apresenta as seguintes vantagens: controle mais eficiente do arroz vermelho, menor dependência do clima para o preparo do solo e semeadura, menor consumo de água para irrigação e permite o planejamento mais efetivo das atividades da lavoura. 

No BRASIL identificam-se algumas dificuldades para a adoção e expansão do sistema: a mão de obra carece de maior capacitação; maior custo inicial para a implantação da lavoura pelo processo de sistematização do solo; em determinadas regiões ocorre ataque de aves e moluscos no período de emergência; falta de domínio no manejo da água e falta de cultivares melhor adaptadas ao sistema pré-germinado.



Implantação do sistema Pré-germinado de arroz irrigado

A implantação do sistema tem como objetivos o controle do arroz vermelho, aumento da produtividade, redução dos custos de produção, e melhoria na qualidade industrial do arroz. 


A sistematização da área é um importante requisito para o sistema, de modo que adota-se quadros fixos, regulares e em geral de pequenas dimensões, separados por taipas permanentes.

Em algumas situações de topografia é viável utilizar as áreas entre taipas em curvas de nível. Outros requisitos importantes para a implantação do sistema devem ser levados em consideração: pré-germinação da semente, controle efetivo da irrigação e drenagem, uso de equipamentos adequados e utilização de sementes isentas de arroz vermelho. 

Sistematização do solo

Para implantar o sistema pré-germinado é importante que as áreas estejam sistematizadas. A sistematização consiste no nivelamento do solo com adequação dos sistemas de irrigação, drenagem e viário. Recomenda-se sistematizar em nível (cota zero) ou próximo de zero (0,02 cm) o que facilita a drenagem para a colheita do arroz e para o caso de estabelecer-se um plano de rotação de culturas nesta área. O projeto de sistematização deve incluir: taipas permanentes, tamanho e forma adequada dos quadros, com irrigação e drenagem independentes.


Preparo do solo

Recomenda-se que o preparo do solo seja sempre feito em condições de solo seco. A água pode ser utilizada nos procedimentos de acabamento da superfície do solo. Na entressafra a área deve ser mantida o mais drenada possível.

Adubação

Após a análise do solo, a aplicação de fósforo e potássio deve ser feita por ocasião do preparo do solo. A adubação nitrogenada deve obedecer a recomendação da pesquisa, sendo que é indicado aplicar metade da dose no início do perfilhamento e a outra metade um pouco antes da diferenciação floral. Entretanto, recomenda-se observar as condições climáticas e o desenvolvimento vegetativo da cultura para a aplicação do nitrogênio.

Cultivares

A escolha da variedade para semeadura deve basear-se em características consideradas essenciais: ciclo, qualidade da semente, adaptação ao manejo do sistema, resistência à brusone, resistência à toxidez por ferro e resistência ao acamamento.

Época de semeadura e densidade de sementes

A melhor época de semeadura para arroz irrigado no Rio Grande do Sul compreende o período de 21 de setembro a 10 de dezembro, dependendo da região e do ciclo da variedade. Como parâmetro geral recomenda-se 150 Kg ha-1 de sementes viáveis (corrigir a % de germinação para 100%) para semeaduras até final de outubro e 125 Kg ha-1 para semeaduras a partir de novembro. Para variedades pouco perfilhadoras recomenda-se 200 Kg ha-1.

Pré-germinação das sementes

Hidratação: imersão das sementes (25 a 30 Kg) em água por 24 horas acondicionadas em embalagens de polipropileno trançado.


Incubação: após a hidratação as sementes são colocadas à sombra por 24 a 36 horas, dependendo da temperatura do ar. As sementes devem ser umedecidas sempre que for necessário. O coleóptilo e radícula deverão atingir de 2 a 3 mm para o momento adequado da semeadura.

Semeadura

A semeadura é realizada em solo com lâmina de água de 5 a 10 cm, sendo recomendável que seja feita no período do dia em que o vento seja mínimo e que a água dos quadros esteja limpa. No RS, em função do tamanho da lavoura, esta operação pode ser feita manualmente ou através de semeadoras a lanço e aviões agrícolas.

Manejo da água de irrigação

Em áreas infestadas de arroz vermelho recomenda-se, após o preparo do solo, deixar uma lâmina de água (10 cm) durante 20 a 30 dias antes da semeadura. Um a dois dias após a semeadura é recomendável a drenagem da área, tendo-se o cuidado de não deixar água acumulada, pois isto favorece possíveis danos causados por moluscos, insetos aquáticos e aves. O solo deve permanecer sempre saturado ou encharcado para favorecer o desenvolvimento da planta. A medida que as plântulas forem desenvolvendo-se deve-se retornar gradativamente a lâmina de água, mantendo-a de 5 a 10 cm até próximo da colheita.

Manejo de Plantas Daninhas

O controle de plantas daninhas neste sistema pode ser realizado pela utilização de herbicidas após a semeadura, em solo drenado (pulverizada) ou diretamente na água de irrigação (benzedura ou pulverização). Em "solo drenado" a água é retirada ao redor de 15 dias após a semeadura e pulveriza-se os herbicidas nas plantas daninhas em solo seco. Neste caso recomenda-se inundar o quadro respeitando o mecanismo de ação dos agroquímicos. É importante observar que este método apresenta maior consumo de água e necessita agilidade na irrigação. 

Em "benzedura" há a possibilidade de aplicação de herbicidas em qualquer condição de tempo, além disso, é utilizada menor quantidade de água com esta prática. Neste caso aplica-se o herbicida diretamente na água de irrigação quando as plantas daninhas estiverem com duas a três folhas, o que normalmente ocorre de 10 a 15 dias após a semeadura. Recomenda-se que durante o período de ação dos herbicidas a água de irrigação deve permanecer estagnada (sem retirada da área), proporcionando vantagens ao meio ambiente. 

A relação dos herbicidas recomendados, formulação, concentração, dose e época de aplicação constam na publicação " Arroz Irrigado: Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil (2003)".


Pragas

Bicheira-da-raiz: as larvas do gorgulho aquático (Oryzophagus oryzae) danificam o sistema radicular. As plantas apresentam crescimento reduzido, coloração amarelada e secamento do ápice das folhas. Os adultos podem danificar, na semente, a estrutura denominada mesocótilo, responsável pela formação da plântula de arroz. Os adultos são encontrados em seguida da irrigação, e as larvas 10 dias após. Para controle são utilizados inseticidas a base de Carbofuran e Benfucarbe. O nome comercial, formulação, concentração e dose dos produtos recomendados constam na publicação " Arroz Irrigado: Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil (2003)". 


Moluscos: o caramujo (Pomacea canaliculata) tem causado danos severos ao cultivo do arroz no sistema pré-germinado. Recomenda-se observar sua presença a partir da semeadura. Não existem produtos registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento para o seu controle na cultura do arroz irrigado. Indica-se, como alternativas de controle os seguintes métodos: limpeza e drenagem dos canais de irrigação; coleta e destruição de posturas e caramujos nos locais de entrada de água; colocação de telas nos canais de irrigação; drenagem dos quadros para facilitar o ataque de predadores e implantação de poleiros nas áreas de arroz para facilitar a sua captura pelo gavião caramujeiro.


Sistema de Transplante de Mudas




O transplante de mudas é um sistema de semeadura indireta onde as plantas crescem inicialmente em um viveiro de mudas (fase de produção de mudas) e posteriormente são plantadas em local definitivo (fase de transplantio), sendo sua principal vantagem permitir a produção de sementes geneticamente puras. A operação de transplante é feita quando as mudas atingem de 13 a 15 cm. A área sistematizada é drenada pouco antes da operação de transplante, mantendo o solo saturado por 2 a 3 dias. A partir deste momento as práticas culturais, como o manejo do solo, da cultura e da água e o controle de plantas daninhas, pragas e doenças são semelhantes as usadas no sistema pré-germinado.

FONTE: EMBRAPA

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Cultivo Convencional de Arroz Irrigado




O sistema convencional ou tradicional de cultivo é utilizado, hoje, em toda área cultivada com arroz irrigado no PR, em cerca de 45% da área cultivada no RS e de apenas 5% da área utilizada com a cultura em SC. É um sistema bastante conhecido e, de maneira geral, envolve os preparos primário e secundário do solo, a semeadura do arroz a lanço ou em linha, com semeadoras convencionais, ou com as utilizadas em plantio direto (devidamente reguladas), e o estabelecimento de lâmina de água sobre o solo, 20 a 35 dias após a emergência das plântulas.



Em geral, as atividades de preparo convencional de solo têm início no verão/outono anterior à semeadura da lavoura. A primeira atividade consiste no desmanche das taipas, normalmente realizado com a própria entaipadeira, invertendo-se o sentido de trabalho dos discos, ou, na ausência desta, com grades, arados e/ou lâminas frontais.

O preparo primário consiste em operações que visam principalmente à eliminação e/ou enterrio da cobertura vegetal, normalmente realizadas com arados de disco ou de aiveca e grade aradora. 

O arado de discos trabalha o solo a uma profundidade em torno de 20 a 25 cm. Em solos com grande quantidade de palha, o arado de aiveca faz melhor trabalho de incorporação do que o de disco. 

Uma das principais vantagens do arado de aivecas, em relação aos demais, é a capacidade de inversão das leivas proporcionada pelas aivecas além de melhor preservar os agregados do solo. Esse implemento consegue penetrar no solo a maiores profundidades (20-40cm), rompendo camadas compactadas a profundidades maiores. Seu uso não é indicado, contudo, quando o teor de argila ultrapassa 30%. Alem disto, a superfície do solo fica livre de vegetais, aumentando, desta forma, o risco de erosão, e a sua regulagem é mais difícil do que a do arado de disco. 

A grade pesada, também conhecida como aradora, é um implemento muito utilizado no preparo de solo, na maioria das regiões brasileiras. Em função dos discos jogarem o solo trabalhado em direções opostas há uma tendênci a de pulverização dos solos, promovendo sua desagregação em intensidade superior à dos arados em geral. A grade pesada apresenta alto rendimento de trabalho, pois realiza, em uma mesma operação, a lavração e a gradagem. Onde existe grande quantidade de massa vegetal (restos de culturas e plantas invasoras), esta grade também trabalha bem, pois pica esse material, mas a incorporação é mais superficial do que a realizada com arados. Em geral trabalha ao redor de 10 a 12 cm de profundidade, não conseguindo romper as camadas compactadas e provoca a formação do "pé-de-grade" logo abaixo da profundidade de corte. Essa camada compactada, por sua vez, acarreta uma série de conseqüências indesejáveis, principalmente quando se objetiva implantar culturas de sequeiro na seqüência ao arroz irrigado.

O preparo secundário do solo pode ser definido como o conjunto das operações superficiais subseqüentes ao preparo primário, que visam, por exemplo, ao nivelamento do terreno, a seu destorroamento, à incorporação de herbicidas e à eliminação de plantas daninhas no início de seu desenvolvimento, e propiciam a fácil colocação da semente no solo, assim como a sua cobertura com terra, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento inicial das plântulas.

Em geral, as grades de discos e de dentes são os implementos mais utilizados no preparo secundário do solo. São geralmente utilizadas após a aração, com o objetivo de destorroar, nivelar e adensar o solo. 

Outra etapa do preparo secundário do solo para a cultura do arroz irrigado é a sistematização do solo, que pode ser definida, como o processo de adequação da superfície natural do terreno, de forma a transformá-la numa superfície plana ou numa superfície curva. A superfície plana pode ser construída com ou sem declive, conforme o objetivo e as conveniências específicas. 

O ato de sistematizar, geralmente realizado com lâminas niveladoras, escrapers, etc, muitas vezes contribui para a compactação do solo e diminui o número de passadas de grade para o destorroamento final do solo. Dessa forma, terminadas as atividades de sistematização do solo, no outono anterior à fase de implantação da cultura, complementadas com as drenagens necessárias para eliminar a água que possa se acumular na superfície, o solo não permanecerá encharcado durante o inverno, o que permitirá a finalização de seu preparo mais cedo na primavera e a semeadura na época mais indicada. Em geral, este preparo final é realizado com grades niveladoras.

A enxada rotativa é um equipamento destinado a realizar, em uma só operação, a lavração e a gradagem. A alta rotação das enxadas provoca fortes impactos contra o solo, desintegrando quase totalmente os agregados de maior tamanho, tornando-os instáveis e sujeitos aos processos erosivos, determinando que não se recomende o uso contínuo desse implemento numa mesma área.

A enxada rotativa é de grande utilidade quando se pretende incorporar restos de culturas e plantas daninhas, e na fase final de preparo de solo, visando a melhorar a qualidade da aração. Também pode ser usada visando à implantação da cultura em áreas anteriormente bem preparadas. Como desvantagens, aponta-se que a enxada rotativa causa um alto grau de pulverização do solo e seu rendimento de trabalho é muito baixo, requerendo maior potência do trator e alto consumo de combustível.




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Plantio Direto e Cultivo Mínimo em Arroz Irrigado



A adoção dos sistemas plantio direto (PD) e cultivo mínimo (CM) na cultura do arroz irrigado na Região Subtropical do Brasil, teve como objetivo inicial o controle do arroz-vermelho, de modo que nem todos os princípios básicos dos sistemas são praticados em sua plenitude. Nas variantes mais utilizadas no arroz irrigado, PD, com preparo de solo no verão, e CM, com preparo do solo no inverno-primavera, ocorre um revolvimento reduzido do solo, antecipado à semeadura da cultura. Do mesmo modo, a rotação de culturas é uma prática ainda pouca adotada em solos de várzea.


Na atualidade, a utilização dos sistemas PD e CM, além de minimizar o problema do arroz-vermelho, vem proporcionando outros benefícios à orizicultura, cujos resultados têm contribuído para que a área cultivada com os mencionados sistemas, venha aumentando, ocupando na safra 2000/01, em torno de 44% da área cultivada com arroz irrigado no RS, que foi de aproximadamente 963 mil ha.



Implantação dos sistemas PD e CM em arroz irrigado

A diversidade de condições de solo e clima em que o arroz irrigado é cultivado não permite que se tenha uma recomendação ajustada às diferentes situações. Todavia, dentro de cada variante do sistema PD (PD propriamente dito e o CM), existe uma seqüência de passos que normalmente são seguidos, independentemente da situação.

Preparo do solo

No PD, o preparo do solo é realizado nos meses de janeiro a março (preparo de verão) e, normalmente, compreende uma aração, duas gradagens e aplainamento. Não existe a necessidade de desmanchar por completo os torrões, pois, como a semeadura do arroz é realizada após alguns meses, esta tarefa é completada pelas chuvas de inverno. No CM, as operações de preparo do solo são semelhantes às realizadas no PD, diferindo apenas na época de realização, visto que estas ocorrem do final do inverno ao início da primavera, de 60 a 45 dias antes da semeadura.


O preparo do solo antecipado, tanto no CM, como no PD, visa corrigir pequenas imperfeições de microrrelevo, preparar a superfície do solo para receber as sementes de arroz e, principalmente, estimular a germinação e emergência de sementes de plantas daninhas, como as de arroz-vermelho preto, num período em que estas não possam concorrer com a cultura do arroz. 

Quando o arroz irrigado é cultivado no sistema PD, em rotação com culturas como o milho e a soja, prática já utilizada em algumas áreas de várzea do RS, o preparo do solo vem sendo dispensado. Desta forma, o sistema PD utilizado em áreas de várzea se assemelha àquele praticado em solos altos.

Entaipamento das lavoura
Após o preparo do solo, é conveniente que se faça o entaipamento prévio com taipas de perfil suave, base larga (2,8 m), e menor altura (0,3 a 0,4 m) do que as taipas convencionais. Este procedimento não prejudica as demais práticas culturais, pois as taipas, se bem construídas, suportam o trânsito de máquinas e implementos. Além disso, as semeadoras modernas possuem rodado articulado que permitem semeaduras uniformes também sobre as taipas.
Formação da cobertura vegetal
No PD, após o preparo do solo é aconselhável a implantação de uma forrageira de inverno, sendo o azevém a mais utilizada. Outras espécies, como aveia preta, trevo persa, trevo branco e lotus "El rincon", vêm apresentando desempenho promissor. Quando não houver interesse, ou possibilidade, de uma exploração mais racional da pecuária, a cobertura vegetal poderá ser composta pelas plantas que se estabelecerem naturalmente após o preparo do solo. 


No CM a cobertura é formada pela flora de sucessão que se estabelece após o preparo do solo, predominando, normalmente, arroz-daninho e o capim-arroz. Para solos de várzea, 2 a 3 toneladas de matéria seca são suficientes para que se tenha uma adequada cobertura para implantação, tanto do CM, como do PD. Quantidades maiores, além de dificultarem a evaporação da água do solo, podem produzir ácidos orgânicos em níveis tóxicos ao arroz. 
Na dessecação da cobertura vegetal devem ser empregados, basicamente, herbicidas sistêmicos de ação total. Por não serem seletivos, atuam em plantas anuais ou perenes, e em folhas largas e estreitas. Como não possuem atividade no solo, possibilitam, após a aplicação, a semeadura de qualquer cultura na área tratada. Para que haja uma absorção suficiente dos produtos, a relação entre parte aérea e sistema radicular das plantas deve ser de pelo menos 1:1.

Os herbicidas dessecantes de ação total mais utilizados são o glifosate e o sulfosate. Para plantas anuais são utilizadas dosagens de 2 a 4 L ha-1, enquanto que para plantas perenes deve-se usar uma dose maior, entre 4 e 6 L ha-1. Essas variações de doses estão relacionadas, principalmente, ao tipo de planta daninha, às condições nas quais estas se encontram e ao teor de umidade do solo. 

A experiência adquirida pelos orizicultores com a adoção dos sistemas PD e CM, vem possibilitando a redução das doses de herbicidas empregadas no manejo da cobertura, em decorrência, principalmente, da associação destes com o final do ciclo da espécie utilizada, ou com o manejo mecânico.

Drenagem e irrigação
O sistema de drenagem pode ser formado por uma série de drenos superficiais estreitos, de 8 - 12 cm, utilizando-se valetadeiras especiais, que desembocam em drenos secundários maiores, os quais são ligados a drenos principais. Em função de suas dimensões em largura, os drenos secundários, não dificultam o trânsito de máquinas, podendo, portanto, ser construídos próximos, quando necessário. Condições de drenagem deficientes, no inverno, favorecem a presença de gramas boiadeiras que, após estabelecidas, são de difícil controle no PD e CM.


A irrigação do arroz nos sistemas PD e CM assemelha-se àquela utilizada no sistema convencional de cultivo. Todavia, determinados produtores vêm antecipando a época de início do alagamento do solo, pretendendo, com isso, utilizar a água como uma barreira física para o controle de plantas daninhas.

Adubação do arroz irrigado - peculiaridades
A adubação da cultura do arroz irrigado, nos sistemas PD e CM, de modo geral, segue as mesmas recomendações utilizadas para o sistema convencional. Todavia, no PD, quando for cultivada uma pastagem de inverno, a adubação deve ser realizada visando suprir as necessidade desta cultura, de modo que o arroz se beneficiaria do efeito residual, principalmente no que se refere a fósforo e potássio. Neste caso, a adubação para o arroz poderia ser restringida à adubação nitrogenada de cobertura, eliminando-se problemas de redução do estande de plantas, uma vez que não seria realizada a adubação de pré-plantio. Maiores detalhes encontram-se em "Manejo da adubação mineral e da calagem para o arroz irrigado".
Semeadura da cultura do arroz irrigado
O estabelecimento de um estande adequado de plantas é importante para a obtenção de altos rendimentos. Na realidade, as plantas de arroz, notadamente, as cultivares do tipo moderno, apresentam alta capacidade de perfilhamento, podendo compensar um menor número de plantas por área, através da emissão de um maior número de perfilhos. Por outro lado, uma alta população de plantas não garante altos rendimentos, pois nesta condição, embora o número de panículas possa ser maior, estas são constituídas por um número menor de espiguetas, com menor peso de grãos.


De modo geral, a densidade de semeadura e o espaçamento entre linhas, nos sistemas PD e CM, devem ser semelhantes aqueles considerados para o sistema convencional de cultivo de arroz. São necessárias uma quantidade de 200 a 300 plantas de arroz m-2, uniformemente distribuídas. Deve-se considerar que existe uma série de variáveis que podem influir sobre a germinação das sementes, tais como clima, solo, cobertura vegetal e cultivar, o que torna difícil uma recomendação genérica em termos de densidade.

Controle de plantas daninhas - peculiaridades
No sistema PD, existe uma tendência de redução na população das plantas daninhas anuais e um aumento das perenes, que apresentam uma dificuldade maior de controle. Um grupo de plantas perenes, denominadas genericamente de gramas boiadeiras, tem limitado, em alguns casos, a expansão deste sistema devido à dificuldade de controle.


Em áreas altamente infestadas, deve-se realizar o preparo de verão de forma superficial, com a finalidade de seccionar raízes e estolões das gramas boiadeiras, e promover a desidratação destes através da exposição ao sol. Após o preparo, deve-se implantar uma cobertura vegetal, mantendo-se a área bem drenada durante o inverno. 

Em áreas onde a infestação é baixa, deve-se realizar um preparo mínimo superficial do solo, 60 a 45 dias antes da semeadura do arroz, objetivando, em decorrência do corte dos estolões, estimular a emissão de novas folhas, aumentando a relação entre a parte aérea e o sistema radicular, o que facilita a absorção e a atuação do dessecante na planta. Maiores detalhes sobre este assunto encontram-se em "Manejo de plantas daninhas em arroz irrigado".


Vantagens do PD e CM para o arroz irrigado

AEm termos econômicos, destaca-se a redução nos custos de produção, principalmente. O tempo de máquina necessário, por exemplo, para a execução das atividades do preparo do solo à colheita, no sistema convencional, situa-se em torno de 9,8 horas ha-1, enquanto que no PD e no CM, fica em torno de 5,2 horas ha-1, para trator de 100 HP.


No sistema PD pode ocorrer uma melhor integração entre a agricultura e a pecuária, uma vez que a pecuária pode ser conduzida sobre uma pastagem de melhor qualidade, durante os meses críticos do ano em termos alimentares. Ademais, a permanência dos animais por maior tempo na pastagem, resulta em maiores retornos econômicos. 

A redução de tráfego de máquinas e implementos agrícolas, a menor mobilização do solo, a inclusão de rotação de culturas e o uso de espécies vegetais para a formação de cobertura morta, aspectos inerentes à adoção dos sistemas PD e CM, são todos fatores que agem diretamente sobre a recuperação e conservação da estrutura e da fertilidade do solo, concorrendo para melhorar sua qualidade. Além do que, os sistemas PD e CM possibilitam um melhor manejo de água e semeadura em época mais adequada.


Limitações à expansão dos PD e CM em arroz irrigado

As limitações para ampliação da área de cultivo de arroz, com os sistemas PD e CM, relacionam-se ao elevado índice de arrendamento da terra (65% dos produtores são arrendatários no RS), investimento inicial elevado; dificuldades no controle de plantas daninhas (gramas perenes); dificuldades no estabelecimento de rotação de culturas; problemas de drenagem, colocação de adubo junto a sementes, entre outras.


Em função das limitações apresentadas são sugeridas algumas alternativas, como alterações nas relações de produção; estabelecimento de sistemas de drenagem eficientes; viabilização da rotação de culturas; terceirização ou associativismo; adaptação de semeadoras convencionais (kits especiais); integração orizicultores/ pecuaristas; ampliação do nível de capacitação de técnicos, produtores e pessoal de campo, sobre os sistemas.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Produção de Sementes de Arroz




A utilização de sistemas de produção de sementes, com padrões de lavoura bem definidos, retrata o nível tecnológico de um povo. Assim, um quilograma de semente genética poderá chegar a milhares de toneladas de sementes comerciais autênticas, se nas gerações subsequentes foram observados os padrões pré-estabelecidos.

Cuidados na produção de sementes

O estabelecimento de campos de produção de sementes requer, além de um planejamento criterioso, alguns cuidados especiais e imprescindíveis.
Origem da semente
A semente a ser utilizada deverá ser : de origem e classe conhecida; de alta pureza genética; de alta qualidade sanitária (livre de doenças); com boa qualidade fisiológica (germinação e vigor); livre de sementes de plantas daninhas; livre de sementes de outras espécies e material inerte.
Escolha do campo
O produtor necessita conhecer o histórico do campo em que irá trabalhar, pois alguns fatores podem interferir na qualidade final do produto.


Entre esses fatores temos os seguintes: 

- Cultivo anterior: o campo não deve ter sido cultivado com a mesma espécie no ano anterior ou nos anos anteriores, conforme a cultivar escolhida. Desta forma evita-se contaminação varietal. 

- Espécies silvestres: o conhecimento das plantas daninhas predominantes no campo é importante, pois é mais fácil produzir em áreas livres de invasoras do que em áreas onde há presença de plantas que dão origem a sementes silvestres nocivas toleradas ou proibidas.

Sementes
É obrigatório utilizar sementes básicas ou sementes certificadas. Estas devem ser adquiridas junto a instituições públicas ou de particulares idôneos, em embalagens fechadas contendo informações sobre a qualidade das sementes.
Semeadura
a - Época de semeadura: no Rio Grande do Sul a época de semeadura recomendada é de 15 de outubro a 15 de novembro, podendo em algumas regiões (fronteira oeste e litoral norte) ser antecipada por alguns dias.

b - Densidade de semeadura: recomenda-se para cultivares que emitam perfilhos, 125 kg/ha de sementes viáveis. Para cultivares que emitam poucos perfilhos a quantidade de semente deve ser aumentada.

c - Preparo do solo:o solo no plantio convencional deve ser bem preparado para que as sementes tenham profundidade de semeadura, emergência e estande uniformes.


No sistema de plantio direto e cultivo mínimo, o solo é mais frio que no convencional, sendo necessário aumentar um pouco a densidade de semeadura.

Outros sistemas utilizados para produção de sementes são o pré-germinado e o de transplante de mudas (ver capítulo Sistemas de Cultivo do Arroz Irrigado).

Manejo da cultura
A adubação, tratos culturais, irrigação e manejo da cultura seguem a mesma orientação que para uma lavoura de produção comercial.
Solamento

É muito importante evitar as possibilidades de contaminação genética através da polinização cruzada.


O isolamento dos campos de produção de sementes pode ser realizado através de:


a - Espaço: para cultivares de arroz irrigado o isolamento físico é, no mínimo, 3 metros para cultivo em linha e de 15 metros para cultivo à lanço, tanto no plantio como na colheita.


No que se refere a produção de sementes de híbrido de arroz, muito pouco se conhece a respeito do isolamento a ser utilizado.

b - Época de semeadura: esse tipo de isolamento pode ser utilizado de maneira que o florescimento de cada variedade ocorra em épocas diferentes. Para arroz uma defasagem de 20 dias é suficiente, desde que não exista diferença de ciclo entre as cultivares.
c - Barreiras: a distância mínima de isolamento pode ser reduzida se forem feitas semeaduras de bordaduras, que irão se constituir em barreiras vegetais.
Descontaminação
É a limpeza total e sistemática de um campo de produção de sementes, através da remoção de plantas indesejáveis.
A descontaminação deve ser realizada para retirar:
- Plantas atípicas: são plantas da mesma espécie, mas que destoam desta por uma ou mais características, tais como: tipo de planta, ramificações, hastes ou folhas pilosas, cor, forma, tamanho etc.
Estas plantas devem ser eliminadas dos campos de produção de sementes em qualquer época do seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
- Plantas liberadoras de pólem: são todas aquelas plantas indesejáveis da mesma espécie que possam polinizar através do cruzamento natural.
- Plantas daninhas: são aquelas plantas que são difíceis de controlar pelas práticas culturais ou através de utilização de herbicidas.
-Sementes inseparáveis: são aquelas consideradas de difícil separação por meio de equipamentos mecânicos.
Inspeções em campo de produção
Uma forma de realizar a descontaminação de campos de produção de sementes é através de inspeções criteriosas das lavouras.
O número de inspeções, para cada cultura, representam o mínimo aceitável, entretanto, inspeções adicionais poderão ser executadas.
Os períodos de inspeção devem ser realizados nas seguintes fases de desenvolvimento da cultura:
- Período de pré-floração: compreende todo o período de desenvolvimento vegetativo que precede ao florescimento das plantas.
- Período de floração: este período é caracterizado pela fase em que as flores estão abertas, o estigma receptivo e a antera liberando pólem.
- Período de Pós-floração: neste período a receptividade do estigma e a liberação do grão de pólem das anteras terão cessado. O óvulo já deverá estar fertilizado e desenvolvendo-se em semente.
- Período de Pré-colheita: nesta fase a semente se torna mais dura e alcança a maturação fisiológica. Este é o período mais importante para a descontaminação, pois vários tipos de plantas indesejáveis e misturas varietais podem ser identificadas facilmente.
-Período de colheita: nesta fase a semente esta fisiológicamente madura e suficientemente seca, permitindo uma colheita fácil e segura, ou então fisiológicamente madura e úmida, podendo no entanto ser colhida e secada artificialmente para armazenamento.

Colheita

Dentro de um sistema de produção de sementes de arroz a colheita é uma das últimas operações antes da comercialização. (Ver capítulo Colheita do Arroz Irrigado).

Pós-Colheita

Apesar dos bons resultados já obtidos pela pesquisa, a fase de pós-colheita carece de informações tecnológicas e operacionais.
Basicamente, após a colheita a semente de arroz passa por uma pré-limpeza, secagem, limpeza, separação densimétrica (mesa de gravidade) e por uma operação de acabamento ((trieur).(Ver capítulo Pós-colheita e Industrialização do arroz irrigado).

Padrão de lavoura para sementes no Estado do Rio Grande do Sul

A lavoura para ser aprovada como semente, no Rio Grande do Sul, deverá satisfazer o seguinte padrão:
Fatores
Tolerância
Básica
Registrada
Certificada
Fiscalizada
PLANTAS CULTIVADAS (%):
- Outras espécies
zero
zero
zero
*
- Outras cultivares
0,01
0,02
0,03
0,05
ARROZ VERMELHO
zero
zero
zero
zero
ARROZ PRETO
zero
zero
zero
zero
PLANTAS SILVESTRES E NOCIVAS TOLERADAS**
*
*
*
*
PLANTAS NOCIVAS PROIBIDAS
zero
zero
zero
zero
(*) A ocorrência no campo deve ser mínima

Observação - O número de plantas a examinar durante a inspeção ou vistoria para o fator "Outras cultivares" será dividido em 6 sub-amostras, cada uma com o seguinte número mínimo de plantas, em função do nível de tolerância, por classe:
Semente Básica
Semente Registrada
Semente Certificada
Semente Fiscalizada
5.000
2.500
1.700
1.000
Padrão de semente de arroz para o Estado do Rio Grande do Sul
Fatores
Tolerância
Básica
Registrada
Certificada
Fiscalizada
GERMINAÇÃO MÍNIMA (%)
70
80
80
80
PUREZA MÍNIMA (%)
99
99
99
99
ARROZ SEM CASCA* (nº máximo em 100g):
25
25
25
30
OUTRAS SEMENTES (nº máximo em 100g)
- Outras espécies cultivadas
- Sementes silvestres
1
zero
2
zero
3
zero
6
1
SEMENTES ATÍPICAS**
(nº máximo em 100g)
5
10
10
20
OUTRAS CULTIVARES*** (nº máximo em 100g)
5
10
10
20
SEMENTES NOCIVAS TOLERADAS**** (nº máximo em 500g):
- Arroz vermelho
- Outras espécies
zero
zero
zero
zero
zero
1
2
1
SEMENTES NOCIVAS PROIBIDAS**** (n° máximo em 500g)
zero
zero
zero
zero
(*) Exibido somente para o comércio interestadual
(**) Sementes com pilosidade, em amostras de cultivares glabras e vice-versa
(***) Sementes com caracteres distintos da cultivar em análise, que possam ser reconhecidos pelo exame visual, com base nos descritores referentes pela entidade que melhorou ou lançou a cultivar.

Observação a cultivar Bluebelle, no fator "outras cultivares", tem a tolerância ampliada para 15/100g, na produção de SEMENTE FISCALIZADA, atendendo o seguinte desdobramento:

Sementes de cultivares
tipo "PATNA"
Sementes de outras
cultivares
Total
15
0
15
14
1
15
13
2
15
12
3
15
11
4
15
10
5
15
09
6
15

FONTE: EMBRAPA


Produção de Semente Básica de arroz




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